Desde o incêndio no campo de Moria, onde moravam quase 13 mil refugiados, milhares de pessoas montaram barracas em estacionamentos de supermercado e margens de estradas.
A polícia iniciou nesta quinta-feira (17) uma operação na ilha de Lesbos, na Grécia, para transferir milhares de migrantes a um novo campo instalado em caráter de emergência. Os migrantes estavam nas ruas desde os incêndios que destruíram na semana passada o campo de Moria, onde moravam quase 13 mil pessoas.
Às 7h locais (1h em Brasília), a polícia começou a acordar os migrantes, barraca por barraca, para levá-los ao novo campo. Os migrantes começaram a reunir os poucos seus pertences e a desmontar as barracas improvisadas nas ruas, em estacionamentos de supermercado e nas margens de estradas.
Quase 1.200 exilados já entraram no campo de emergência, instalado em uma área próxima das ruínas de Moria, afirmou à AFP o ministério das Migrações.
O acesso ao novo campo foi barrado aos jornalistas e aos funcionários da ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF).
O porta-voz da polícia, Theodoros Chronopoulos, afirmou que a operação tem fins humanitários. “O objetivo é proteger a saúde pública”, declarou à AFP.
Incêndios
Moria, o maior campo de migrantes da Europa, criado há cinco anos em plena crise migratória, foi totalmente destruído por incêndios, provocados intencionalmente de acordo com as autoridades gregas, na madrugada de 8 para 9 de setembro. Seis jovens migrantes afegão detidos e quatro deles foram acusados por “incêndio voluntario”.
O fogo teria começado após uma revolta de alguns solicitantes de asilo que seriam colocados em isolamento depois de testar positivo para o novo coronavírus ou entrar em contato com uma pessoa infectada.
Mais de 3 mil barracas, milhares de contêineres, escritórios administrativos e uma clínica dentro do acampamento foram atingidos pelas chamas.
As autoridades gregas e a Organização das Nações Unidas (ONU) iniciaram no sábado a construção de um novo campo para abrigar os refugiados e onde os procedimentos de asilo poderiam ser retomados.
O objetivo do novo campo, “temporário”, é que os refugiados “possam progressivamente e de maneira calma deixar a ilha para seguir a Atenas ou ser instalados em outro lugar”, afirmou o representante do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) na Grécia, Philippe Leclerc.
No entanto, muitos migrantes se recusam a entrar no novo campo, pois temem permanecer retidos durante meses à espera de uma eventual transferência ao continente grego ou outro país europeu.
Fonte: G1