Confúcio lamenta descontinuidade do Banco do Povo de Rondônia: “exclusão maciça de créditos para pobres”

0
183

O senador Confúcio Moura criticou, em podcast (ouça aqui), o abandono a programas de crédito para microempreendedores e o desperdício de investimentos, “mesmo o Brasil sendo um País rico”.

Segundo ele, essa situação ocorre em Rondônia, em prejuízo de uma enorme massa de desempregados. Citou o Banco do Povo entre os prejudicados e cobrou a definição de uma política de estado que resgate a solidariedade.

Embora não mencionasse o nome do governador Marcos Rocha, tratou o assunto em tom enérgico: “Falo isso, porque, cada prefeito e cada governador, ou mesmo presidente que assume o poder, o que mais faz é dizer que o outro não valeu nada”, lamentou.

“Existem obras inacabadas e inoperantes, e lamentavelmente tudo é paralisado; a descontinuidade se dá a serviços montados e funcionando, vemos isso desde o governo central até à prefeitura”, indignou-se.

Para o senador, pode-se deduzir que cada presidente, governador, ou prefeito que assume o poder, “está descobrindo o Brasil naquela hora”: “Até parece que é o salvador da Pátria ao pensar ou dizer: eu sou o cara, daqui para a frente vai melhorar, e tudo pra trás não valeu nada”.

O senador demonstra que o crédito solidário pode funcionar melhor no Brasil: “O empréstimo feito para pessoas pobres, pequenos empreendedores informais, mães de família com filhos para criar, atende a todos que necessitam de algum dinheiro para produzir bolos, salgados e doces para vender nas ruas”. “Assim, uma oficina mecânica, o feirante, a cabeleireira, a manicure, o pedreiro e o carpinteiro que precisam de pouco dinheiro para adquirir equipamentos e não o encontram no banco tradicional que não o empresta, mesmo a pessoa sendo empreendedora, tendo  morada fixa e sendo honesta”, lamentou.

ENCANGANDO O GRILO

Lembrou Confúcio que os grandes bancos exigem cadastro e garantias, algo que esses pequenos não dispõem. “A garantia do pobre é a vergonha na cara e o seu cadastro é o vizinho”, explicou.

O senador acredita que no atual momento de crise econômica, os governos precisam emprestar dinheiro para os desempregados que lutam para sobreviver, “e com juro zero”. Lembra ainda que o governo federal e os governos estaduais dão incentivos fiscais para ricos e para grandes empresas; isenção de impostos, ICMS e impostos federais, por exemplo.

“Elas gozam de incentivos, e eles significam juros zero, ou nada; é como se fosse o País deixando de arrecadar dinheiro bom; ficam aí encangando o grilo, dando dinheiro para quem não precisa e concedendo incentivos fiscais vergonhosos e não fiscalizados no decorrer do tempo”.

Segundo o senador, o desempregado e o pequeno empreendedor que necessitam realmente de trabalhar e necessitam do crédito a partir de R$ 500, R$ 1 mil, R$ 5 mil ou R$0 10 mil a R$ 50 mil, com a garantia do vizinho, se obtêm esse dinheiro, tocam seu negócio, criando empregos justos e produzindo renda. “Ou seja, ele prospera e come”.

Quando prefeito de Ariquemes, Confúcio criou o primeiro Banco do Povo, com R$ 300 mil disponíveis para pequenos empréstimos. “Constituímos uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Direito Público), sem fins lucrativos, para administrar aquele dinheiro que se retroalimentou e cresceu, mas, infelizmente, as portas ficaram abertas e pararam de investir recursos necessários no financiamento da pobreza rondoniense”.

Analisando a situação dos grandes bancos, aos quais critica, disse que o modelo tem falhas: “O BNDES, o Banco do Brasil e o Banco da Amazônia e a Caixa Econômica não sabem trabalhar com a pobreza, não sabem tratar as pessoas simples e deixam acontecer essa exclusão de crédito maciça no País”.

“Que busquem a inspiração e ela existe entre economistas e pesquisadores do mundo inteiro”, disse Confúcio em tom de apelo.