Mesmo perseguida e ameaçada de morte, nova presidente muda a cara da Caerd

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aza1De caso de polícia a Caerd (Companhia de Águias e Esgotos de Rondônia) passou a ser a menina dos olhos do governador. Quando Iacira Azamor assumiu em janeiro de 2014 os destinos da Caerd, a companhia devia cerca de R$ 1 bilhão de reais, tinha 80% da receita comprometida com a folha salarial e as fraudes representavam 50% do faturamento da empresa.  Um ano e meio depois a realidade é outra. Onde o governador achou esta mulher que não quer revelar a idade? E por que ela colocou a polícia para dentro da companhia? E por que mesmo assim, foi chamada a prestar declarações recentemente à Polícia Federal?

Por Roberto Kuppê

aza2A arquiteta Iacira Terezinha Rodrigues de Azamor, tem mais de 30 anos de serviços públicos prestados ao País em especial, à Rondônia e Acre. A carreira dela iniciou-se na década de 90 na Caixa Econômica do Mato Grosso do Sul, mas foi na superintendência de Porto Velho que se destacaria em 2000, quando sob sua responsabilidade terminou a construção do famoso Canal da Maternidade de Rio Branco (AC), que hoje recebe o nome de Parque da Maternidade, uma gigantesca obra de seis quilômetros que corta a capital do Acre. Para quem é novo não lembra que por causa desta obra, um governador do Acre foi assassinado. Edmundo Pinto de Almeida foi assassinado num hotel de luxo em São Paulo quando se preparava para depor numa CPI do Congresso sobre corrupção e desvios de recursos públicos. Edmundo responderia à CPI perguntas sobre desvios de recursos nas obras do Canal da Maternidade, que só começou e ficou pronta quando o ex-governador Jorge Viana, PT, assumiu o governo. Os recursos das obras eram administrados pela superintendência da Caixa em Rondônia, sob o comando de Iacira Azamor.

A fama de boa gestora chegou ao conhecimento do então prefeito de Ariquemes, Confúcio Moura (PMDB) que a convidou a ocupar diversos cargos de primeiro escalão na administração municipal. Não se arrependeu. Iacira mostrou a mesma competência que a consagrou na Caixa Econômica, tanto que o já governador de Rondônia, Confúcio Moura, a guindaria a um cargo muito espinhoso, a de coordenadora do PAC no estado de Rondônia, responsável por gerir bilhões de reais para o saneamento básico em vários municípios.  Missão dada, missão sendo cumprida. Ao tomar conhecimento dos problemas da Caerd, o governador resolveu entregar mais um abacaxi para Iacira descascar. E este abacaxi realmente está sendo difícil de descascar. Quando assumiu a Caerd em 6 de janeiro de 2014, Iacira Azamor também acumularia também a Secretaria-Executiva do PAC em Rondônia. Na ocasião da posse, Iacira Azamor confirmou a conclusão do processo de licitação das obras da rede de água tratada e de esgoto na capital já providenciou imediatamente a contratação de novas obras de saneamento para as localidades de União Bandeirantes, Vista Alegre do Abunã e também a segunda etapa de obras em Porto Velho. Também apresentou à Caixa Econômica Federal o projeto que prevê a implantação de 100% da rede de esgoto em Jaru e Ji-Paraná.

Um ano e meio depois, Iacira Azamor é acordada no dia 15 de julho de 2015, há 15 dias, portanto, com a notícia de que a Polícia Federal a estaria investigando por suposto favorecimento de uma empresa de Brasília. Pois Iacira esperou, esperou e esperou sentada a chegada da tropa da Polícia Federal e nada. Então ela resolveu verificar a história in loco. Nem os policias sabiam do que se tratava. Só que o nome dela constava na tal lista. Para ela, isso faz parte da perseguição que vem sofrendo desde que entrou na Caerd e implementou uma nova dinâmica na estatal.

