PORTO VELHO- São tempos abomináveis de desestímulo e repressão à cultura. Para acabar com uma roda de samba o estado mobilizou um aparato policial desarrazoado e vergonhoso. Com um enorme aparato policial, utilizando uma frota de carros, a PM de Rondônia foi acionada para acabar com uma roda de samba no Bar do Calixto, tradicional ponto de encontro da cultura em Porto Velho.
“Uma operação militar pesada que constrangeu a todos. Escudos, armas, cassetetes, mais de 12 viaturas em visível ato de #repressão. Uma operação digna de combater narcotraficantes, contraventores. Uso de força e poderío bélico desmedido pra inibir e fazer parar uma roda de samba, um absurdo isso! O Estado bem poderia fazer uso desse forte aparato para combater o desmatamento, a agressão a comunidades indígenas desprotegidas, o desmatamento, o garimpo ilegal, o tráfico e outras tantas mazelas. Foi um ato covarde, “repressivo” e vergonhoso!”, disse Altair Tatá, frequentador assíduo do lugar.
“Foi uma ação intimidatória pra ‘silenciar a batucada dos nossos tantãns’. Quem viu pensou se tratar de uma operação de caça a traficantes que mantém negócios com políticos e forças policiais”, disse Luciana Oliveira.
A Corregedoria da PM, por exemplo, investiga um ex-comandante de BPM preso ao escoltar caminhão com madeira ilegal. Foi lógica operação para conter o samba num reduto tradicional de cultura da capital.
O estado age na contramão do seu dever constitucional:
Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais. Quem sabe o valor da cultura não esqueça dessa página infeliz da nossa história.
Fora, Bolsonaro
Na noite de sexta-feira, em Brasília, a Polícia Militar do Distrito Federal invadiu uma festa de aniversário após vizinhos denunciarem se tratar de pessoas contrárias ao Bolsonaro. O presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Câmara Legislativa do DF, deputado Fábio Félix (Psol), acionou o comando-geral da Polícia Militar de Brasília (PMDF) cobrando explicações sobre o episódio em que policiais invadiram o aniversário do jornalista Silvio Costa, editor do site Congresso em Foco, e o forçaram a prestar depoimento na delegacia. A Polícia Militar acabou com o evento após os convidados gritarem “Fora Bolsonaro” e “Ei, Bolsonaro, vai tomar no c*”.
No caso dos sambistas, o único crime que poderiam ter cometido seria desafinar. Mas, isso com umas três cervejas na cabeça passaria desapercebido.
Fonte: Mais RO com informações de Luciana Oliveira e Metrópoles.