Polícia militar e pistoleiros atiram contra acampamento Manoel Ribeiro em Chupinguaia

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Policiais militares e pistoleiros da fazenda Nossa Senhora Aparecida cometeram no dia 29 de janeiro uma série de crimes no entorno do acampamento, localizado na área rural de Chupinguaia, na divisa com o município de Corumbiara. Duas viaturas da PM, sendo uma do Grupo Especial de Segurança na Fronteira (Gefron) e caminhonetes do latifúndio rondaram ostensivamente as áreas revolucionárias vizinhas Maranatã 1 e 2 e Zé Bentão. Invadiram propriedades de camponeses para arrancar bandeiras da LCP e do Acampamento Manoel Ribeiro; as mesmas bandeiras da Revolução Agrária que apavoram latifundiários, enchem de esperanças camponeses e democratas no Brasil e no mundo. Policiais e pistoleiros em três caminhonetes descaracterizadas pararam moradores de forma intimidatória e ameaçadora, como se os camponeses e os acampados fossem criminosos. Para um morador, perguntaram se ele estava indo para o acampamento e ameaçaram: “Se você tivesse indo pro acampamento estava indo pro lugar errado, o pessoal lá vai se dar mal.” Moradores da região reconheceram policiais sem fardamento e sem identificação junto dos pistoleiros da fazenda.

Pouco depois, tarde da noite, as viaturas se aproximaram do acampamento Manoel Ribeiro e realizaram diversos disparos de pistola na direção da entrada. Mais um fato criminoso que comprova o que os camponeses sempre denunciam: as polícias atuam como pistoleiros do latifúndio!

Esses crimes da polícia militar, ao contrário de intimidar os camponeses, fez crescer o espírito de resistência das famílias do acampamento Manoel Ribeiro. Os camponeses seguem firmes na luta pelo restante da antiga fazenda Santa Elina, apoiados por camponeses e pequenos comerciantes da região.

A imprensa lixo, a soldo do latifúndio, tem vomitado suas mentiras para tentar criminalizar, desmoralizar e isolar os camponeses. Recentemente, algumas matérias caluniam que os acampados causaram prejuízo aos camponeses vizinhos furando pneus de seus veículos. Mentira descarada! Quem causa prejuízo aos moradores da região e à nação é o latifúndio ladrão de terras, que assassina indígenas e camponeses para monopolizar a terra para produzir só para exportação, enquanto o povo tem que pagar R$10 por um litro de óleo de soja e não pode comer carne, mesmo em Rondônia tendo mais boi que gente. Quem causa prejuízo aos moradores da região é o latifúndio que passa veneno de avião, intoxicando o povo, contaminando rios e solos, destruindo lavouras camponesas e até matas. Quem causa prejuízo aos moradores da região é o Ibama e a Sedam que aplicam multas extorsivas, apreendem motosserras e outros instrumentos de trabalho de camponeses e pequenos madeireiros. Quem causa prejuízo aos moradores da região é o latifúndio que acaba com as estradas e pontes com suas carretas pesadas sem pagar um centavo de imposto, isentos que são pelos governos de plantão. Quem causa prejuízo aos moradores da região é o latifúndio que não compra um prego sequer no comércio local. Quem causa prejuízo aos moradores da região é a polícia com suas operações criminosas que humilham os pobres e apreende suas motos e armas de caça.

E enganam-se os reacionários que pensam que o povo esqueceu os crimes que o latifúndio, a polícia e a sua “justiça” fizeram contra as famílias que ousaram tomar a fazenda Santa Elina, em 1995. Por tudo isso, tirando um ou dois puxa-sacos do latifúndio, a maioria absoluta dos camponeses e comerciantes da região e dos municípios vizinhos apoia materialmente, encoraja e torce pelos camponeses do acampamento Manoel Ribeiro.

Responder o aumento da repressão com mais resistência e solidariedade

Camponeses denunciam que o latifúndio Nossa Senhora Aparecida aumentou o número de pistoleiros, inclusive viram elementos uniformizados e com uma vestimenta que parecia colete à prova de balas. Há 3 dias, pistoleiros fizeram dezenas de disparos de arma de fogo contra o acampamento.

Mas onde existe opressão, existe resistência! Longe de se amedrontarem, as famílias elevam sua organização e preparação, conscientes da justeza de sua luta, ainda mais agora em meio a maior crise econômica e política da história, agravada pela pandemia de Covid-19.

Os camponeses seguem clamando pelo apoio ativo de todos camponeses, trabalhadores, pequenos e médios comerciantes e democratas. E seguem reafirmando: “Queremos viver em paz, mas se nos oferecerem guerra, terão guerra! Nós não sairemos de nossas terras! Estamos unidos e organizados! Se moverem aparato de guerra contra nós, para tentar nos tirar da terra, tenham certeza que resistiremos com unhas, dentes e da forma que pudermos.”

“Essas terras estão regadas com sangue dos camponeses que heroicamente resistiram e lutaram por elas em 1995 e dos povos indígenas chacinados por latifundiários e seu velho Estado. E se for necessário, juntaremos nosso sangue ao desses heróis. Assim como os combatentes de Santa Elina em 1995, hoje 25 anos depois gritamos com firmeza: Nem que a coisa engrossa, essa terra é nossa!”

Todas as terras da antiga fazenda Santa Elina agora são do povo!

Lutar não é crime!

O povo quer terra, não repressão!

Conquistar a terra, destruir o latifúndio!

Terra para quem nela trabalha!

Viva a Revolução Agrária!

Assembleia Popular do Acampamento Manoel Ribeiro

CDRA – Comitê de Defesa da Revolução Agrária do Acampamento Manoel Ribeiro

LCP – Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e Amazônia Ocidental

Encaminhamos denúncia divulgada no SITE RESISTÊNCIA CAMPONESA da LCP/RO de mais um ataque cometido contra os camponeses do Acampamento Manoel Ribeiro, em Chupinguaia/RO.
Os camponeses da área Manoel Ribeiro denunciam que o latifúndio N. S. Aparecida e agentes estatais têm cometido inúmeros crimes como:
1) o de uso indiscriminado de agrotóxico contaminando rios e solo de propriedades vizinhas, causando intoxicação de inúmeros camponeses;
2) atuação de pistolagem na área do acampamento e em assentamentos vizinhos;
3) Abordagens ilegais contra diversas famílias de áreas vizinhas e no entorno do acampamento, e por fim;
4) Ataques ao acampamento, inclusive com a utilização de munição letal contra os acampados.
Solicitamos ao Ministério Público Federal, Defensoria Pública e organizações de solidariedade que acompanhem in loco as diversas agressões que tem ocorrido e ao mesmo tempo solicitamos às organizações de classe e da imprensa democrática a ampla repercussão da denúncia em tela. Os fatos relatados encontram-se publicados no link abaixo.
Atenciosamente,
Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos
CEBRASPO

Escrito por Resistência Camponesa|Publicado 30 de janeiro de 2021