Rondônia acumula mais de 560 focos de queimadas na 4ª semana de setembro

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Queimadas na Floresta Amazônica — Foto: Nacho Doce/Reuters

Rondônia acumulou exatos 567 focos de queimadas entre os dias 22 e 29 de setembro de 2020. O quantitativo é 27,1% maior do que o registrado no mesmo período de 2019, quando o estado somou 446 focos de fogo. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) por meio do satélite de referência Aqua do Programa Queimadas.

Assim como no decorrer do mês, a região permaneceu na 4ª posição nacional dos estados que mais tiveram detecção de focos de queimadas nesses sete dias, ficando atrás do Pará (1.228), Mato Grosso (699) e Acre (665). O Amazonas aparece na quinta colocação com 371 focos.

Em ambos os períodos, a capital Porto Velho ocupa a primeira colocação no ranking dos municípios que mais apresentaram pontos de chamas.

Na quarta semana de setembro de 2020, o município contabilizou 157 focos – representando 26,8% do total registrado no período em Rondônia. Já nesta mesma época em 2019 foram 89 pontos de chamas, um aumento de 76,4%.

As cinco cidades que mais tiveram focos na quarta semana de setembro de 2020 foram:

  • Porto Velho – 157
  • Nova Mamoré – 67
  • Cujubim – 33
  • Costa Marques – 29
  • Guajará-Mirim – 25

 

A capital rondoniense também se destaca no ranking nacional sendo a segunda cidade com maior número de queimadas:

  • São Félix do Xingu (PA) – 181
  • Porto Velho (RO) – 157
  • Sena Madureira (AC) – 139
  • Altamira (PA) – 104
  • Xapuri (AC) – 104

Dos 567 focos registrados de 22 a 29 de setembro de 2020 em Rondônia, 50 foram detectados em terras indígenas (entre elas as TIs Uru-Eu-Wau-Wau e Karipuna, com seis e cinco pontos de chamas, respectivamente) e outros 52 nas unidades estaduais de conservação.

No acumulado de oito meses, entre 1º de janeiro a 31 de agosto de 2020, o número de focos de queimadas registrados em Rondônia teve queda de 42,1% também se comparado ao mesmo período do ano passado. São 3.876 focos ativos notificados contra 6.701 em 2019.

Porém, se a comparação for de um mês ao outro do mesmo ano, o quantitativo de focos de queimadas faz o caminho inverso. Julho de 2020 fechou em 428 pontos ativos captados, enquanto agosto terminou em 3.086. O aumento é de 621% entre os períodos.

A coleta dos dados

 

O Inpe realiza medições desde 1986, após ter realizado um experimento de campo em conjunto com pesquisadores da Nasa. O sistema, porém, foi aperfeiçoado em 1998 após a criação de um programa no Ibama para controlar as queimadas no país. Os dados da série histórica estão disponíveis desde junho de 1998.

Um foco precisa ter pelo menos 30 metros de extensão por 1 metro de largura para que os chamados satélites de órbita possam detectá-lo. No caso dos satélites geoestacionários, a frente de fogo precisa ter o dobro de tamanho para ser localizada.

Os focos de calor, a grosso modo, representam qualquer temperatura registrada acima de 47ºC, mas não é necessariamente um foco de fogo ou incêndio. Na verdade, um foco indica a existência de chamas em um píxel de imagem. Neste píxel pode haver uma ou várias queimadas distintas.

Se uma queimada for muito extensa, será detectada também com píxels vizinhos àquele. Ou seja, vários focos estarão associados a uma só queimada. Neste contexto, o número produzido é um indicador, e não uma medida absoluta.

Ciclo do desmatamento

As queimadas na Amazônia têm relação direta com o desmatamento. O fogo é parte da estratégia de “limpeza” do solo que foi desmatado para posteriormente ser usado na pecuária ou no plantio. É o chamado “ciclo de desmatamento da Amazônia”.

Após o fogo, o pasto costuma ser o primeiro passo na consolidação da tomada da terra. Nos casos em que a ocupação não é contestada e a terra é de qualidade, o próximo passo é a exploração pela agricultura.

O que provoca as queimadas?

Para haver fogo, é preciso combinar: fontes de ignição (naturais, como raios, ou antrópicas, como isqueiros ou cigarros); material combustível (ter o que queimar, como madeiras e folhas); e condições climáticas (seca).

Como a Amazônia é uma floresta tropical úmida, os incêndios mais recorrentes ocorrem quando a madeira desmatada fica “secando” por alguns meses e, depois, é incendiada para abrir espaço para pastagem ou agricultura. Segundo especialistas, um incêndio natural não se alastraria com facilidade na Amazônia.

As queimadas são apenas uma das etapas do ciclo de uso da terra na Amazônia. Depois do desmate, se nada de novo acontecer, a floresta pode se regenerar. Uma floresta secundária, no entanto, nunca será como uma original, mesmo que uma parte da biodiversidade consiga se restabelecer. Na prática, o que acontece é que a mata não tem tempo de crescer de novo.

Fonte: G1