Trabalhadores do JBS Friboi aprovam a suspensão das demissões de cincos meses e contraproposta

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friassEm assembleia geral realizada na manhã desta sexta-feira (24) dentro das instalações do JBS Friboi de Rolim de Moura, com os mais de 400 funcionários da unidade, foi apresentada a proposta da empresa, feita durante audiência na Justiça do Trabalho nesta quarta-feira (22), de suspensão das demissões por cinco meses (chamada de lay off), de acordo com o artigo 476 da CLT; sendo que durante esse período os funcionários fariam cursos de qualificação profissional e a empresa tentaria, como apoio governamental e das entidades empresariais e sindicais reabrir a unidade. Se eventualmente o frigorífico não for reaberto, ao final desse período todos seriam demitidos, recebendo todos os seus direitos legais e mais uma indenização adicional.

O impasse, surgido durante a própria audiência na Justiça do Trabalho, é justamente sobre qual indenização adicional em caso de não reabertura do frigorífico e demissões ao final dos cinco meses; sendo que o JBS Friboi propôs apenas o pagamento de um piso salarial da categoria e uma cesta alimentação. A comissão de representantes dos trabalhadores, o Sindicato SINTRA-ALI e a Central Única dos Trabalhadores (CUT), com o acompanhamento do presidente da Câmara de Vereadores de Rolim de Moura, Junhinho do Frigorífico, apresentaram um contraproposta com dois pontos básicos: um, é que a indenização adicional seja a mesma paga pelo frigorífico Marfrig que recentemente fechou sua unidade de Chupinguaia; o outro, é que as parcelas do seguro desemprego utilizadas durante o lay off, sejam pagas como verbas indenizatórias, a exemplo de recentes acordos de lay off fechados na indústria automobilística.

Houve vários momentos de tensão antes e durante a assembleia, diante da postura truculenta da administração do JBS Friboi que não permitiu a entrada do ex-empregado Cleiton, líder do movimento de oposição sindical e representante da CUT em Rolim de Moura. Diante desta atitude, o presidente da CUT se recusou inicialmente a entrar e também o presidente da Câmara; sendo que a imprensa foi proibida de registrar a assembleia, que era uma atividade dos trabalhadores e não do frigorífico. Posteriormente, para evitar maiores prejuízos aos trabalhadores, o presidente da CUT entrou e foi alvo de uma atitude inusitada por parte da gerente de RH do JBS, de nome Cecília, que tentou tomar a força o microfone nas mãos do presidente da Central, para impedi-lo de falar, só não conseguindo o seu intento porque o sindicalista resistiu ao assédio.

A assembleia aprovou por ampla maioria a proposta de suspensão das demissões por cinco meses, acrescidas da contraproposta em relação a indenização adicional nos moldes da que foi paga no Marfrig e da indenização das parcelas do seguro desemprego conforme tem acontecido nas montadoras. Para o presidente da CUT, Itamar Ferreira, os funcionários, que estão livres para optar pela demissão ou não, terão mais vantagens em não pedir demissão neste momento e aguardar as negociações com o JBS Friboi ou uma decisão judicial, pois poderão ter as verbas indenizatórias ampliadas. Por exemplo, o Friboi está propondo apenas três meses de cesta alimentação enquanto que no Marfrig foram seis meses; além de indenização adicional de um a três salários mínimos. Quem pedir demissão neste momento, receberá apenas três cestas alimentação e nenhum salário adicional. Há um recio dos trabalhadores de um eventual calote, mas não há o menor risco disto acontecer, pois o JBS Friboi é um dos mais sólidos grupos empresariais do pais na atualidade.