Silvicultor de Vilhena planeja o plantio de mais de 4 milhões de pés de pinus para extrair resina

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Pecuarista, Antônio Marques estudou durante três anos o que fazer com área de 11 mil hectares adquirida em 2000, com solo arenoso e vegetação composta por arbustos e gramíneas, à semelhança de muitas áreas existentes em Vilhena, região sul de Rondônia, a 704 quilômetros da capital.  Visitou a China e estados brasileiros, optando então pelo cultivo do pinus, com foco na extração de resina da madeira.

Na fazenda Boa Hora, a cerca de 35 quilômetros do município que após a soja se destaca no desenvolvimento florestal, Antônio Marques recebeu o governador Confúcio Moura, entusiasta da floresta plantada. “Isso é uma Rondônia de futuro, uma Rondônia nova, que cumpre os requisitos ambientais, tem sequestro de carbono, produção de madeira, de riqueza, geração de emprego. É algo novo, fascinante”, afirmou o governador, que esteve na propriedade pela primeira vez.

O mais recente silvicultor de Vilhena optou pelo plantio de quatro espécies de pinus, arvore que proporciona excelente oportunidade de ganho com a extração da resina, foco do reflorestamento iniciado em 1.240 hectares, espaço que abrange até 1 milhão e 560 mil pés de árvore.

“Provavelmente eu não tinha outra cultura para colocar em cima. Eu ia plantar eucalipto, é uma boa cultura, mas desisti porque vi que não tínhamos para onde mandar a matéria-prima e só dentro do Estado não se consumiria”, contou. Suas árvores estão com dois anos de idade, e neste ano de 2017 Marques pretende utilizar outros 3 mil hectares no plantio de pinus, o que alcançará mais de 4 milhões de pés de arvore.

Antônio Marques explica o projeto de reflorestamento na Boa Hora.

Antônio Marques explica o projeto de reflorestamento na Boa Hora.

Antônio Marques disse que não pretende extrair a madeira a curto prazo. “A gente pode começar a retirar a madeira com 12 anos, com uso menos acessível, mas o bom é após os 18 anos com a lâmina. Mas eu pretendo resinar até os 22 anos de idade, não penso em madeira agora”, disse.  A resina extraída do pinus, após beneficiada, é utilizada na fabricação de infinidade de produtos da indústria de fármacos, cosméticos e de limpeza. A China lidera o mercado de resina.

Entusiasmado com o novo projeto, Antônio Marques contou ao governador que produtores e donos do viveiro onde ele comprou mudas em São Paulo visitaram o local e acharam incrível o desenvolvimento do pinus, muito superior a plantações encontradas naquele estado. “Temos umidade, calor e tudo que ele gosta para produzir. E aqui, no solo arenoso, se você cavar o solo em 60 cm já tem umidade. O pinus gosta de buscar água a solos profundos, e aqui existe água. E por outro lado gosta de clima fresco, de frio, e Vilhena, na madrugada, é fria”, afirma.

O coordenador do projeto Floresta Plantada, engenheiro florestal Edgard Menezes Cardoso, confirma que as espécies de pinus tropicais se adaptaram muito bem no município.  As condições climáticas favorecem o crescimento, encurtando o tempo para extração da resina em até cinco anos, em comparação a outras regiões do país. Existem quatro propriedades produzindo resina, totalizando uma produção anual de 1.500 toneladas, com geração de 55 empregos nesta atividade.

Antônio Marques cultiva a pinus caribaea, variedade hondurensis, que segundo ele é o carro chefe na região amazônica, e pinus tecunumanii, cuja madeira avermelhada é atrativa para extração de resina, além de outras duas desenvolvidas em laboratório, resultado de cruzamento.

O pinus em Vilhena encontra clima favorável ao crescimento.

O pinus em Vilhena encontra clima favorável ao crescimento.

Instituída como política agrícola, o projeto Floresta Plantada resulta do esforço do governo para “aproveitar o cerradão arenoso, praticamente improdutivo, existente até Pimenta Bueno”, destacou o governador Confúcio Moura, onde podem ser plantadas, citou ele, quatro espécies vegetais (pinus, eucalipto, teca e paricá) pela qualidade do solo e clima.

Com a elaboração de um novo zoneamento, que se pretende concluir em outubro, culminando com um projeto de lei a ser enviado à Assembleia Legislativa, o estudo deverá apontar o trecho como Cerrado. “Saindo de Mato Grosso é Amazônia Legal. Mas o estudo vai mostrar que Rondônia é Amazônia e Cerrado”, disse o secretário de Desenvolvimento Ambiental Vilson Machado.

“Só essa região é suficiente para aumentar muito a riqueza, além da soja, de outros grãos e do comércio, com esse novo componente econômico, gerador de emprego e renda”, afirmou Confúcio Moura, parabenizado Antônio Marques pelo investimento em floresta plantada.

Confúcio Moura esteve, ainda, na empresa Trata Norte,  que atua no tratamento químico de toras de eucalipto, atividade pioneira em Rondônia, instalada no perímetro urbano de Vilhena, na BR-364.

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Fonte
Texto: Secom
Fotos: Alex Leite
Secom – Governo de Rondônia