Porto Velho, Cuiabá e Rio lideram mortalidade por Covid entre as capitais

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Cemitério de Porto Velho/G1

SÃO PAULO – Um comparativo entre as capitais brasileiras mostra que Cuiabá, Rio de Janeiro e Porto Velho tiveram o maior número de mortos por Covid-19 no país, proporcionalmente ao número de habitantes, até o último dia 18 de outubro. O levantamento feito pela Infotracker, plataforma que reúne pesquisadores das universidades USP e Unesp, mostra que o Rio de Janeiro teve o segundo pior resultado do período, com 516 óbitos por 100 mil habitantes. Cuiabá lidera a lista, com 575 mortos, e Porto Velho fica em terceiro lugar, com 475 mortes por 100 mil habitantes.

Das 27 cidades listadas, incluindo Brasília, 20 tiveram coeficiente de mortes acima da média nacional, que está em 287 mortes por 100 mil habitantes. Maior cidade da América Latina, São Paulo ficou em 17º lugar, com 315 óbitos. Os menores números de mortes, quando comparado ao tamanho da população, foram registrados em Palmas (183 óbitos por 100 mil/hab), seguida por Florianópolis (215) e São Luís (234)

O professor Wallace Casaca, responsável pelo levantamento, afirma que as capitais têm a desvantagem de serem aglomerados urbanos, o que facilita a disseminação do vírus. Em contrapartida, assinala, são elas que reúnem o sistema de saúde mais robusto, o que contribui para reduzir a mortalidade hospitalar.

Também influencia nos resultados a adesão da população ao isolamento e distanciamento social e ao uso de máscaras de proteção, além das políticas implementadas pelas prefeituras no enfrentamento da pandemia. Casaca afirma que a velocidade de imunização é um fator importante a ser considerado após o início da vacinação no país.

Resultados da vacinação rápida

O levantamento mostra ainda que, a partir do início da vacinação, a proporção de mortes em relação ao número de moradores despencou.

Em São Paulo, por exemplo, no primeiro trimestre da vacinação (17 de janeiro a 18 de abril de 2021) teve 73 mortes por 100 habitantes. No trimestre de 17 de julho a 18 de outubro, o coeficiente baixou para 33 — 55% de redução.

Em Fortaleza, onde 100% da população adulta já está com esquema vacinal completo, o coeficiente baixou de 104 para 14 se considerados esses mesmos trimestres – uma queda de 87%.

No Rio, o coeficiente ficou em 78 no último trimestre analisado. Casaca lembra que o município enfrentou recentemente um surto da variante Delta, o que impediu uma redução na mesma ordem dos demais municípios.

– A velocidade da vacinação é determinante no controle da doença e na redução de mortes, mas a flexibilização do distanciamento social e das medidas de prevenção também influenciam – explica Casaca.

O levantamento mostra que as capitais que alcançaram o maior percentual de população adulta com esquema vacinal completo até o último 18 são Fortaleza (100%), São Paulo (98%) e Vitória (95%). No Rio, o percentual era de 77% até essa data.

Casaca observa que os piores desempenhos de vacinação estão no Norte do país. As cinco capitais com percentuais mais baixos de adultos completamente imunizados estão na região. Macapá e Boa Vista ainda não conseguiram vacinar ainda metade da população adulta, com percentuais de 40% e 44% com esquema vacinal completo, respectivamente. Rio Branco estava com 52% dos adultos completamente imunizados até o último dia 18, Porto Velho com 55% e Palmas com 56%. Na média de todo o Brasil, o percentual está em 65%.

Rio tem apenas 186 internados com Covid, diz secretário de Saúde

Daniel Soranz, secretário municipal de Saúde do Rio, explica que a alta mortalidade ocorrida no município pode ser atribuída a dificuldade de acesso a leitos durante 2020, quando hospitais de campanha não ficaram prontos ou acabaram ofertando um número de leitos muito abaixo do que deveriam, como ocorreu com a unidade do Riocentro, que deveria receber 500 pacientes e teve apenas 120 leitos.

Segundo ele, a rede de atenção básica à saúde não funcionou para fazer diagnóstico e identificação dos casos de Covid-19 de forma satisfatória, para permitir que os pacientes tivessem acompanhamento médico adequado.

– 2020 foi um ano muito difícil para a cidade – diz Soranz.

O secretário observa também que a configuração da cidade, com inúmeros aglomerados, dificulta o isolamento e o distanciamento social.

– Os indicadores das últimas oito semanas mostram que a Covid -19 está controlada. A taxa de transmissão hoje é de 0,65 e dos 6.628 pacientes internados em toda a cidade, apenas 186 estão com Covid, o que significa menos de 3% das internações – diz ele.

Flávia Guimarães, gerente de Vigilância Epidemiológica de Cuiabá, afirma que a proporção de mortos por 100 mil habitantes sempre esteve mais alta do que a média do estado e, em alguns momentos, no país, mas não foram identificados fatores que justifiquem os números. A entrada da variante Delta no município foi identificada em agosto passado, por laboratório privado, e confirmada pela rede pública de saúde neste mês de outubro.

– Não há uma causa clara para essa proporção de óbitos. Nos últimos 30 dias, porém, o número de mortes caiu 50% e a taxa de transmissão atual está em 0,84, abaixo de 1. No auge da pandemia chegamos a registrar taxa de transmissão de 2,5 – diz ela.

A Prefeitura de Porto Velho informou em nota que adotou medidas de prevenção e atendimento à saúde, mas que a quantidade de vacinas recebidas foram baixas justamente quando a cidade enfrentava a segunda onda do coronavírus. Ressaltou ainda que apenas nesta semana os estabelecimentos comerciais voltaram a abrir normalmente, ainda obedecendo as medidas sanitárias.

Fonte: Yahoo Notícias