A CPMI do Tiro no Pé e parte da direita se curvando à liderança de Lula

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Capa da Istoé desta semana

Por Roberto Kuppê (*)

É nítido que o comportamento da direita brasileira está mudando, após a assunção de Lula à presidência da República pela terceira vez. Sem se autointitular, Lula tem se revelado um verdadeiro líder, tomando cuidado para não se chamar de “mito”. Até porque a palavra mito tem sido usada ultimamente em tom pejorativo quando se refere a determinado político que atualmente se encontra foragido.

A revista IstoÉ desta semana teve que aceitar o óbvio: Lula é um líder. E o governador de São Paulo, o bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos) foi mais enfático: “Um líder nato”. O ex-ministro e ex-candidato à presidência, Ciro Gomes (PDT-CE) durante o debate disse que Lula era um “encantador de serpentes”. Com certeza, ele tem toda a razão.

A direita está atônita com a desenvoltura de Lula, em sua terceira passagem pelo Palácio do Planalto. Tão atônita que quer frear o rolo compressor que está, por assim dizer, passando por cima do bolsonarismo. Em 56 dias de governo, Lula conseguiu quase que a unanimidade em se tratando de governabilidade. E fez direitistas se preocuparem com o desmatamento e com moradias populares.

O evento de 8 de janeiro foi um tremendo tiro no pé de quem achou que ia enfraquecer Lula, logo no início do governo. O efeito demonstrou-se o contrário. Fortaleceu mais ainda o retirante nordestino que passou fome e hoje governa o País pela terceira vez. O bolsonarismo conseguiu legitimar a volta de Lula e torná-lo indispensável para a reconstrução da democracia no Brasil.

Mais do que isso, Lula tem se mostrado indispensável para a paz mundial, sendo ouvido e levado em consideração para o fim da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Como postou a deputada Jandira Feghali (PDdoB-RJ), no Instagram, “o Brasil se prepara para alçar novamente protagonismo na ONU e recuperar o desmonte do governo Jair Bolsonaro na diplomacia mundial. A tarefa é recolocar o Brasil como um dos principais atores da agenda de direitos humanos”.

Entre as prioridades estão o combate ao racismo, à violência política e à desigualdade; retomada da cooperação para a promoção e a proteção dos direitos humanos; o diálogo com a sociedade civil; reposicionamento em temas sobre gênero e defesa da mulher; além do combate ao genocídio indígena.

Acabou! O Brasil não será mais pária do mundo. Lula está com a credibilidade lá em cima. Só não reconhece isso quem tem falta de neurônios no cérebro ou quem não está preocupado com o bem estar da população de modo geral.

A CPMI do 8 de Janeiro, a qual este que vos escreve denomina de a “CPMI do Tiro no Pé”, é uma ação sem nexo, sem cabimento, sem qualquer razão, partindo de quem está partindo, dos próprios bolsonaristas. O normal seria a situação  (governo) propor esta CPMI, para apurar as responsabilidades de quem promoveu os atos de 8 de janeiro.

A CPMI vai afundar ainda mais quem está preso, além de atingir diretamente Jair Bolsonaro  e o Exército Brasileiro. A CPMI sendo proposta pelos terroristas, é como se um assaltante de banco, frustrado e preso, tentasse culpar a instituição por deixar ser assaltada, ou um sequestrador culpar a vítima por não ter se precavido.

“Ah, Flávio Dino sabia”. Meus caros, todo mundo sabia. Todo mundo sabia que ia acontecer no dia 8 de janeiro. O Eduardo Bolsonaro publicou uma semana antes no Twitter dele a foto do Congresso Nacional, sendo tomado pelo povo em 2013. Na ocasião ele disse, após o Exercito se negar ao golpe: “Agora só resta isso”.

Flávio Dino fez uma reunião com o GDF (PMDF, Ibaneis) na sexta, dois dias antes dos atos. Estava certo de que os manifestantes não iam entrar no Congresso Nacional. Flavio Dino foi dormir na sexta consciente disso. Só que depois o Ibaneis (governador do DF) mudou a decisão sem comunicar ao Dino.

Eu, RK,  li no Metrópoles no sábado, as 23h, que os manifestantes estavam liberados para entrar na Esplanada, por que seria um ato pacifico, segundo Ibaneis. Flávio Dino tentou falar com Ibaneis as 23h de sábado, mas ele só respondeu as 11h de domingo, dizendo que tudo estava bem, sob controle. Dino estava relativamente tranquilo, ainda porque havia convocado a Força Nacional para o dia 8 de janeiro. Enquanto ministro, Dino fez a parte dele. Quem não o fez, foi Ibaneis e por isso foi afastado do cargo.

Eu mesmo fiquei aliviado pela manhã de domingo. Meu irmão que estava aqui em Maceió com a família, se preparava pra ir pra praia, quando me perguntou: “Como está o clima em Brasília?”….Eu, brincando, disse: “Brasília está sitiada. Os manifestantes tomaram o Congresso Nacional. Corram para a montanha”. Falei brincando e foi oque ocorreu na parte da tarde, no Congresso Nacional.

                                               Premonição?

Nenhuma descrição de foto disponível.No dia 7 de janeiro, este que vos escreve, postou na Coluna Zona Franca cinco notinhas sobre as movimentações de bolsonaristas que ocorreriam naquele nefasto domingo. O fiz baseado em informações obtidas nas próprias redes sociais. Diversos grupos foram criados com a função de recrutar pessoas para viajarem até Brasília, onde aconteceria , conforme  mensagens, a “batalha final” contra o comunismo e restauração da liberdade do povo brasileiro. Veja AQUI na íntegra a Coluna Zona Franca de 7 de janeiro, um dia antes dos atos terroristas.

Então, não há infiltrados esquerdistas, não há culpa do governo Lula. Perceptivelmente, os culpados são, na ordem, o ex-presidente Bolsonaro, o Exército brasileiro, os parlamentares bolsonaristas, o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB) e, os eleitores bolsonaristas acampados em Brasília, cuja maioria está presa na Papuda e em presídios Brasil afora.

Este articulista, diante dos fatos narrados acima, crava que dificilmente o senador presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e da Câmara, Arhur Lira (PP-AL), pautarão a CPMI do 8 de Janeiro, por absoluta falta de nexo. Não precisa de CPMI, pois os culpados já foram identificados. Não existe qualquer motivação pertinente para a sua instauração.

 

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