Coluna do RK- Bastidores da política nacional e regional

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Por Roberto Kuppê (*)

O que é pior do que ser político?

A coluna não sabe o que é pior do que ser político, mas, vai tentar explicar a indagação. A política é uma arte. A arte de dizer sim, querendo dizer não. E, não, querendo dizer sim. Também é a arte de engolir sapos. Há menos de um mês, o presidente da ALE-RO, Maurão de Carvalho (MDB) e o deputado Jesuíno Bouabaid (PMN) foram flagrados conspirando contra  o ex-governador Confúcio Moura (MDB) e o então vice, Daniel Pereira (PSB). Foi uma bomba de alta megatonagem, que deixaria sequelas (*Reveja no final da coluna o teor da gravação). Que nada! Mostrando que em política tem que engolir sapos, Maurão, Bouabaid e o agora governador Daniel Pereira (DP) se encontraram em Brasília na sexta-feira 13, no escritório da representação de Rondônia.

Jesuíno e Maurão 

Jesuíno era o mais constrangido quando viu este colunista pela primeira vez. Já Maurão, mais escolado, sorridente e tranquilo, nem lembrava mais do episódio que antecedeu à saída de Confúcio Moura do governo. Lembrou sim, da última vez em que esteve com este colunista, no início de 2011, em Cacoal, junto com o então governador Confúcio Moura que fora lançar o projeto Estradão.

Sem reserva

Falando alto e em bom som, Maurão de Carvalho se vangloriou de reprovar as 11 áreas de proteção ambiental (reserva) criadas pelo ex-governador. Para ele, esse negócio de preservação da natureza não tem nada a ver com Rondônia. Se depender dele, Rondônia vira uma Las Vegas. Não a cidade dos jogos, mas no deserto de Nevada onde ela foi construída.

Bastidores

Em 2015, Aparício Carvalho (PSDB) iniciou o desenho de uma aliança que poderia mudar os rumos do PSDB. Ele costurava com Mauro Nazif (PSB) um projeto que colocaria Maurício Carvalho como vice do então prefeito de Porto Velho, na disputa pela reeleição em 2016. Expedito descobriu e todos já conhecem o que aconteceu. Agora, a aliança retomada assustou os Carvalho, que estavam bem encaminhados para colocar Maurício Carvalho como vice de Daniel Pereira, numa coligação bastante robusta unindo as esquerdas e os tucanos da centro-esquerda. O que aconteceu? A nova composição do governo DP de fato assustou os Carvalho, que recuaram.

Bastidores 2

Silenciosamente, o senador Valdir Raupp (MDB) costura uma aliança para muitos impensável no xadrez político: com Ivo Cassol! O objetivo é barrar a ascensão de Acir e DP, considerando que está praticamente impossível emplacar Maurão como vice. Ninguém do PSB et caterva quer este casamento tido como mortal para o projeto.

Pesquisas

Conhecido como o mais bem informado político de Rondônia e que tem time próprio de pesquisa, o senador Valdir Raupp identificou forte mudança de comportamento no eleitorado: os três poderosos “M” da Câmara Federal, Marinha, Mariana, Marcos Rogério, já não apresentam total segurança para a reeleição. O eleitorado está dando uma guinada para o desconhecido, ao rejeitar até os campeões de votos.

Inimigo visível

O forte noticiário nacional sobre os governadores que se desincompatibilizaram para concorrer em 2018, e que têm pendências com a justiça, está mudando o tabuleiros nos respectivos estados. Em Rondônia, a força até então inamovível de Confúcio Moura, começa a perder folego. Emplumados do MDB, interessados em deslocar Confúcio Moura para fora do tabuleiro, estão alimentando correligionários e parte da mídia para isolar o ex-governador e enfraquecê-lo na disputa para o Senado de um modo fatal.

Novo cenário

O mistério em torno das nominatas dos maiores partidos tem uma explicação: o que todos queriam e esperavam não vai acontecer. As nominatas foram muito enfraquecidas do ponto de vista eleitoral, porque vão impedir coligações que possam permitir a velha escadinha para os mais fortes, que vão ficar isolados em sua maioria, e brigando entre si. As coligações cruzadas vão enterrar, em definitivo, a última chance das grandes coligações, porque cada candidato está buscando a aliança que interessa pessoalmente. A caminho traições impensáveis e desistências pesadas antes da convenções.

Ascensão do PTC

Quem está sorrindo à toa são os vereadores Jair Montes/PTC e Edwilson Negreiros/PSB, de Porto Velho, ambos aquinhoados com nacos importantes no novo governo DP. Outros vereadores estão na fila do gabinete, aguardando o martelo bater para novas composições. Daniel deve formar a maior coligação destas eleições, e por isso mesmo a mais complicada de administrar.

