Bonner segura o choro ao citar perseguição política e ameaças ao filho; confira o vídeo

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Sério, abatido e segurando as lágrimas. Assim o apresentador do “Jornal Nacional” William Bonner concedeu entrevista na madrugada desta quarta-feira (27) ao jornalista Pedro Bial no programa “Conversa com Bial”, da Globo. Bonner, que raramente dá entrevistas e é conhecido pelo seu humor peculiar – que fez muito sucesso quando mantinha suas redes sociais ativas –, mudou o tom ao falar sobre as ameaças ao filho e as perseguições políticas que enfrenta há anos e que ganharam força nos últimos tempos.

“Me assusto com a bile, com o ódio que escorre nas palavras, nas palavras mal-escritas, palavras cuspidas. Mas um ódio, é um ódio tão intenso, que a gente não sabe a que levará. E a gente sai das redes sociais e vai para as ruas e assiste a essa mesma incivilidade. A cada eleição, vai piorando”, afirmou com amargura.

O âncora chegou a se emocionar ao falar do filho Vinícius, que vem sendo vítima de constantes golpes por uso indevido de seu CPF. Recentemente, criminosos tentaram cadastrá-lo na lista de beneficiários do auxílio emergencial, que tem pagado R$ 600 às pessoas que perderam seus empregos no período da pandemia do novo coronavírus.

“Reagi por instinto. Eu sou pai. E o instinto me fez escrever um texto, voltar à rede social, com o objetivo de apresentar uma denúncia. Coisas estranhas aconteceram. A imprensa deu muita visibilidade a isso, o que foi bom. Mas aí… circularam ainda pela internet vídeos que o acusavam efetivamente de ter feito o pedido e recebido. E cobravam isso do pai e da mãe. De William e de Fátima (Bernardes). Tinha um sujeito chamando meu filho de ‘cafajeste’. Era uma coisa que transbordava ódio”, afirmou. A Globo informou nesta terça-feira (26), por meio de nota, que Bonner tem sofrido uma campanha de intimidação.

O jornalista foi informado de que um jornal do Rio preparava reportagem sobre o assunto e, por meio de advogados, mostrou ao veículo as provas de que era um golpe e alertou a Caixa Federal para não fazer o pagamento. A reportagem não foi publicada.

Bonner afirmou que precisou contratar um grupo de advogados também para cuidar do encerramento de empresas abertas em nome de seu filho e levantou um questionamento a Bial sobre as identidades das pessoas que estariam por trás desta perseguição.

“Quem, em meio a uma pandemia com milhares de mortes, com centenas de milhares de pessoas doentes, teria a ideia, do nada: ‘Vou fazer o seguinte, não tô fazendo nada, vou entrar no site do Ministério da Cidadania ou do Dataprev, e vou verificar se o filho do William Bonner tentou se inscrever para receber os R$ 600 da ajuda que o governo destina para os que perderam a renda. Esse é o tempo que estamos vivendo hoje”, refletiu.

Ele falou também dos tempos difíceis do exercício do jornalismo. Desde 2018, o âncora do maior telejornal do país enfrenta dificuldades para frequentar lugares públicos, pois os ataques a jornalistas da Globo foram intensificados. A tentativa é de evitar agressões verbais. Um episódio ocorrido em uma padaria na Lagoa, região nobre do Rio, foi citado como marcante pelo jornalista. Segundo ele, por volta das 10h, uma mulher embriagada disparou insultos contra ele a uma curta distância, o que provocou grande constrangimento no ambiente.

Ele relatou também que o risco que corria ao pegar uma ponte aérea do Rio para São Paulo afetou sua vida pessoal. Ele contou que durante dois períodos, entre 2016 e 2018, precisava ir de carro todos os finais de semana do Rio de Janeiro para São Paulo para acompanhar de perto o tratamento médico dos pais, por receio de ataques nos aeroportos.

O jornalista comentou também a insegurança vivida por jornalistas que cobriam diariamente a rotina do presidente Jair Bolsonaro em frente ao Palácio do Alvorada. Ele disse ter a sensação de que foi criada uma situação para dificultar o trabalho da imprensa.

A “Folha de S.Paulo” decidiu suspender a cobertura jornalística na porta do Palácio da Alvorada temporariamente até que o Palácio do Planalto garanta a segurança dos profissionais de imprensa. O Grupo Globo tomou a mesma decisão.

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Fonte: O Tempo