MESSIAS BOLSONARO E OS BALCÕES DE NEGÓCIOS

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Fábio Marques, jornalista

Por Fábio Marques (*)

A cada dia que passa, mais e mais vai rolando esgoto abaixo o discurso pautado na ética, na moral e nos bons costumes do presidente Messias Bolsonaro. A nobreza de ideais, a largueza de vistas, a posição contrária aos conchavos da política e a pregação de que não iria negociar acordos com os “’macacos velhos” do Congresso revelam-se agora apenas como arrotos de palanque. O Capitão Bolsonaro e sua troupe de farsantes mentiram para a elite burguesa e para o populacho ingênuo que votaram nos novos ajustes de conduta na política nacional. Tudo como antes no quartel de Abrantes. A práxis política espúria continua a dar as cartas. Mudaram os nomes, mudaram os partidos. Só não mudaram os arranjos e esquemas imorais nos balcões de negócios da política corrupta que assola este paizeco. Após enganar com tesouros de tolos o público que o elegeu, Messias Bolsonaro agora arreganha a bunda em honoris causa para os patifes do Congresso e negocia valores para a votação da reforma no sistema do INSS.

No início dos anos 80, o genial cineasta Glauber Rocha, em entrevista para um jornal de vanguarda da época, já batera o martelo: Ganhando o PDS, o PFL , o PT ou o PSDB, quem sempre vai mandar neste Brasil vai ser o marginal e promíscuo MDB. Num ensaio sobre este assunto após a eleição do Capitão Bolsonaro, este pobre e deplorável escriba já havia cantado a pedra. O problema é que a ignorância dos inocentes úteis, incluído aí até alguns bacanas com diplomas de faculdade, se recusam a enxergar a lógica das coisas.

Que se atente: quem patrocina o governo Bolsonaro não é o populacho e sim a elite burguesa de ultra-direita do Brasil e os “Istêites”. Esta mesma elite burguesa e os Istaduzunidus já fizeram em tempos imemoriais o golpe militar do qual muitas vidas foram ceifadas. Muitos jornalistas e intelectuais foram para as cucuias apenas porque tinham alto patamar de cultura e ter cultura aquela época era um perigo para os linhas-duras, arrogantes, grotescos e fascistas que mandavam nestes Brasis poucos sabidos. A educação na época dos milicos era tida como um privilégio que não devia estar ao alcance de todos, pois conhecer demais é ponto de partida para questionar. O Dops e o Doi-Codi estava sempre cheio de menores presos por qualquer coisa na escola, como sendo suspeitos de subversão. O Planeta estava em efervescência cultural. Era a época dos Beatles, dos Rolling Stones, do Pink Floyd, do Led Zeppelin, do Creedence, do Supertramp, do Chico Buarque, do Caetano Veloso, do Raul Seixas, do Geraldo Vandré. Aliás, este último foi preso, sofreu tortura e lavagem cerebral por parte do Exército. A tortura chegava aos extremos. As pessoas ficavam sem comer, sem tomar água, sem ver advogados, família ou amigos. Ficavam numa cela de um metro e meio ouvindo suas músicas a todo o volume 24 horas e quando caiam no sono, jogavam água gelada para acordar ou davam eletro-choques nos pés ou na área escrotal. Foi este regime que facilitou a construção dos governos corruptos que se passaram e agora está passando outra vez como uma novela da série “Vale a Pena Ver de Novo”.

(*) Fábio Marques é jornalista de Guajará-Mirim (RO)