Sobre Mário Calixto e O Estadão do Norte

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Foto: Comitê de Imprensa do Senado Federal, 2005
Por Roberto Kuppê (*)
Éramos uma família sim. Era uma redação solta, alegre e sem aquele tom editorial severo. O então magnata das comunicações de Rondônia, Mário Calixto, não exigia muito e deixava um tanto que, à vontade. Só quem “batia forte”, era ele.
Quando li alguns comentários negativos de ex-funcionários acerca do modus operandis de MC, não me contive. Alguns cuspiram no prato que comeram e até se lambuzaram. MC, digamos assim, era “mau” com os políticos, mas tratava bem a todos os funcionários. Muitos erravam, mas ele perdoava. Alguns saíram do jornal, meteram na justiça do Trabalho, mas depois MC os aceitou de volta. Ele era assim. Tinha compaixão, por incrível que pareça. Também ele não ligava muito pra qualidade jornalística. Ele mesmo mal sabia escrever. Quando se atrevia escrever, era um desastre. Mas, enfim, ele me contratou (risos).
Quando passei a escrever a Zona Franca, em 1993, a coluna mais temida do Estado, as coisas mudaram. Ele me passava em garranchos o que queria e eu traduzia para a ZF. Eu tinha dó dos políticos que ele atacava. Mas, eu ia fazer o que? Tinha que ser fiel ao patrão, que, repito, confiava em mim. Tanto que eu fui o único a ser levado pra Braília pra trabalhar no jornal Tribuna do Brasil. Fui fiel até o último suspiro de vida dele.
Quando ele estava auto exilado na Bolívia, me ligava quase todos os dias. Queria que eu “batesse” num certo juiz. Tinha raiva monumental desse juiz. Eu fazia ouvido de mercador, porque, foi batendo em juiz que ele foi condenado à morte numa prisão. Mas, voltando aos tempos áureos do Estadão, certo dia, ele pegou Mauro Nazif como Cristo. Foi cruel demais com o médico que perdeu uma eleição quase ganha pra prefeito de Porto Velho. Mas, o troco veio e Nazif o processou. Muitas vezes eu “esquecia” de bater em alguns políticos para poupar MC de processos. Isso quando era possível. Mas, de porrada em porrada, MC foi colecionando processos até que não deu mais para segurar.
MC defendia alguns políticos corruptos, porque assim ele ganhava dinheiro. Roubar, roubar ele nunca roubou. Mas, ganhou dinheiro fácil. Aquele episódio da Ceron eu presenciei. Vi muitos amigos jornalistas serem presos, inclusive o próprio MC que ficou no quartel da PM quase em frente do jornal. Eu ia lá “despachar” com ele. A coluna ZF era feita na cadeia (risos). Foi de dentro da cadeia na PM que MC comprou um jatinho Lear Jet. Esse era o Mário Calixto. Dava um filme, né?
Ah, as fotos são da redação do Estadão em PVH e a outra, claro, em Brasília quando trabalhei pra Tribuna do Brasil, do Sistema MC de Comunicação. As última fotos são de uma confraternização em Cabo Frio (RJ) e no Comitê de Imprensa do Senado Federal (capa).
P.S…Em tempo: Eu nunca mexi com nada errado durante minha estada no Estadão e Tribuna do Brasil. MC nunca me meteu em encrenca. Nunca fez propostas para eu ganhar dinheiro fácil. Por isso nunca fui envolvido em investigações, etc. Bom sábado para todos.