‘Não temos os mesmos eventos climáticos da cheia de 2014’, diz diretora do IMC sobre Rio Madeira e risco de isolamento do AC

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Governo acriano garantiu que já está se mobilizando para evitar prejuízos de possível enchente e isolamento (Foto: Mariana Areias/Arquivo Pessoal )

Usina de Jirau pode evitar que a BR-364 seja alagada,segundo o coordenador da Defesa Civil Municipal. Governo do Acre garantiu que ações já estão sendo desenvolvidas para o caso de um possível isolamento do estado.

Apesar do grande volume de chuvas e do aumento do volume de água no nível do Rio Madeira, em Rondônia, a diretora do Instituto de Mudanças Climáticas e Regulação de Serviços Ambientais do Acre (IMC), Veras Reis, afirmou que ainda não há as mesmas condições climáticas que causaram a enchente de 2014, que deixou o Acre isolado por terra.

A declaração foi dada em coletiva de imprensa na Casa Civil, nest sexta-feira (12), para falar sobre as ações do governo acriano diante de um possível transbordamento do Madeira, alagamento da BR 364 no Distrito de Abunã e isolamento do estado acreano. Além de Vera, a governadora em exercício, Nazaré Araújo, e o coordenador da Defesa Civil Estadual, coronel Carlos Batista, falaram sobre o assunto.

“Nos últimos 30 dias, tivemos mais de 350 milímetros de chuvas na região, motivo dessa oscilação do Rio Madeira em Abunã, que vem se elevando. Estamos com uma zona de convergência direcionando chuvas para essa área, provavelmente dure alguns dias. No entanto, não temos os fenômenos climáticos que forçaram a inundação de 2014 atuando neste momento”, afirmou Vera.

O coordenador da Defesa Estadual, disse que todo o trecho da BR-364 inundado em 2014, que corresponde a uma extensão de 25 quilômetros, passou por uma vistoria dos órgãos acrianos esta semana. De acordo com ele, em alguns trechos, a lâmina d’água do Rio Madeira já está bem próximo da única rodovia que liga o Acre ao restante do Brasil, mas que ainda não há riscos eminentes por enquanto.

“Desde 2015, a Usina de Jirau faz a regulação do nível dessa água. Quando a água está se aproximando da pista, eles [usina] aumentam a vasão e o nível diminui. Mas, se houver chuvas de grandes proporções na bacia do Madeira, pode ocorrer inundação, desde que a usina não faça a regulação. A Defesa Civil de Rondônia está fazendo esse acompanhamento”, declarou Batista.

O coronel afirmou que o Rio Madeira atingiu a marca de 19,96 metros em Abunã nesta sexta. Apesar da lâmina d’água estar há apenas 80 centímetros da BR-364 na região. Batista lembrou que em 2015 o nível chegou a 21,85 metros e que a Usina de Jirau conseguiu dar vasão a todo o volume de água naquele ano, o que afasta, por enquanto, o risco de isolamento terrestre.

Ações

A governadora em exercício, Nazaré Araújo, garantiu que toda a estrutura do Estado já está sendo mobilizada para preparar ações e se adiantar para um cenário de possível enchente e isolamento. Ela garantiu que o governo acreano já entrou em contato com a Presidência da República e Agência Nacional das Águas (ANA) para a criação e instalação de uma Sala de Controle em Rio Branco.

Nazaré afirma que o Acre solicitou ao governo federal e ANA a emissão de um comando para que a Usina de Jirau faça a vazante e regulação das águas do Madeira. “Queremos o mesmo tratamento do princípio federativo que garante a valoração e bem estar da nossa população. Queremos regulação do sistema para que a oferta de energia não prejudique e nem isole o Acre”.

A governadora em exercício afirmou ainda que o governador de Rondônia, Confúcio Moura (PMDB), assinou com ela um documento que pede à Presidência da República, em caráter prioritário, uma atenção sobre a situação que os estados vivem atualmente. Nazaré falou ainda que há uma grande mobilização na Comissão Estadual de Risco para se preparar para um cenário crítico.

Cheia histórica do Madeira e isolamento do Acre

Em 2014, o Rio Madeira registrou sua cheia história, ultrapassando os 19 metros. Por isso, o Acre ficou isolado via terrestre, uma vez que a BR-364 foi inundada. Em abril daquele ano, o governo acreano chegou a decretar calamidade pública.

Na época, os acreanos enfrentaram o racionamento de diversos alimentos nas prateleiras, além de gás de cozinha e combustíveis, o que gerou grandes filas de veículos nos postos. O Estado foi obrigado a importar alimentos, insumos e outros do Peru por meio da Estrada do Pacífico.

Do G1 Acre