ELEIÇÕES RONDÔNIA 2022 Se ficar o bicho come…

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Neste momento de posicionamento de pré-candidatos para o governo de Rondônia, tudo parece indicar uma vitória esmagadora do governador Marcos Rocha (União Brasil). Parece. Juntou-se num mesmo balaio um conjunto de forças com inegável poder eleitoral naquilo que é essencial: base política, recursos financeiros e, inegavelmente, a máquina governamental.

Difícil, numa análise imediatista, enxergar qualquer pré-candidatura com capacidade para enfrentar essa formação de forças titânicas, rara na política regional, mas concebida para, exatamente, exercer o seu poder esmagador sobre quaisquer outros.

Claro que o contexto de polarização tem o poder de eliminar os tons de cinza e reforçar os pretos e os brancos do caleidoscópio partidário reforçando, conforme o lado do balcão em que se está, o “nós contra eles”.

Esse elemento crucial para a análise da situação em Rondônia, busca responder a uma pergunta que não quer calar: afinal, a quem Bolsonaro vai apoiar em Rondônia? O “seu” governador que, por sobrevivência, trocou de partido – e para um partido que lhe faz oposição formal – ou o “seu” senador que, também por sobrevivência, trocou de partido – mas para o partido do presidente?

Rondônia é majoritariamente bolsonarista, ainda que bem menos do que há quatro anos, e ainda que isto possa contrariar muitos dos grupos que se engalfinham na disputa. E ter o apoio direto do presidente aponta claramente, no contexto de Rondônia, para uma vitória arrancada no grito – mas é uma vitória, que é o que interessa.

O governador Marcos Rocha terá enorme dificuldade, senão impossibilidade, de colocar Bolsonaro em seu palanque, daí a montagem do imenso balaio aonde todos vão lutar contra todos, literalmente. Não entendeu?

É evidente que todos os integrantes do imenso balaio vão disputar os mesmos votos entre si. Isto será fratricida, representa um enorme erro de estratégia e que vai custar caro para alguns próceres em pleno mandato.

E esses votos, ainda que regionalizados, estão imantados e amalgamados pelo mesmo verniz da polarização da direita. Quer ver? O presidente da ALE, deputado Alex Redano (Republicanos), terá feroz disputa em seu quintal eleitoral, com pelo menos meia dúzia de outros candidatos do mesmo matiz. Se forem contabilizados os eleitores do outro lado da polarização, o funil se acentua.

Então, não basta ser presidente da ALE, fazer parte de uma coalizão, frentão ou tratorzão oportunista, cheio de recursos e poder. É preciso compreender como a polarização cristaliza e aglutina uma tendência, e dilui e esfarela outras tantas, empurrando o eleitor para uma decisão que pode ser o tiro que vai sair pela culatra para boa parte desse grupo meticulosamente costurado na Casa Civil.

O senador Marcos Rogério (PL), mais que pré-candidato, é um político que precisa desta janela eleitoral para aglutinar forças em torno do seu nome, mas com o poder de gravidade do nome do seu chefe político que manda no país. Não tem nada a perder, só ganhar, por isso, deixar de disputar seria insanidade eleitoral.

Você, eleitor rondoniense, bolsonarista, votaria no senador bolsonarista Marcos Rogério, ou no governador ex-bolsonarista mas dono da caneta, da máquina, da assembleia e que pode se dar muito bem com o presidente se ambos forem reeleitos? Dúvida cruel.

Bem, existe um espaço, mesmo que estreito mas com força para um nocaute em segundo turno, para um pré-candidato que não seja nem de lá, nem de cá da polarização, mas que consiga posicionar-se não como uma terceira via e sim como uma alternativa que incorpore em seu programa mudanças estruturais na nossa economia altamente concentradora de renda.

Lembre-se, temos mais de 300 mil pessoas abaixo da linha da miséria em Rondônia, que não sabem o que vão comer hoje ou se vão comer amanhã. Mais 100 mil desesperados amarrados ao Auxílio Brasil em busca de um emprego, exaustos pelo subemprego, e outros 200 mil na economia informal.

E cerca de 700 mil eleitores são formados majoritariamente por miseráveis, desempregados, subempregados, iletrados, subletrados ou com apenas o ensino fundamental. Então, candidatos, qual é o seu programa para esta esmagadora maioria de rondonienses? A riqueza do agronegócio não conseguiu incluí-los e a nossa economia não tem capacidade para gerar empregos, renda e qualificação profissional.

Se correr o bicho pega…

José Bueno, do Preparo Político