A famosa gestão compartilhada com os sindicalistas levou a empresa para o buraco financeiro, para a inadimplência e para o descrédito. Ninguém queria mais fornecer para a Caerd. A folha comprometia 80% do faturamento, sendo que as fraudes comprometiam mais 50%. Com a nova gestão, em um ano e meio a dívida de R$ 1 bi, baixou para R$ 753 milhões que está sendo renegociada. As maiores dívidas eram com a Eletrobrás, Correios e Fazenda Nacional (impostos).

Iacira Azamor modernizou o local de trabalho dos funcionários
Iacira Azamor modernizou o local de trabalho dos funcionários

A nova gestão acabou com o desleixo e reacendeu a credibilidade. “Conseguimos moralizar internamente, melhorando as condições de trabalho e isso tem motivado os funcionários”, disse Azamor.

As ações que estão sendo implementadas por Iacira Azamor

aza3capaEm entrevista concedida ao jornalista Arimar Sá, Iacira detalhou as ações que vem implementando na Caerd. “Em termos de saneamento, estamos trabalhando em parceria com o governo do Estado, e agora no último dia 15 de Julho, assinamos dois convênios com a Caixa, no valor de 180 milhões de esgoto para Ji-Paraná e 10 milhões para Jaru, que vão complementar o serviço que já está sendo feito. Os dois municípios ficam assim, com 100% de água e esgoto. Em Porto Velho, homologamos o contrato do esgoto e está em fase de elaboração o contrato para o esgoto do sistema sul da capital. Estamos conseguindo tirar tudo do papel e transformar em realidade para a população.

 

-Qual empresa irá executar esse trabalho?

 

IACIRA AZAMOR: É um consórcio e não é conhecido. Sabemos que é uma empresa do Paraná, que é cabeça do consórcio. Nós tivemos informações boas sobre o grupo e acredito que vamos conseguir ter um bom andamento de obra.

-No plano prático, o que vai ser feito neste contrato?

 

IACIRA AZAMOR: Nos primeiros meses, a empresa fará o projeto básico e executivo, previsto para aproximadamente seis meses, tempo que tentaremos acelerar. Logo em seguida, a cidade começa a receber o esgoto. O plano de ataque da obra é começar pela estação de tratamento. Acredito que em quatro meses começaremos essa obra.

 

Presidente, em nossa última entrevista, falamos sobre o desperdício de Água. A senhora chegou, inclusive, a pedir a população que ligasse e denunciasse qualquer tipo de abuso. Como está essa situação hoje?

 

IACIRA AZAMOR: A população liga bastante. Quem presta um serviço público tem que ouvir a população. Infelizmente temos ainda muitos cidadãos inadimplentes, com um volume de fraude muito acima do permitido. Nós iniciamos agora na segunda quinzena de Julho um ataque as fraudes, porque isso vem prejudicando o abastecimento de água de pessoas que pagam em dia suas contas.

-Tem um telefone para denúncia?

 

IACIRA AZAMOR: Sim disponibilizamos o 08006491950.

 

-No que diz respeito aos distritos de Porto Velho, quais são as ações da CAERD?

 

IACIRA AZAMOR: Em Vista Alegre e União Bandeirantes, já iniciamos as obras. Em Jacy-Paraná, estamos concluindo, e em Nova Califórnia, estamos mandando o processo para licitação.

 

-Presidente, o baixo madeira acabou sendo devastado pelas enchentes, mas ainda há alguma obra da CAERD para aquela região?

 

IACIRA AZAMOR: Por enquanto, estamos apenas elaborando projetos para a revitalização dessa área.

 

– Mudando de assunto. Fora o custeio da máquina da CAERD, o que sobre para investir na capital como um todo?

 

IACIRA AZAMOR: Não sobra nada. Infelizmente. Todos os meses nós ficamos devendo.

 

-E como isso vinha sendo resolvido?

