Três dias após rompimento de barragem em Rondônia, famílias seguem isoladas

0
142
Sedimento é composto basicamente por areia e argila / Divulgação

Desde a última sexta-feira (29), moradores da região de Machadinho do Oeste (RO) estão em isolamento devido ao rompimento de uma pequena barragem sob tutela da empresa Metalmig, que fica a 350 km da capital do estado, Porto Velho (RO). Não se sabe o número exato de famílias que foram atingidas, mas os últimos dados indicam cerca de 100. Péricles Monteiro Quadros, engenheiro de minas da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental de Rondônia (SEDAM), disse que as fortes chuvas na última semana são apresentadas, até agora, como a principal causa.

“A gente fez um sobrevoo no sábado (30) na parte da manhã e tentamos ver um cenário preliminar da situação. Foi diagnosticado pela equipe técnica por esse sobrevoo, com o apoio do Ibama e do Ministério Público, que tinha uma barragem hídrica, ou seja, um barramento que armazenava água aparentemente sem nenhum fim econômico. Com o alto índice de chuvas que teve na região, esse barramento hídrico veio a se romper. Com isso, um efeito cascata provocou o rompimento de duas bacias de decantação presentes na área da mineradora”, afirmou.

O especialista disse que a geografia plana do local impediu que o rompimento alcançasse níveis como o de Brumadinho e Mariana. Além disso, segundo ele, a região não é composta pelas chamadas barragens de rejeitos e, sim, por pequenas bacias de sedimentação, que são bem menores do que as barragens. O mineral extraído na região era a cassiterita.

No entanto, de acordo com Francisco Kelvim, integrante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), apesar de não haver mortos e nem feridos até o momento, a queda de sete pontes que dão acesso à cidade prejudicou a dinâmica dos moradores.

“Os principais problemas relatados pelas famílias é o isolamento, o não sair da região, e o segundo problema é o escoamento da produção. É uma região que produz muito leite e eles não têm como levar pra vender. Famílias relatam que além das perdas ambientais que não foram ainda mensuradas, há animais morrendo e gados [que foram] levados pela força da água”, aponta.

Ele conta que há uma força tarefa com a Polícia Civil, o Ibama, o Ministério Público e a Secretaria Estadual do Meio Ambiente para que o cadastro das famílias atingidas seja feito o mais rápido possível.

Segundo o engenheiro da SEDAM, estão sendo tomadas as devidas providências para a reconstrução das pontes que dão acesso à Machadinho do Oeste. Em relação aos rejeitos da bacia de sedimentação, Péricles afirmou que a extração do minério cassiterita não utiliza agentes químicos e o sedimento é composto basicamente por areia e argila, por isso não há potencial de contaminação.

Fonte: Brasil de Fato