Forbes: Rondônia ganha Indicação Geográfica para o cacau cultivado na floresta

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Moazzam Ali Brohi/Guetty Indicação geográfica do cacau pode ajudar produtores a ter mais mercado para a fruta

Pedido feito pela Associação dos Cacauicultores e Chocolateiros do estado e aceito pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial pode levar mais renda à cadeia produtiva do fruto

O cacau produzido no estado de Rondônia recebeu nesta terça-feira (14), o registro de IG (Indicação Geográfica) para a procedência das amêndoas da fruta, a Theobroma cacao, concedido pelo INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial). Rondônia é o quarto maior produtor de cacau no Brasil, mas sua produção representa menos de 1% do mercado nacional. São cerca de 10 mil famílias que cultivam a fruta, sendo uma de suas principais fontes de renda. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o país deve produzir neste ano 290 mil toneladas de cacau em amêndoa.

O pedido de IG foi feito pela Cacauron (Associação dos Cacauicultores e Chocolateiros de Rondônia), criada em 2021. A IP (Indicação de Procedência) é o registro do nome geográfico de uma região que confirma que determinado território tem fama, notoriedade como centro de produção, fabricação ou extração de determinado produto ou prestação de determinado serviço, por sua qualidade diferenciada. Rondônia tem a terceira IG de Cacau do Brasil, depois de Linhares (ES) e Ilhéus (BA). Com esse registro, o INPI chega a 118 Indicações Geográficas, sendo 84 Indicações de Procedência (todas nacionais) e 34 Denominações de Origem (25 nacionais e 9 estrangeiras).

A IG do cacau contempla os 52 municípios de Rondônia. Há registros históricos da existência da fruta no estado desde os anos 1790. Porém, o plantio comercial só ocorreu a partir de 1970, incentivado como uma ferramenta de fixação do homem no campo e de conservação da floresta. Em 2003, Rondônia já ocupava a primeira posição na produção primária do cacau em amêndoas na Amazônia Ocidental.

AdrianoVenturieri/Embrapa
Cacau plantado na floresta vem ganhando pesquisa para ser mais produtivo

Além desta IG de cacau, Rondônia possui também uma IP para o peixe tambaqui e uma IG do tipo DO (Denominação de Origem) Matas de Rondônia para os cafés robustas amazônicos. Neste caso, a DO indica que além de fama, notoriedade, as características e qualidade do café tem vínculos diretos com o terroir da região.

Para o cacau há dois potenciais mercadológicos que podem levar mais renda ao produtor. O primeiro, de caráter ecológico, é o cultivo da fruta na floresta nativa para o sombreamento da árvore. O segundo se refere à qualidade físico-química superior do cacau da região, quando comparada, por exemplo, à África Ocidental, que é utilizada como padrão mundial de qualidade. De acordo com o INPI, “o cacau de Rondônia possui sabor e uma gordura de qualidade para a produção do chocolate”.

Mais sementes para o cacau de Rondônia

Não à toa, a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), unidade Rondônia, localizada na capital Porto Velho, fechou com parceria para a melhoria de sementes e de mudas de cacau por meio de pesquisas na UMIPI Cacau (Unidade Mista de Pesquisa e Inovação), com a CEPLAC (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira), instituição de pesquisa ligada ao Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária). Os estudos contemplam uma técnica chamada de 3ª Geração Tecnológica.

“Este método representa um progresso na produção de sementes de cacau, utilizando a técnica inovadora de campo de sementes com polinização controlada, que oferecerá aos produtores plantas com melhor potencial produtivo”, diz Paulo Wadt, coordenador de pesquisa da Ceplac no estado.

Para a produção de material propagativo em escala e com qualidade, já está no foco das pesquisas a técnica de produção de sementes de 4ª Geração, baseada na produção de plantas de duplos haplóides (células haplóides são aquelas que possuem apenas um conjunto cromossômico). O pesquisador Maurício Santos, da Embrapa Rondônia, em colaboração com a UMIPI Cacau, está realizando testes promissores para superar essa etapa da pesquisa científica.

O governo do estado, por meio da Emater/RO (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural ) também tem incentivado a cultura no estado por meio do Projeto Plante Mais, que distribui mudas de Café e Cacau. De acordo com Fausto lima, técnico responsável pelo cacau, “foram entregues aos agricultores nos últimos anos, um volume de 100 mil mudas clones de Cacau, mais produtivos e resistentes”.  A tecnologia da clonagem permite o adensamento do plantio e o aumento na produtividade da fruta. Os clones também ajudam na proteção das plantas contra a Vassoura de Bruxa, uma das pragas mais temidas pelos produtores de cacau.

Fonte: Forbes Brasil