 

IACIRA AZAMOR: Dando o calote, como a empresa vinha fazendo. A fazenda nacional, principalmente, é a grande dívida que a companhia tem. Nós estamos trabalhando intensivamente na campanha de arrecadação, evitando fraudes e pedindo para que a população esteja em dia com os pagamentos. Esse é um trabalho constante da casa. Já melhoramos muito a arrecadação, mas não é ideal para que possamos pagar as dividas. Hoje a CAERD tem uma nova imagem, as pessoas procuram a CAERD para vender. Os ajustes estão sendo feitos e estamos renegociando todas as dívidas.

-Presidente, os organismos públicos devem a CAERD? Quem deve a CAERD?

 

IACIRA AZAMOR: Os municípios. O governo do Estado paga em dia todos os meses, isso na administração do Doutor Confúcio. Temos muitos municípios que devem a CAERD, em termos de adimplência, temos cerca de quatro municípios.

-Considerando que o governo do Estado é o acionista majoritário da CAERD, não poderia se pensar em um aporte de capital do estado para dar um fôlego suplementar as contas e ações da companhia?

 

IACIRA AZAMOR: O governo faz aporte todos os meses, através das contrapartidas dos convênios do PAC, além de assumir divida da Eletrobrás.

 

-Presidente, a CAERD dos sonhos da senhora, passa por que aspectos?

 

IACIRA AZAMOR: Ter uma folha de pagamento que seja condizente com as condições da companhia, para poder atender melhor a população, para parar de ter que se desculpar pelos transtornos e para poder revitalizar todos os sistemas da companhia.

– Investimentos na ordem de quanto, aproximadamente, saneariam isso?

 

IACIRA AZAMOR: Acredito que aproximadamente 1 bi de reais resolveria todos os problemas de sistemas da CAERD.

 

-Há pouco tempo atrás, sites da cidade fizeram criticas ao sistema de reeducandos e/ou apenados do sistema prisional, que prestavam serviços a CAERD. A mídia considera que o fato poderia ocasionar futuros roubos ou furtos às residências. Quais são os cuidados que são tomados pele CAERD nessa parceria?

 

IACIRA AZAMOR: Esse é o lado social da companhia, e nós temos que cumprir com ele. Todas as empresas deveriam ter uma parte que cuidasse do social. Eu já trabalho com os reeducandos desde a época de Ariquemes e nunca tivemos problemas. É uma experiência muito positiva. Aqui nós estamos trabalhando como equipe de apoio, eles não entram na casa das pessoas, aliás, nem a CAERD pode entrar na casa de ninguém. Todo o projeto é uma experiência e nós estamos tendo bons resultados. Qualquer pessoa que se sinta lesada ou insatisfeita, é só ligar para a CAERD e informar, que tomaremos uma atitude.

 

-Outro assunto que freqüentou a mídia, Presidente, foi a questão dos altos salários dos comissionados da CAERD? Como a população pode ter a transparência disto?

 

IACIRA AZAMOR: No site da companhia estão todos os salários, inclusive, o meu. O site é WWW.caerd-ro.com.br. A companhia precisa de quadro técnico, infelizmente durante muitos anos não tivemos aperfeiçoamento e precisamos trazer gente de fora, além de profissionais do próprio estado para reestruturar a Casa.

 

-Há uma defasagem de profissionais qualificados nos quadros da Companhia?

 

IACIRA AZAMOR: SIM. A empresa tem um corpo técnico muito bom na área operacional, mas na área administrativa e jurídica nós tínhamos muita deficiência. Além das ações do PAC que precisam de uma equipe bem mais reforçada.

-Presidente, é difícil administrar a CAERD?

 

IACIRA AZAMOR: A CAERD não é difícil. O que é difícil administrar são os problemas que a gestão anterior deixou. As dívidas, sistemas sucateados e folha de pagamento pesada. Isso atrapalha outras ações que tanto melhorariam a vida do nosso cliente.

 

Autor: Roberto Kuppê

Fotos: Marcelo Gladson

Fonte: Mais Ro com informações do Rondonotícias