Primeiro e segundo escalão

Daniel Pereira deve fechar hoje, domingo, o time que vai governar com ele estes próximos oito meses. Surpreendeu o colunista com um telefonema ontem a noite, para falar que a sexta-feira 13 em Brasília foi produtiva e bastante extensa. A reunião mais importante foi com a ministra presidenta do STF, Carmen Lúcia, que exercia a presidência da República. DP, disse esperar dos ministros do Supremo um novo entendimento sobre a situação dos 706 policiais de Rondônia, que foram para os quadros da União, entre 2013 e 2014, e retirados da folha de pagamento no mês de março deste ano com a suspensão da ação da Associação dos Policiais Militares (Aspometron), que garantia a inclusão deles na folha federal mesmo sem a decisão de mérito.

Jesualdo Pires

O ex-prefeito de Ji-Paraná, Jesualdo Pires (PSB), o JP, está costurando apoio à sua candidatura ao Senado Federal. Ela pretende ser o primeiro nome na lista de preferência do eleitorado, mas ser o segundo voto também lhe agrada muito. O importante será se eleger senador da República. JP está atrás de um suplente bom de voto. Quem se habilita?

Enchente e a BR-364

A Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) do Senado, promove audiência pública na terça-feira (17), às 9h, para debater a situação da BR-364 em Rondônia. A audiência deverá contar com a presença do ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Valter Casimiro Silveira. A situação da rodovia, que atravessa o estado de Rondônia, é considerada crítica. Ao longo dos anos, observa-se falta de manutenção na BR e estragos com as cheias do rio Madeira, que deixa boa parte da estrada submersa. O senador Valdir Raupp (MDB) é autor do requerimento para a realização da audiência.

Ivo Cassol x Conteiners

O senador Ivo Cassol (PP), pré-candidato ao governo de Rondônia, usou a tribuna do Senado Federal para fazer uma denúncia contra o ex-governador Confúcio Moura que, no apagar das luzes, lançou edital para compra de conteiners para servirem de salas de aula.

Ocorre que é moderno e econômico o uso de conteiners em diversos cenários como em obras, escritórios. Até consultórios médicos utilizam a mesma tecnologia. A medida é paliativa. As salas de aula moduladas são montadas para suprir a demanda de novos alunos, enquanto projetos tramitam na SEDUC, ou para atender escolas que já estejam em fase de reconstrução, com isso, evitar a transferência dos estudantes durante reformas. O problema talvez, seja pelo fato de que a empresa que ganhou a licitação não é dele (IC), como era na época em que foi governador.

Refrigério na memória:

Trabalhadores em educação consideram gestão do ex-governador Cassol como o período mais tenebroso pata o funcionalismo

Lula lá nas alturas

A pesquisa do Data Folha divulgada neste domingo, não deixa dúvida. Não tem para ninguém. Mesmo preso injustamente, Lula seria eleito presidente da República pela terceira vez. Seria dono de um triplex: 2002, 2006 e 2018!  Esta emblemática foto de Francisco Proner, diz tudo.

Bolsonaro vem aí

A pesquisa revelou que, se Lula não for candidato, quem levará a presidência será Jair Bolsonaro (PSL-RJ). Ele vence em todos os cenários sem Lula. O candidato do “mecanismo”, Geraldo Alckmin (PSDB) perde em todos os cenários. O noviço Joaquim Barbosa (PSB) já é uma “ameaça”: pontuou a casa dos 8% e ainda tem muita lenha pra queimar.

  • Lula (PT): 31%
  • Jair Bolsonaro (PSL): 15%
  • Marina Silva (Rede): 10%
  • Joaquim Barbosa (PSB): 8%
  • Geraldo Alckmin (PSDB): 6%
  • Ciro Gomes (PDT): 5%
  • Alvaro Dias (Podemos): 3%
  • Manuela D’Ávila (PC do B): 2%
  • Fernando Collor de Mello (PTC): 1%
  • Rodrigo Maia (DEM): 1%
  • Henrique Meirelles (MDB): 1%
  • Flávio Rocha (PRB): 1%
  • João Amoêdo (Novo): 0
  • Paulo Rabello de Castro (PSC): 0
  • Guilherme Boulos (PSOL): 0
  • Guilherme Afif Domingos (PSD): 0
  • Em branco / nulo / nenhum: 13%
  • Não sabe: 3%

A esquerda

A pesquisa revelou também que, se a esquerda não se unir, vai entregar de bandeja o governo para a direita raivosa e fascista. Manuela D’Dávila (PCdoB) que obteve 2% na pesquisa Data Folha e Guilherme Boulos (PSOL), que não pontuou, precisam urgente convencer seus correligionários de que um frentão da esquerda será necessário para enfrentar o “mecanismo”.

Caso Maurão x Jesuino x DP x Confúcio Moura. Leia, a seguir, a transcrição da gravação clandestina feita supostamente pelo Governo do Estado:

 

(*) Roberto Kuppê é jornalista e articulista político