DILMA DÁ SHOW DE COMPETÊNCIA E DEMAIS CANDIDATOS SE DIGLADIAM EM BUSCA DE VOTOS

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Com formato diferente, #DebateNaGlobo foi tenso e ao mesmo tempo divertido… Dez cenas e frases marcantes no embate entre os presidenciáveis… Com ânimo revigorado, Aécio ataca adversárias… Em baixa, Marina usa artilharia contra Dilma e Aécio… Eduardo Jorge e Luciana Genro exigem que Levy Fidelix peça perdão por declarações homofóbicas… ‘Você defende o aborto e as drogas, não tem moral’, respondeu a um e depois ao outro… E Luciana já chegou batendo na Globo

O derradeiro debate das eleições presidenciais de 2014 no Brasil não sairá tão cedo da memória política do País. O encontro entre sete candidatos no Projac, sede da TV Globo no Rio de Janeiro, realizado na noite desta quinta-feira (2), foi o mais quente e engraçado debate eleitoral até aqui.

Em um formato diferente logo de início, colocando os candidatos frente a frente no centro do palco, a Globo procurou não só ter um ‘algo a mais’ em relação aos outros debates feitos pela concorrência, mas também apimentar um pouco o confronto entre alguns polos dissonantes de antemão. E de início já havia um indício do que viria.

Ao seu estilo, Luciana Genro (PSOL) confrontou a presidente Dilma Rousseff(PT) sobre os escândalos da Petrobras e as alianças petistas com partidos de direita. Ao seu estilo, a candidata, que um dia compôs os quadro do PT, ainda criticou a Rede Globo, cobrando mais espaço.

Um aparte sobre Luciana é que ela não mudou o seu estilo e, possivelmente, teve a sua melhor participação nos debates de TV. Foi segura e alfinetou todos, com um tom menos agressivo do que em outros encontros.

Dilma foi alvo de todos os candidatos em algum momento dos quatro blocos. Com uma boa vantagem e posição assegurada no segundo turno – quadro mais provável hoje –, a petista procurou responder um a um os seus adversários. Contudo, em boa parte das questões fugiu do tema, como na questão do aborto. Em outras, desconversou ao somente enaltecer projetos da sua gestão.

O “filé mignon” do debate global foi mesmo o confronto eventual de Marina Silva(PSB) e Aécio Neves (PSDB), os dois postulantes ao desafio de ir ao segundo turno com Dilma. Mas foram poucas as vezes em que ambos se encontraram no púlpito. Quando isso ocorreu, tiveram os ataques contra o governo federal em comum.

Os temas? Petrobras, a demissão de Paulo Roberto Costa, inflação, programas sociais… Dilma diz que combate a corrupção, que demitiu Costa, controla a inflação e vai otimizar o Bolsa Família. Rivais discordam e “tabelam” para “desmenti-la”.

A grande questão repousa no fato de que Dilma, quando teve direito de escolher um candidato para perguntar entre os principais adversários, sempre procurou por Aécio. Coincidência? Não. No jogo político, o embate velado ou evitado denota algumas posições clássicas, a saber: 1-Respeito por um adversário; 2-Preferência por outro no segundo turno.

Seria exagero que Dilma estava com medo de Marina. Todavia, encarar a pessebista seria bem mais difícil do que lidar com a velha polarização com tucanos, mais fácil de ser batida. Apesar dessa “preferência” do PT, Marina pareceu serena, porém oscilando em determinados momentos.

Aécio, por outro lado, foi eloquente, mas demonstrou um certo destempero em alguns momentos e, quando pôde, lançou mão das suas frases prontas (falar do avô, projeto para o País sem ter lançado o seu programa de governo, só para citar dois pontos).

Assim sendo, é até leviano pensar em cravar um cenário. Tudo aponta para uma margem apertada, seja com uma queda final de Marina, adicionada a um índice de Aécio acima dos 22%, algo que ele nunca obteve antes mesmo da morte de Eduardo Campos.

Efeitos do debate

Não foi possível ignorar os confrontos entre Levy Fidelix (PRTB) e os demais, notadamente Eduardo Jorge e Luciana Genro. O candidato do PV o desafiou a pedir desculpas pela polêmica levantada pelo entusiasta do Aerotrem no debate da TV Record. Disso saiu um divertido bate-boca.

Com a rival do PSOL, Fidelix também abriu a sua caixa de ferramentas, botando nela a culpa por todo o lamaçal que ele se enfiou com suas próprias palavras.

Para não passar batido, Pastor Everaldo (PSC) também esteve presente, quase como figura decorativa. Repetiu o mesmo de sempre e só apareceu um pouco mais quando resolveu tabelar com Aécio para atingir Dilma.

O impacto deste debate, o último deste primeiro turno, poderá ser sentido nas pesquisas Ibope e Datafolha que serão divulgadas neste sábado (4), véspera das eleições.

Ou o Brasil faz história com uma disputa 100% feminina, ou retoma a conhecida polarização PT-PSDB. As cartas estão na mesa. O voto, com o eleitor.

Autor: Brasil Post | De Thiago de Araújo – Foto: ANDRÉ LUIZ MELLO/AGÊNCIA O DIA/ESTADÃO CONTEÚDO