A história da coluna Zona Franca

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Por Roberto Kuppê (*)

Vou contar aqui a história da verdadeira coluna Zona Franca. Originalmente, ela foi publicada no jornal O Estadão do Norte, de Rondônia. Fui responsável por oito anos. A coluna, na verdade, era do jornal. Eu apenas a escrevia. Quem ditava as notas era o próprio dono do jornal, Mário Calixto Filho. Mário passava o dia articulando e quando chegava à noite, na hora de fechar o jornal ele me chamava para ditar o que sairia no dia seguinte. Sempre uma bomba contra alguém mas nunca contra o governo de plantão do qual era “sócio”. Nessa ocasião o governador era Osvaldo Piana.

Mas, antes quero rememorar o dia em que Mário Calixto me convidou para “trabalhar” no Estadão. As aspas explico depois, ainda neste artigo. Eu estava passando a pé, de frente ao Palácio Getulio Vargas, antiga sede do governo de Rondônia. Era o dia 3 de setembro de 1993, o dia do meu aniversário. Estava pensando como ia comemorar a idade de Cristo, sem um tostão no bolso. Estou falando de um fato que fez 30 anos em 2023.

Nesta época eu “trabalhava” no Caderno de Domingo, do jornal Alto Madeira. Não vou citar o nome do meu “chefe” do qual não sinto saudades. Naquela época o editor chefe do AM era o saudoso Ivan Marrocos, um excelente amigo e profissional como poucos. Embora eu não fosse funcionário do AM, eu ocupava a redação.

Certo dia me foi incumbido de entrevistar para o Caderno de Domingo, o dono do Estadão, Mário Calixto. O fiz. Fui à casa de MC. Me recebeu muito bem. Conversei com eles horas, anotando tudo num caderninho. Não tinha um gravador. Ele deve ter me falado muita abobrinha ou coisas que eu não podia publicar. Instintivamente, escolhi apenas as melhores  partes do que ouvi do empresário.

A entrevista foi publicada em duas páginas (espelhada como se dizia). Eu não ganhei um real por isso. Talvez alguém tenha ganhado, inclusive os elogios do Mário Calixto. Certo dia (3 de setembro de1993) eu passava em frente ao palácio do governo de Rondônia, quando um Opala Diplomata azul para do meu lado. O vidro abaixa. Todo suado, vi que se tratava de Mário Calixto, o todo poderoso dono do Estadão do Norte.

MC agradeceu pela entrevista. Ele me disse que fui fiel, não publiquei nada que o desabonasse, etc, etc. Gostou demais da publicação. Foi aí que veio o convite: “Quer trabalhar comigo no Estadão?”. Não lembro o que respondi, mas ele pediu para ir no dia seguinte à sede do jornal que ainda era na Duque de Caxias.

Acho que fui dois ou três dias depois. MC me recebeu com honras e muita deferência. Não estava acostumado com isso. Meus futuros colegas de redação  também me saudaram. Naquela época trabalhavam no Estadão da Duque de Caxias (depois na Tiradentes) o fotógrafo Pacó, jornalistas Carril, Jorcenê Martinez, Rubens Coutinho, Paulo Queiroz, Robson Oliveira, Carlos Araújo, Teobaldo Viana, Antônio Pessoa, Antônio Queiroz (e seu famoso Caderno de Municípios), Montezuma Cruz, Jussara Gotlieb, Sérgio Valente, Dalton Di Franco, Walmir Miranda, Chagas Pereira, Paulo Ricardo, Yalle Dantas, Claudio Paiva, Jorge Vasquez, Yodon Guedes, Leivinha Pereira, José Hilde, Zezinho (Zefa), Quintela pai e filho, Zuza Carneiro, Marcelo Gladson, Analton Alves, dentre outros. Um timaço, como se vê.

Como disse anteriormente, aquele dia era o meu aniversário. A oferta de emprego no maior jornal do estado foi um presente e tanto. Queria comemorar com amigos mas não tinha um tostão furado. Através do Caderno de Domingo, tínhamos uma permuta com a pizzaria Água Na Boca,que ficava ali na Calama, salvo engano.

Fui lá mas não me foi autorizado usar a permuta. Era só pro “chefe”. Triste, fui atrás de quem me faria um “fiado”. Consegui, mas não lembro o nome da pizzaria no momento. Ficava ali por perto mesmo, numa casa. Talvez o nome seja esse: “Pìzza em Casa”. Convidei três amigos e fomos comemorar meu niver e o convite para “trabalhar”no Estadão. Tinha a foto deste momento, mas se perdeu  com o tempo. Mas, lembro bem quem estava comigo no dia.

Ah, as aspas. Eu nunca fui fichado (carteira assinada), nem no AM, muito menos, no Estadão do Norte. Nunca exigi, embora tenha sido um erro meu na época. Sei lá porque nunca pedi pra assinar a carteira. Não pedi mesmo, sério. Lá na frente, talvez a explicação para essa atitude.

A Coluna Zona Franca era escrita pelo jornalista Led Monteiro, que vinha a ser também assessor de comunicação do governo Piana. Mas, antes de assumir a coluna, fui responsável por entrevistar políticos. Calixto queria que eu fizesse entrevistas em página dupla (espelhada) com os políticos que ele escolheria a dedo.

Entrevistei na época, o então candidato ao governo Valdir Raupp, a esposa dele Marinha Raupp, o então governador Osvaldo Piana, Chagas Neto, José Bianco, Arnoi Voigt, dentre outros. Raupp colocou a entrevista dele num quadro. Lembro o dia da entrevista. Foi em Jaru, em plena campanha. Raupp era novinho (tinha 38 anos) e estava nervoso. Tinha medo da imprensa, em especial do Estadão e sua temida Zona Franca. Percebendo isso, eu o acalmei e a entrevista transcorreu bem.

Logo em seguida assumi a responsabilidade pela coluna Zona Franca. Embora não assinasse a coluna, meu nome começou a circular pelo meio político com mais ênfase. Cresci profissionalmente, passando a fazer parte da elite de jornalistas políticos da época. Não vou mentir. Ganhei muito dinheiro na época. Dinheiro por dentro, por fora, por cima, pelo lado. Risos.

Em 2001 Mário Calixto me convida para “trabalhar” no jornal Tribuna do Brasil, em Brasília. Levei a família (mãe e irmã, sobrinhas e sobrinhos). Aí é outra história…..

Aguardem a parte 2….

(*) Roberto Kuppê é jornalista, articulista político e assina a moderna coluna Zona Franca no Mais RO.