Variante B.1.1.529 é “horrível”; “algo jamais visto”, dizem pesquisadores

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A ocorrência foi registrada em uma província na África do Sul, com 50 mutações e mais de 30 na proteína que o vírus usa para entrar nas células, a spike, alvo da maioria das vacinas

Na nova variante B.1.1.529, registrada em uma província na África do Sul, foram localizadas 50 mutações e mais de 30 na proteína Spike [‘chave’ usada pelo vírus para entrar nas células], o que “é algo jamais visto“, como afirmou um pesquisador, além de ser alvo da maioria das vacinas contra a covid-19. “Horrível”, disse um cientista.

Com o anúncio, da B.1.1.529, o Reino Unido inicia novas restrições de viagens. Qualquer pessoa que chegue da África do Sul, Botswana, Namíbia, Lesoto, Eswatini e Zimbábue será obrigada a uma quarentena e a apresentar teste negativo antes de fazer a viagem.

Em coletiva de imprensa, o brasileiro Tulio de Oliveira – professor e diretor do Centro para Resposta Epidêmica e Inovação, na África do Sul, disse que a variante carrega uma “constelação incomum de mutações” e é “muito diferente” de outros tipos que já circularam.

Esta variante nos surpreendeu, ela deu um grande salto na evolução… muitas mais mutações do que esperávamos“, disse.

Até agora, foram confirmados 77 casos na província de Gauteng – ZA, 4 em Botswana; e 1 em Hong Kong, onde foi relacionado a uma viagem à África do Sul.

A variante preocupa os cientistas sobre a imunização porque as vacinas foram desenvolvidas mirando aquela primeira cepa original do coronavírus, registrada em Wuhan, na China, quando o mundo se deu conta de que estávamos iniciando uma nova era crítica na saúde.

A B.1.1.529 é muito diferente daquele vírus inicial, o que pode significar que as vacinas não funcionem tão bem, mas, por outro lado, na África do Sul apenas 24% da população estão totalmente vacinadas.

É essa a esperança de pesquisadores: que a variante perca força ao chegar a países com taxas mais altas de imunização.

OMS convoca reunião

A OMS (Organização Mundial da Saúde) está reunida em Genebra, neste momento, desde as 08h no horário de Brasília, onde especialistas avaliam a B.1.1.529, informou seu porta-voz, Christian Lindmeier.

A OMS está convocando uma reunião para entender melhor o cronograma dos estudos em andamento e determinar se essa variante deve ser designada como variante de interesse ou variante de preocupação”, disse momentos antes do início da discussão.

A OMS classifica como variante “de preocupação” quando cientistas apontam que ela tem aumento da transmissibilidade, ou aumento da virulência ou/e diminuição do efeito das terapias e medidas conhecidas contra a Covid-19, como a vacinação.

A variante de “interesse” precisa ter sido identificada como causadora de transmissão comunitária e de um grande número de casos em um país ou região.

Itália, a República Tcheca e Holanda também impuseram restrições a voos provenientes de países da África Austral e a medida será amplificada porque, segundo a chefe da Comissão da UE, Ursula von der Leyen, interrupções de viagens à região serão propostas oficialmente.

Fonte: Urbs Magna