Quem salva uma vida, salva o mundo inteiro

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Policiais irlandeses detendo homem manifestação pela violência nas escolas no país e o brasileiro Caio Benício - Getty Images / Reprodução/Vídeo/YouTube/@irishmirroryt

Por Roberto Kuppê (*)

Assistindo à (ótima) série “Passaporte para a liberdade”, que conta a história de Aracy de Carvalho (05/12/1908-28/02/2011), esposa de João Guimarães Rosa (27/06/1908-19/11/1967), anotei a frase que dá título à esta crônica: “Quem salva uma vida, salva o mundo inteiro”. A frase que é bíblica, foi proferida por uma neta brasileira de um judeu que foi salvo da morte pelos nazistas, pela brasileira Aracy de Carvalho, paranaense que trabalhava no consulado do Brasil numa cidade alemã em pleno holocausto de Hitler contra judeus.

Aquele que salva uma pessoa, salva o mundo inteiro.... Frase de A Lista de Schindler.

A  frase ficou mais direta no filme A Lista de Schindler, que também abordou a história de um homem que salvou milhares de judeus. Bem, o objetivo desta crônica (artigo) é falar de um herói contemporâneo que salvou uma criança na Irlanda.

O entregador niteroiense Caio Benício ficou famoso no mundo inteiro ao intervir num atentado contra uma criança em Dublin, Irlanda. Com um golpe de capacete ele neutralizou um homem que esfaqueava uma menina. Por este ato ele foi transformado em herói do dia para o outro, recebendo quase R$ 2 milhões de reais em doações. Ele não buscava fama, muito menos dinheiro ao salvar a criança.

Fez o que qualquer cidadão consciente deveria fazer. Muitos não o fazem, preferindo filmar a cena para depois lucrar com a postagem nas redes sociais. Ele salvou a vida de uma criança, de uma menina que um dia será mãe, terá filhos e netos. Ao salvar a menina, ele salvou o mundo inteiro.

E ao matar uma criança? Igualmente, quem mata uma criança, adolescente ou um adulto destrói um futuro, compromete o mundo. Lembro aqui o assassinato do jovem Alexsander Vinícius Araújo de Oliveira, 19 anos. Ele foi assassinado em abril de 2020 no condomínio Orgulho do Madeira, em Porto Velho (RO). Era filho da Alângia Araújo, ex-arquivista de O Estadão do Norte. Ele que perdeu o pai aos cinco anos, não teve a oportunidade de casar, ter filhos e netos. O pior de tudo é que ele foi morto por um PM e até hoje o caso não foi esclarecido.

O tema aqui é salvar pessoas. É preciso um olhar mais atento para os sinais. Na semana passada um dentista foi morto em Salvador. O segurança do prédio ouviu um barulho vindo do apartamento e deixou para lá. No dia seguinte, o dentista foi encontrado morto. Não houve um olhar mais humano por parte do segurança. Tem que prestar atenção nos movimentos das pessoas, seguir com o olhar. Ser mais atento como foi o entregador de Dublin.

Quando se mata uma pessoa, cessa-se o futuro dela. Quando você salva uma vida, salva o futuro da pessoa, de uma geração inteira. Ninguém tem o direito de mudar o curso de uma vida, de uma família. Só Deus!

 

(*) Roberto Kuppê é jornalista e articulista político