APÓS CAUSAR PÂNICO, SECRETÁRIO DE SAÚDE DO ACRE DIZ QUE AÇAÍ ESTÁ OK

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acaicontaminadp-900x455RIO BRANCO- Menos de 24 horas após divulgar em nota que o açaí produzido no Acre estaria contaminado com a doença de Chagas, secretário de Saúde, Gemil Junior volta atrás.No domingo, 9, ele distribuiu nota (veja abaixo, no final da reportagem),  afirmando que o açaí do Acre estaria contaminado pela Doença de Chagas ou Tripanossomíase americana, doença tropical parasitária causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi e transmitida principalmente por insetos da subfamília Triatominae.

barbeiro

Trypanosoma cruzi ou “barbeiro” está contaminando o açaí produzido no Acre

O secretário diz que as amostras das polpas do açaí produzido no Acre foram colhidas em julho deste ano e encaminhadas ao Instituto Adolfo Lutz (IAL), em São Paulo, para que fossem analisadas.

“As amostras encaminhadas registraram a presença do agente causador da Doença de Chagas. Diante disso, a Sesacre, por meio do Departamento de Vigilância Entomológica e Epidemiológica, iniciou um trabalho de ação estratégica”, diz Gemil.

gemilJá na manhã da segunda-feira, 10, o secretário de Saúde do Estado do Acre, Gemil Júnior, afirmou que não há nenhuma proibição para consumo de açaí produzido no Acre. Os esclarecimentos foram passados em entrevista coletiva concedida no gabinete da Casa Civil do Governo Acre.

Gemil Júnior enfatizou que o açaí produzido no Acre é um dos melhores da região Norte, e que a presença do transmissor da doença de Chagas foi um caso isolado, devido, segundo o secretário, a falhas de higienização no processo de manuseio do fruto.

“Podem tomar açaí, mas desde que sejam respeitadas as questões de higienização. O açaí não tem problema nenhum, o problema está no manuseio e nas falhas de higienização com que é processado”, comentou.

Quanto ao laudo das amostras de açaí encaminhadas ao Instituto Adolfo Lutz (IAL), em São Paulo, para que fossem analisadas, e que acusou a presença do protozoário Trypanosoma cruzi, transmissor da Doença de Chagas, Gemil disse ainda, que “foi um fato isolado, de amostragem de um dia apenas”.

Ao todo foram realizados exames em cinco amostras de açaí do município de Feijó, no interior do Acre, no período de agosto deste ano, onde foi encontrado o DNA de barbeiro – inseto transmissor da doença de Chagas, em 100% do material coletado.

As investigações, feitas pela Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre), foram feitas após 15 pessoas da mesma família serem diagnosticadas com doença de Chagas. O secretário de Saúde do estado, Gemil Júnior, informou que todas as amostras foram coletadas em um único dia, durante o tradicional festival do açaí na cidade de Feijó.

Preocupados, Sesacre, Idaf e Seaprof darão início a um processo de fiscalização e orientação aos produtores de todo o estado, começando por Feijó, sobre o manuseio do açaí. No município, que é referência da produção do açaí no estado, existem 250 famílias que sobrevivem diretamente do produto.

Apesar da fiscalização, o governo alerta para os cuidados individuais que cada pessoa deve ter ao consumir o produto e lembra que os casos registrados e que vieram à tona pela imprensa foram pontuais em uma mesma família que processou e tomou o açaí com o besouro transmissor da Doença de Chagas. A família inteira, 15 pessoas foram infectadas. Foi o único registro, segundo o governo.

“Podem tomar a açaí à vontade, mas tenham algumas precauções, o que é normal. Ninguém vai sair de sua casa pra ir pra qualquer lugar comer produto que você não tenha uma higienização correta. É uma preocupação que todos tem que ter”, disse Gemil Junior, secretário de Saúde.

O diretor-presidente do Idaf, Ronaldo Queiroz, reforçou a necessidade da pasteurização do açaí, que é o processo de esterilização que consiste em expô-los a uma temperatura inferior a seu ponto de ebulição e submetê-los em seguida a resfriamento súbito, a fim de eliminar certos microrganismos nocivos, como o besouro. “Choque térmico, a lavagem correta. A partir do momento em que há esse processo o açaí pode ser consumido com segurança total”, lembrou.

Ao reafirmar que houve um caso isolado, o secretário de Saúde disse que “não há ninguém nas imediações de Feijó com os sintomas. O período de encubação é de sete dias. O problema não é com o açaí. O problema é quem não tem a responsabilidade para fazer o manuseio correto do açaí. A orientação é sempre que a pessoa consuma qualquer produto higienizado, e não é diferente com o açaí”, completou.

 

Vejam a nota enviada à redação no início da noite de domingo:

NOTA DE ESCLARECIMENTO

A Secretaria de Saúde do Acre colheu, em julho deste ano, amostras de suco de
açaí no estado e encaminhou ao Instituto Adolfo Lutz (IAL), em São Paulo, para que
fossem analisadas.

O laboratório é referência em exames para identificação do DNA Trypanosoma
cruzi, agente causador da Doença de Chagas, em amostras alimentares.

As amostras encaminhadas registraram a presença do agente causador da
Doença de Chagas. Diante disso, a Sesacre, por meio do Departamento de Vigilância
Entomológica e Epidemiológica, iniciou um trabalho de ação estratégica.

A Secretaria de Estado de Saúde ressalta que esse é um tema debatido, há
muito tempo, inclusive no Congresso Nacional.

Ainda como senador da República, o governador Tião Viana apresentou projeto
de lei para que os produtores de açaí fizessem investimentos no processo de
pasteurização do suco da fruta, método que assegura a esterilização e a qualidade do
produto, permitindo assim, o consumo seguro, sem riscos à saúde.

A Secretaria de Estado de Saúde rechaça boatos maldosos e reafirma o seu
compromisso com a saúde da população acreana.

Rio Branco, Acre, 9 de outubro de 2016.

Fontes: Mais RO com informações de Contilnet e Opção