Política, religião, futebol e terrorismo, tudo junto e misturado

0
311

Por Roberto Kuppê (*)

A semana que se encerrou foi marcada por muita agitação na política, Silas Malafaia em resort paradisíaco, o Brasil brilhando no futebol e terrorismo matando inocentes. Há 27 dias foi realizado o segundo turno das eleições. Lula venceu e até agora, oficialmente, o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), ainda não reconheceu a derrota. Tenta de todas as maneiras se manter no poder.

Na verdade, Bolsonaro achava que ia vencer. Fez de tudo. Tudo mesmo. Distribuiu bilhões de reais através do Orçamento Secreto que foram parar em prefeituras de 5 mil municípios brasileiros. Essas por sua vez, coagiram eleitores a votarem em Bolsonaro ao terem acesso ao Auxílio Brasil. Uma dessas é Mirassol, cidade onde o Profissão Repórter fez matéria três dias antes das eleições de 30 de outubro. Eleitores foram instruídos a votarem em Bolsonaro. Imagina isso em 5 mil municípios.

“Ah, mas Lula não vai subir a rampa porque é ladrão”. Lula roubou o que? Nada. Não só ele, mas toda a família foi investigada, revirada de cabeça pra baixo e nada foi encontrado. Criaram uma narrativa de que Lula roubou e isso pegou nas redes sociais como uma verdade incontestável. “Ex-presidiário”. Sim, Lula é ex-presidiário. Foi preso injustamente, condenado por um juiz parcial que depois se tornou ministro de Bolsonaro.

O mundo todo reverencia Lula, mas no Brasil, uma parcela de ignorantes, insiste em desmerecer o único presidente até agora, que em oito anos de mandato, deixou o cargo com quase 90% de aprovação. Os anos Lula foram tão bons que ele elegeu a sucessora. E a reelegeu. O PT só foi parado por causa do impeachment e a sórdida e incessante campanha contra a esquerda. Nas eleições de 2018 o anti-petismo foi tão forte, com tantas fake news, que elegeram um deputado federal do baixo clero que, para presidente da Câmara dos Deputados obteve apenas quatro votos. Nem o filho dele votou nele.

Haddad vinha bem, com as pesquisas dando margens para a vitória dele em 2018, mas ai, no dia 6 de setembro, providencialmente às vésperas do 7 de Setembro, eis que uma facada muda os rumos de uma Nação. Aliás, fakeada, porque até hoje essa história está mal contada. Como um cidadão conseguiu passar por um forte esquema de segurança, desferir a facada e não sofrer um arranhão? Além do que, a facada não produziu nenhuma gota de sangue. Ah, e a faca sumiu, reaparecendo depois. Estranho, né?

E agora, no lugar da facada, a compra de votos. Mas, desta vez não deu certo. Lula venceu a poderosa máquina, usada como nunca, para manter Bolsonaro no poder. “Ah, mas houve fraude nas urnas”. Conversa. O maior interessado nas eleições, Lula, não tinha poder e nem condições técnicas para fraudar um pleito. E nem precisava. Bolsonaro por si só, fez um péssimo governo e as pesquisas indicavam que Lula seria o vencedor. O contrário sim, seria estranho. Aliás, é estranho que Bolsonaro tenha conseguido 58 milhões de votos. Isso sim tem que ser investigado. Como assim ele obteve tudo isso de votos?

E a tentativa de golpe nas está nas ruas. Milhares de manifestantes em acampamentos com churrascos e cerveja de graça para todos e o militante Silas Malafaia incentivando o terrorismo, mesmo que num resort no Nordeste. Nesse meio tempo o Brasil brilha na Copa do Mundo, saindo dos pés de Richarlison o gol mais bonito desta competição.

E também, nesse meio tempo, cenas de terrorismo abalaram famílias de três professores e uma aluna, e duas escolas atacadas por um garoto de 16 anos, filho de um tenente da PM que adora Hitler. Pelas filmagens, o mini-terrorista parece que foi treinado pela CIA. Com passos rápidos, parece que contando os minutos, fez disparos em dezenas de pessoas, matou quatro, voltou pra casa e foi jogar video game.

Culpa de quem? Claro, de Bolsonaro que incentivou o armamento, dando exemplos de que somente matando se obtém liberdade. E o fim disso será um dos primeiros atos de Lula ao tomar posse em 1 de janeiro de 2023. Abolir o armamento, trazendo a paz de volta.

(*) Roberto Kuppê é jornalista e articulista político