Bolsonaro perde seu ministro mais popular e ganha um forte adversário para as eleições de 2022. Boa parte dos bolsonaristas já está aderindo imediatamente a Moro nas redes sociais. A parte que fica no ninho está atônita, desnorteada. Para piorar a situação de Bolsonaro, há a crise econômica não debelada pelo ministro Paulo Guedes, conforme o prometido, e agravada pela pandemia do novo coronavírus.
Não se vislumbra uma solução econômica de curto prazo e quanto mais sangrar a economia, mais sangrará o eleitorado de Bolsonaro com o tempo em direção ao seu ex-ministro da Justiça e agora potencial candidato a presidente da República. A demissão de Moro mexe com todo o quadro eleitoral de 2022.
Uma visada sobre o espectro políticos mostra que o centro ganhou talvez o mais forte possível candidato do grupo. Mas com um perfil de centro-direita. A centro-esquerda e a esquerda saem quase tão feridas quanto Bolsonaro. Ganharam um adversário forte capaz de unificar a direita não-bolsonarista e boa parte do centro.
Tudo junto e misturado, Moro deixa a esquerda assustada e os bolsonaristas da extrema direita conservadora completamente perdidos. É a maior tragédia para o bolsonarismo, no pior momento.
Tales Farias – COLUNISTA DO UOL