COLUNA ZONA FRANCA

0
718

Os políticos e a cidade que queremos

A Coluna tem pautado nas últimas semanas temas de interesses da classe política do município de Porto Velho como forma de aprofundar o debate e, ao fim e ao cabo, querendo que os nomes que se apresentem para os eleitores, em outubro, sejam os melhores para administrar a cidade. Sabe-se que as disputas internas nos partidos para a escolha dos seus representantes não consideram as qualificações técnicas, morais e éticas dos interessados, mas prevalecem o poderio e a habilidade política deste ou daquele personagem – em geral, “o dono” da sigla.

Os políticos e a cidade que queremos 2

No entanto, estamos falando de Porto Velho, capital de um estado que parece estar imune às crises econômicas que assolam o país há décadas. Se isso é verdadeiro, também é verdade que blindagem da economia no estado favorece poucos setores – e nem sempre os que mais empregam, ou aqueles que têm mais compromisso com a melhoria da vida no município.

Os políticos e a cidade que queremos 3

Neste sentido, é razoável imaginarmos que o nível de exigência dos eleitores daqui seja mais elaborado do que daquele morador dos municípios pequenos. E isto deve ser considerado pelas lideranças partidárias na escolha dos seus candidatos. Um gestor que combine credibilidade pessoal, visão administrativa lógica, respeito à coisa pública, conexão com a cidade e ousadia não é exatamente usual nas ofertas feitas aos eleitores. Mas, sob o ponto de vista dos eleitores, esse critério deveria ser inegociável.

Os políticos e a cidade que queremos 4

Uma cidade com quase 500 mil habitantes gera demandas de dimensões razoáveis, em todas as áreas. Mas, atentem: cabem 22 Porto Velhos dentro da cidade de São Paulo. E são Paulo, parece, é absolutamente governável, mesmo não tendo 22 prefeitos para administrá-la. Ah, mas lá as receitas são imensas, dirão alguns. As receitas de lá são as mesmas, proporcionalmente, às daqui. Os valores per capita para a saúde, para a educação, segurança, merenda escolar, assistência social e outras são iguais.

Os políticos e a cidade que queremos 5

Portanto, a diferença está na forma como os gestores daqui e de lá tratam o mesmo real que possuem nos cofres das duas prefeituras. Na forma de potencializar ou não o uso deste real estão os compromissos políticos não-republicanos, de um lado, e o compromisso com a boa gestão e com o dinheiro público, no outro. No primeiro caso, a escolha de assessores (secretários) que se baseia nos critérios meramente políticos é um passo para o fracasso administrativo. Quando se tem compromisso com a boa gestão, assessores qualificados têm primazia na formação dos governos. Talvez isto explique a não necessidade de 22 prefeitos para administrar São Paulo.

Marco temporal

Áudios de WhatsApp mostram fazendeiros de Rondônia defendendo a ocupação da Terra Indígena Sagarana após aprovação da lei 17.701/2023, do marco temporal. Apesar de considerada inconstitucional pelo STF no ano passado, a tese foi aprovada e sancionada pelo parlamento. Lideranças indígenas afirmam que a decisão do Congresso é culpada por novas invasões violentas realizadas nos territórios em 2024.

Marco temporal 2

A invasão do território Sagarana, do povo Wari’, iniciada em 16 de janeiro, vem na esteira de uma série de invasões de terras indígenas registradas após a promulgação da lei 17.701/2023 pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), em 28 de dezembro de 2023, que estabelece o marco temporal. Antes do Congresso, em setembro do ano passado, a tese já havia sido julgada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e, mesmo assim, os parlamentares aprovaram a matéria.

Marco temporal 3

Desde então, deputados e senadores têm usado as redes sociais para divulgar que a legislação está em vigor. No conflito instalado entre produtores rurais do distrito de Surpresa com a Terra Indígena Sagarana, por exemplo, as mensagens trocadas no WhatsApp falam que é um “direito” dos produtores e que “não existe meio termo”

Sangue novo

Expedito Jr, líder do PSD, filiou o jovem advogado de Porto Velho, Kaue Ribeiro, que deverá ser candidato  vereador no próximo pleito. Estavam presentes toda a família Ribeiro, pai (Dr. Ribeiro Neto) e o avô. Expedito disse que por enquanto está se preocupando apenas com as nominatas para vereador. Prefeituras só tratará em abril.

