A crise hídrica que afetou o país com chuvas abaixo da média histórica foi antevista há uma década pelo cientista Antonio Donato Nobre
Por Marcelo Csettkey (*)
O cientista enfatiza que a Amazônia é o coração do ciclo hidrológico do Brasil. No entanto, esse coração começa a dar sinais de enfraquecimento. Múltiplos são os fatores que catalisam o desaparecimento da floresta, e o avanço da pecuária extensiva e a pobreza na região estão entre os mais dramáticos.
Teremos um futuro pra lá de incerto se a floresta for destruída! Dados do Inpe mostram que mais de 20% da floresta original já foi perdida. Se alcançar 40%, a tendência é a de que o bioma não se recupere mais.
Instalados nas proximidades da mais exuberante floresta do mundo, milhares arrancam dela de tudo o que podem para sobreviver. E infelizmente retribuem com lixo, degradação e destruição. A Amazônia tem de ser mantida para assegurar a sobrevivência de milhões de pessoas. O desaparecimento da floresta seria uma perda irrecuperável para o país, para o planeta, e isso não está longe de acontecer!
Esta constatação é imprescindível para provocar conscientização; no entanto, a grande mídia tem anunciado que o fenômeno ‘El Niño’ provocará alterações climáticas que influirão no sistemade chuvas do país. Sem desacreditar da informação, apenas enfatizo que o ‘El Niño’ possa estar, isso sim, agravando uma situação já existente, não sendo, por conseguinte, a causa da mesma! Mesmo porque a crise hídrica já se instalara de forma mais agressiva desde o verão de 2014 e fora anunciada com exatidão por Antonio Nobre.
Os brasileiros têm de saber o que ocorre na Amazônia e lutar para salvá-la. O ‘El Niño’ e o aquecimento global, apesar de importantes, são secundários diante deste problema maior do país: a perda acelerada de nossa grande floresta, a maior fornecedora de água do Brasil!
Fonte: O Dia
(*) Marcelo Csettkey é escritor, artista plástico e jornalista