Na Tribuna do Senado, Confúcio Moura sugere políticas para a redução da pobreza na Região Norte

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Para o senador, a atuação da Embrapa no bioma cerrado há 50 anos é uma boa referência para a região e o Centro de Biotecnologia da Amazônia – CBA pode ser a instituição protagonista 

Em discurso no Senado Federal nessa quarta-feira, 20, o senador Confúcio Moura (MDB-RO) chamou a atenção para o excesso de exposição do tema Amazônia na imprensa nacional e internacional. Para ele, fala-se muito e pratica-se pouco. “Vimos, ontem, o Presidente Lula, na ONU, falar sobre a Amazônia, sobre a importância da Amazônia para o mundo. Talvez a palavra mais falada no mundo seja Amazônia, mas de tanto falarmos, às vezes, nos esquecemos dela”, disse.

Citando os últimos dados sobre o desmatamento na região, o parlamentar se disse satisfeito com as medidas tomadas Ministério do Meio Ambiente, na pessoa da ministra Marina Silva. “Quero comemorar a redução do desmatamento neste último ano, depois da posse do Presidente Lula e da gestão da Marina Silva, uma redução de 48% do desmatamento. Esse é um bom prenúncio, um bom sinal, quer dizer que nós estamos no caminho certo para reduzir o desmatamento na Amazônia”, comemorou.

Para o parlamentar, controlada a devastação é hora de pensar na mitigação da desigualdade enorme que há na região. “A região continua padecendo da maior desigualdade no país. Comparativamente com outras regiões, nós somos, assim, a região que tem os piores indicadores econômicos e sociais do país. Quando falamos, por exemplo, em saneamento básico é extremamente chocante! Em Rondônia, a capital Porto Velho tem apenas 2% de esgoto tratado. Em 98% das casas, cada um se vira como pode. O percentual de água tratada ainda está um pouco melhor, mas o esgoto sanitário é realmente precaríssimo”, afirmou.

Embora se tenha estudos sobre como combinar geração de renda com desenvolvimento sustentável, ainda são incipientes as políticas públicas sistemáticas que tenha este objetivo. “Então, diante desse quadro, muitas universidades do Norte têm estudado muito a desigualdade da renda e a questão ambiental. A Nazaré, uma antiga professora da Universidade do Pará, nos anos 80 e 90, trabalhou em um projeto integrador de como desenvolver essas comunidades de tal forma que eles tivessem renda para evitar o impacto sobre o meio ambiente” ressaltou Confúcio Moura.

Na avaliação do senador, quando Fernando Henrique criou, anos atrás, em Manaus, o Centro de Biotecnologia da Amazônia, foi criada as condições para o desenvolvimento orgânico e sustentável da Amazônia. “O CBA seria a Embrapa da Amazônia. Naquela época a tese defendida era a de que a gente contrataria muitos pesquisadores do Brasil e do mundo. Seriam pesquisadores de nome, de currículo bom, para pesquisar a biodiversidade amazônica, para analisar as potenciais fontes de riqueza que nós teríamos por ali. O CBA é um prédio bonito, muito bonito. Devido à pouca ocupação, hoje é prédio que precisa de reformas. E, agora, mês passado o Vice-Presidente Alckmin esteve lá em Manaus e colocou uma organização da sociedade civil para gerir o Centro de Biotecnologia da Amazônia. Creio que agora é para valer”, acredita o parlamentar.

O desenvolvimento da Amazônia não é uma obra do acaso, algo de repente. O progresso do Cerrado, conduzido pela Embrapa, levou 50 anos. Essa é a mesma lógica que deve nortear a ação na Amazônica, acredita Confúcio Moura. “Olha a revolução que foi feita no Cerrado brasileiro. O caminhão, às vezes, até atolava na areia. Eu jamais imaginei que um dia fosse plantar soja na areia. E hoje você vê, não tem uma terra plana no cerrado brasileiro, desde lá do Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, aqui o Tocantins, a ponta de Rondônia, todo esse cerrado hoje corrigido com calcário, com adubação, hoje é a região produtora de soja, produtora de milho, produtora de algodão.  Isso tudo em 50 anos de trabalho da Embrapa”, enfatizou o senador.

Para o parlamentar, o CBA tem que ter essa ambição de ser o que foi a Embrapa para o cerrado, com o novo nome de Centro de Biotecnologia da Amazônia, fazer pesquisas sérias, para que os produtos da Amazônia possam conquistar mercados com a grife de sustentabilidade. “Precisamos de um Sebrae também, para orientar as comunidades, para treinar, para capacitar. Os Institutos Federais, também têm que preparar a juventude, com uma nova concepção do que seja a Amazônia verdadeira. E com preservação! Nós queremos plantar florestas onde estão as áreas degradadas também”, disse Confúcio.

Segundo o senador, não é possível que o CBA seja mais uma prorrogação do que foi no passado. Já passaram 20 anos e nada. O que é uma pena, a região já podia estar em outro patamar hoje. “A Embrapa, precisa de dinheiro. O CBA tem dinheiro? Olha, nós todos aqui somos da Amazônia. A Suframa tem dinheiro. Todo fim de ano, ela tem um superávit importante das taxas de arrecadação que ela faz nos Estados da Amazônia Ocidental. Mas, chega no fim do ano, sabe o que acontece com o dinheiro? É contingenciado e vem para superávit primário. É vergonhoso tirar dinheiro da pobreza. Esse dinheiro tem que ficar, para investimento e pesquisa, lá no CBA! ”, concluiu Confúcio Moura.