Ah, Guajará

Foi protocolado ontem, sexta-feira, na Câmara de Vereadores Guajará-Mirim, um pedido de impeachment contra  prefeita afastada, Raíssa Bento (MDB). Protocolado pela moradora Francisca Pociano, ela elencou diversos crimes que supostamente a prefeita afastada cometeu durante seus três anos de mandado, dentre eles: corrupção passiva, associação criminosa, fraude processual, nomeação ilegal de servidor, usurpação de função pública, falsidade ideológica e desacato, que são os crimes que estão sendo investigados pela Operação Avatar. A denúncia seria lida na primeira sessão após o recebimento no protocolo, e deveria ser levada à votação para decidir pelo aceite ou não.

Ah, Guajará 2

Pastor Vanderlei deu posse à prefeita e agora quer o lugar dela

Ocorre que a turma da prefeita afastada, que tem maioria na Câmara dos Vereadores, aplicou um mata leão e protocolou outro pedido de impeachment, desta vez contra a prefeita interina Mary Granneman (PL) que entrará para votação já nesta segunda-feira, 19. Será vapt vupt. Ela não tem maioria que ainda está com a afastada. Caso seja impitimada, quem assumirá será o presidente da Câmara dos Vereadores, João Vanderlei de Melo, do Podemos. Trocando em miúdos, volta a mandar na prefeitura de Guajará-Mirim, o primeiro ministro Antônio Bento (MDB).

Ah, Guajará 3

A caótica situação política da Pérola do Mamoré pode ser inserida no contexto daquela famosa frase, “em casa onde falta pão, todos brigam e ninguém tem razão”. Bem feito para os eleitores da cidade. Em 2020 tinha bons candidatos a prefeito, mas preferiram votar em troca de moedas de ouro. Deu no que tá dando. O jornalista que assina esta coluna, que pertence ao grupo que perdeu as eleições em 2020, torce, claro, pela briga.

Uber do Xandão

Pode ser uma imagem de 1 pessoa e texto que diz "Tudo pronto para o dia 25 DPF g FEDERAL POLICIA"Alguém chamou um Uber? Tudo pronto para o grande evento no dia 25 de janeiro na Avenida Paulista, onde remanescentes dos terroristas de 8 de janeiro de 2023, ainda livres, tentarão mais uma vez incitar a um novo golpe de estado. O evento, claro, é um grande tiro no pé porque, em vez de ajudar, vai complicar mais ainda a situação de Jair Bolsonaro. O empresário da fé alheia Silas Malafaia, que ataca o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), está sendo usado como laranja perfeito do evento, atribuindo-se à ele o pagamento das despesas das manifestações. Ao lado de Bolsonaro, outros nomes como o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), o senador Magno Malta (PL-ES), além dos deputados Nikolas Ferreira (PL-MG) e Gustavo Gayer (PL-GO) também estão programados para discursar durante o evento, que tem a finalidade de intimidar o Poder Judiciário. De Rondônia, deverão participar dos atos preparatórios de um novo golpe os senadores Marcos Rogério e Jaime Bagatolli, ambos do PL.

Novo golpe

O “novo golpe” pode ser uma nova tentativa de assassinato para se vitimar como fez em 2018 para vencer as eleições. Quem faz esse alerta é o jornalista Moisés Mendes. Sem saída, Bolsonaro está desesperado. “Temos que começar a pensar na capacidade de reação do Bolsonaro”. “A situação dele é complicada. O que a gente tem que imaginar? A tal invertida do Bolsonaro. O que ele pode criar? Já estão espalhando que ele tem medo de sofrer um novo atentado. Então é possível que ele esteja preparando alguma coisa nessa linha, para se vitimizar”.

(*) Roberto Kuppê é jornalista e articulista político

Informações para a coluna:  [email protected]

O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Mais RO não tem responsabilidade legal pela opinião, que é exclusiva do autor.