Por Roberto Kuppê (*)
Chora, Argentina. Agora vocês argentinos vão descobrir que o louco é louco mesmo. Caso ele não concretize o que prometeu em campanha, será desmascarado, desmoralizado e chamado de mentiroso. E as coisas já caminham para isso. Fez campanha no primeiro turno negando a política e demonizando os políticos “tradicionais”. No segundo turno, se aliou à parte destes políticos “tradicionais”.
A demagogia e a incoerência começaram no segundo. Ao se aliar à alguns políticos “tradicionais”, Javier Milei passou a adotar um tom mais moderado, mudou o discurso e disse que não ia privatizar a saúde e a educação. Manteve as promessas de dinamitar o Banco Central e dolarizar a economia, além de romper com o Mercosul e não dialogar com o governo “comunista” brasileiro.
Milei, é contra o Mercosul, contra o BRICS, contra se relacionar com o Brasil e com a China. Portanto, pretende transformar a Argentina numa ilha.
Porém, num tom democrático e politicamente correto, o presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva (PT) desejou sorte ao presidente eleito e exaltou a democracia argentina. Com certeza Lula não será convidado para a posse de Milei em 10 de dezembro, a menos de três semanas. Mas, com certeza também, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) será escalado para ir à posse.
A Argentina, embora avisada, decidiu pela eleição do maluco. Terão que chupar essa manga. Afinal, nós brasileiros passamos por isso e em seguida elegemos um presidente de verdade. Milei vai governar em maioria no congresso argentino, o que dificultará a administração dele. Dificilmente aprovará as mudanças malucas que quer promover.
Desejar “sorte” à ele significará apoiar a venda de órgãos humanos, dentre outras bizarrices. Dinamitar o Banco Central jamais o fará no sentido da palavra. Aos poucos, o eleitor argentino vai descobrir que foi enganado, para zero surpresa de nosotros brasileiros. Eles até tentarão esboçar espanto, tipo “eu não sabia que ele era mentiroso”, mas, a verdade é que a Argentina mergulhará mais fundo no caos político e econômico.
Não desejo sorte a ele, pois não quero ver órgãos humanos sendo vendidos à quilo nos açougues.
(*) Roberto Kuppê é jornalista e articulista político
