Aterro sanitário em Porto Velho (RO); Orizon pode estar entrando numa fria monumental

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O aterro é um empreendimento do Centro de Tratamento de Resíduos e Ecofort Engenharia Ambiental, ambos braços do grupo Amazonfort, empresa enredada em denúncias e mais denúncias de agressão ao meio-ambiente

Uma das gigantes do rentável mercado de energia limpa, a Orizon Valorização de Resíduos pode estar embarcando num grande barco furado em Rondônia. A empresa adquiriu 51% do capital do Centro de Tratamento de Resíduos (CTR) de Porto Velho, o aterro sanitário, chamado pela Orizon de ecoparque.

O aterro é um projeto polêmico que já foi inclusive objeto de ação civil pública, cujo inquérito foi instaurado pelo Ministério Público para apurar irregularidades no licenciamento ambiental, após o processo tramitar a toque de caixa na prefeitura da capital. Esse suspeito licenciamento resultou inclusive na exoneração de um secretário municipal de meio ambiente.

 

Recentemente a Orizon enviou nota de esclarecimento a um jornal eletrônico da capital, na qual diz que o ‘ecoparque’ “já possui licença operacional concedida pela Prefeitura”. O aterro é um empreendimento do Centro de Tratamento de Resíduos e Ecofort Engenharia Ambiental, ambos braços do grupo Amazonfort, empresa enredada em denúncias e mais denúncias de agressão ao meio-ambiente.

 

Agora mesmo o Ministério Público deve estar atento a um fato ocorrido no início do ano e que vem sendo mantido em segredo pela Amazonfort. Um incinerador e uma autoclave usados no tratamento de lixo hospitalar, instalados no distrito industrial de Porto Velho, explodiram e agora não se sabe qual a destinação que está sendo dada a esse resíduo hospitalar, a maioria trazido do vizinho estado do Acre, vez que os equipamentos foram danificados. Há o temor de que possa estar sendo levado para o aterro (CTR) da Orizon sem qualquer tratamento.

Incinerador explodiu e não se sabe o que está sendo feito exatamente com o lixo hospitalar

O aterro sanitário em construção pelo grupo Amazonfort é um empreendimento às margens da BR-319, km 15, saída para Humaitá (AM). A Orizon demonstra certo desconhecimento a respeito da verdade sobre o investimento que está fazendo, ao afirmar ao jornal eletrônico que “a expectativa é de início imediato de operação e a capacidade estimada de recebimento é de até mil toneladas diárias de resíduos”.

Ocorre que o inquérito aberto pelo MP para investigar o licenciamento do CTR só foi arquivado em dezembro último, depois que o responsável pelo aterro e pela Ecofort Engenharia Ambiental, Iuri Daniel Serrate Faria, concordou em firmar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público Estadual, por intermédio da Promotoria e Curadoria do Meio Ambiente, no qual foi obrigado a assumir uma série de condicionantes para que o empreendimento possa funcionar.

 

O TAC é um calhamaço de 15 páginas, no qual são feitas várias considerações, levando-se em conta a alta preocupação por ser uma atividade potencialmente poluidora do meio ambienteprincipalmente do lençol freático. O documento estabelece 24 cláusulas com diversas exigências ao CTR.

 

Esse termo de ajustamento de conduta foi assinado no dia 14 de dezembro último e estabelece prazos curtos e longos de 15 dias, 60 dias, 90 dias e até três anos para que as exigências sejam cumpridas. Portanto, não pode funcionar de imediato, como diz a Orizon. Caso qualquer uma das cláusulas não seja respeitada, o CTR está sujeito a multas que vão de R$ 500 a R$ 1 milhão.

 

Pessoas com conhecimento na área ambiental acham muito difícil que os prazos, assim como as exigências, possam ser atendidos integralmente.

 

Iuri Serrate foi obrigado até mesmo a deixar a disposição do MP uma propriedade rural, no valor de R$ 250 mil, a título de caução para a hipótese de ser multado. A vida do empresário não está fácil. Se por um lado ele tem que cumprir todas as condicionantes impostas pelo Ministério Público, de outro só vai receber o total da negociação com a Orizon depois que conseguir desembaraçar toda a questão do licenciamento.

 

Só as chuvas pouco mais intensas de domingo e quarta-feira últimas, encheram de água os tanques de decantação para tratamento do ‘chorume’, líquido escuro viscoso altamente poluente, resultante da decomposição e putrefação de matéria orgânica, sinal claro de que há sérios problemas no projeto.

 

Clique aqui e leia o TAC firmado entre CTR, Ecofort Engenharia Ambiental e Ministério Público.

Fonte: Blog do Painel