O genocídio dos indígenas yanomami

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Por Roberto Kuppê (*)

As imagens aterrorizantes de indígenas yanomami correram o Mundo. Mais uma obra do mito Jair Bolsonaro, que além de contribuir com a morte de mais de 700 mil brasileiros por Covid, promoveu uma tentativa da extinção daquele povo indígena em Roraima, através da autorização do garimpo ilegal.

O que aconteceu naquela terra indígena é crime, é de fato, genocídio. O pior de tudo é que, além de autorizar, Bolsonaro foi pessoalmente ao garimpo ilegal, confraternizar com os garimpeiros criminosos. E, pasmem, senhores, em companha do senador e pastor evangélico Magno Malta (PL-ES), que se diz defensor das crianças.

Mais de 570 crianças yanomamis mortas. Boa parte delas morreu de fome, no mesmo estado onde Bolsonaro gastou 104 mil reais no cartão corporativo, em um restaurante popular, em um único dia. Todas morreram de causas evitáveis. Pelo menos 21 pedidos de ajuda foram enviados ao então governo Bolsonaro que ignorou. E o governador do estado de Roraima que é bolsonarista, foi reeleito.

Pode ser uma imagem de 2 pessoas, pessoas em pé e texto que diz "Veto de Bolsonaro a lei de proteção a indígenas foi pedido de Damares Ana Paula Ramos 11 de setembro de 2020 11:13 Ministra de Direitos Humanos, Damares Alves, alegou que indígenas não foram ouvidos (Photo by Ernesto Carriço/NurPhoto via Getty mages)"A assistência aos indígenas era obrigação do Governo, através do ministério da Damares (Direitos Humanos). Olha o que fizeram com essas crianças. Olha o que fizeram com o Brasil. Onde estão os cristãos cidadãos de bem da família tradicional brasileira gospel pró-vida? Sumiram todos por quê? Enquanto Damares fantasiava situações imaginárias, ela deixava centenas de crianças indígenas morrerem sem assistência alguma.

Essa mulher precisa ser responsabilizada criminalmente, junto com seu mandante, que está foragido nos EUA. Ambos precisam responder por esse genocídio. Isso aqui não vai ficar assim não. Iremos brigar por justiça até o último dia de nossas vidas.

Quando Lula soube através da ministra Sônia Guajajara, do Ministério dos Povos Originários, não pensou duas vezes e foi conferir in loco a situação que se mostrou mais grave do que os relatos. Lula ficou demasiado sensibilizado pelo que viu. Imediatamente decretou urgência urgentíssima que o caso requer. A solução dos problemas é para ontem, devido a gravidade.

Lula disse que a situação dos povos yanomamis, é desumana. Lula viu de perto a crise sanitária que atinge os indígenas, vítimas de desnutrição e outras doenças, como malária e pneumonia.A situação já levou à morte 570 crianças nos últimos anos, sendo que 505 tinham menos de 1 ano. No ano de 2022, foram registrados 11.530 casos confirmados de malária na terra Yanomami.

“Se alguém me contasse que aqui em Roraima tinham pessoas sendo tratadas da forma desumana como o povo yanomami é tratado aqui, eu não acreditaria”, disse. “Nós vamos tratar os nossos indígenas como seres humanos, responsáveis por parte daquilo que nós somos”, destacou.

Lula visitou o hospital e a Casa de Apoio à Saúde Indígena, em Boas Vista, e argumentou que as melhorias podem acontecer a partir de mudanças de comportamento. “Uma das formas de resolver isso é montar o plantão da saúde nas aldeias, para cuidar deles lá. Fica mais fácil a gente transportar dez médicos do que 200 indígenas que estão aqui”, disse. “Nós queremos mostrar que o SUS [Sistema Único de Saúde] é capaz de fazer um trabalho que honra e orgulha o povo brasileiro como fez na [pandemia de] covid-19”, completou.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva visita o hospital indígena e a Casa de Apoio à Saúde Indígena em Boa Vista, capital de Roraima
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva visita o hospital indígena e a Casa de Apoio à Saúde Indígena em Boa Vista, capital de Roraima – Ricardo Stuckert/Palácio do Planalto

Hoje, cerca de 700 indígenas estão sendo atendidos na casa de apoio, a maioria crianças com desnutrição grave.

Umas das ações prioritárias, para o presidente, é organizar a rede logística para o transporte de suprimentos e das pessoas entre as aldeias e a cidade, como a melhoria de pistas de pouso de aeronaves em regiões mais próximas às comunidades. “Não pode ser feito em poucas horas, mas meu compromisso é de fazer”, disse Lula.

Cerca de 200 indígenas que estão na casa de apoio em Boa Vista já tiveram alta, mas não puderam retornar ainda por falta de transporte. “Fiz o compromisso com os irmãos [indígenas] que vamos dar a eles a dignidade que eles merecem na saúde, na educação, na alimentação, no direito de ir e vir para fazer as coisas que eles necessitam na cidade”, completou Lula.

O presidente criticou ainda o governo anterior por permitir que a situação se agravasse. “Sinceramente, o presidente que deixou a presidência esses dias, se ao invés de fazer tanta motociata, tivesse vergonha e viesse aqui uma vez, quem sabe esse povo não tivesse abandonado como está”, argumentou.

Com informações da Agência Brasil

(*) Roberto Kuppê é jornalista e articulista político