Rio Madeira e área portuária de Porto Velho “desaparecem” sob densa fumaça das queimadas

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pvhDensas nuvens de fumaça e fuligem fazem o rio Madeira “desaparecer” a cada dia na paisagem de Porto Velho. Complicações de saúde já resultam em 12% das internações diárias no Hospital Infantil Cosme e Damião, por onde passam mensalmente cerca de cinco mil crianças. Totalmente encoberta, a ponte com 975 m de extensão e 9,40m de pista e faixa de rolamento do rio Madeira está com a visibilidade prejudicada e sob estrita vigilância da 1ª Delegacia da Polícia Rodoviária Federal.

A vazão do rio segue surpreendendo no atual período de estiagem em Rondônia: se na semana passada o nível baixou para 6,70m, na manhã desta quarta-feira (19) alcançou 8,11m.

Incêndios e queimadas também têm ocorrido em propriedades rurais no interior, no sentido Humaitá (AM) e regiões Sul e Sudoeste do Amazonas. A situação exigiu operações rotineiras de fiscalização às margens de estradas, depois da denúncia de incêndios criminosos, feita pelo comandante do Corpo de Bombeiros Militar de Rondônia, coronel Sílvio Rodrigues.

Dados do Ibama, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e do Serviço de Proteção da Amazônia totalizaram mais de 5,37 mil focos de fogo até o início da semana.

“Enfrentar a fumaça é um risco para qualquer motorista, porque ele se sujeita a dirigir às cegas, e o acidente quase sempre é fatal”, advertiu o chefe da delegacia, inspetor Alayr Saraiva.
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A PRF recomendou aos usuários da ponte e das BRs 319 (Porto Velho-Manaus) e 364 (no trecho Porto Velho-Vilhena) que redobrem a atenção e usem o pisca-pisca.

Seis policiais atendem aos casos de emergência em rodovias federais no município de Porto Velho e outros oito foram escalados para o plantão ordinário. “No momento, nosso efetivo é esse; no mais, esperamos por chuvas para amenizar a situação”, apontou Saraiva.

Segundo ele, mesmo obedecendo à costumeira rotina de trabalho, o alerta da realidade climática feito pelo Sipam, Corpo de Bombeiros Militar de Rondônia e Secretaria Estadual de Desenvolvimento Ambiental indica total dedicação das reduzidas equipes de agentes. “Todos nos informam que chegamos ao ápice da situação incômoda causada pelo fogo indiscriminado na cidade e na zona rural”, comentou Saraiva.

A fumaça vem prejudicando pousos e decolagens no Aeroporto Internacional Jorge Teixeira, em Porto Velho. Pilotos da GOL, Azul, Rima e TAM, empresas que operam na Capital, reclamam da pouca visibilidade. “A situação é crítica entre o Sul do Amazonas e o Norte de Rondônia”, disse o chefe do Departamento de Controle do Espaço Aéreo de Porto Velho, 1º tenente Alexandre de Paula.

RISCO PARA A NAVEGAÇÃO FLUVIAL

A Sociedade de Portos e Hidrovias de Rondônia (Soph) ainda não teve problemas com atracamento de embarcações, entretanto, aguarda com expectativa a chegada de setembro para reduzir mais o número de balsas. Segundo o Departamento de Fiscalização e Operações da Soph, é nesse mês que pedras e bancos de areia prejudicam mais o tráfego fluvial.

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O calado ideal para a movimentação de cargas é de 3,80m. Atualmente, o fenômeno climático também conhecido por cerração, decorrente de incêndios e queimadas, atinge também o porto particular do grupo Amaggi, de calado mais estreito.

Quanto mais o rio “seca”, o carregamento diminui. Mesmo em fim de safra agrícola, a Soph opera com carregamentos de até duas mil toneladas de milho e soja, em cada balsa. Um comboio de 20 balsas até o porto de Itacoatiara (AM), a 1.056 quilômetros de Porto Velho, por exemplo, transporta 40 mil toneladas.

Setembro é considerado pela Marinha Brasileira o ponto crítico para a navegação na Amazônia Ocidental. Até lá, a Marinha também deverá intervir no tráfego noturno, determinando a suspensão de saídas de balsas à noite, a fim de evitar problemas com a presença de balsas menores, operadas desde o início do ano por garimpeiros de ouro.

Fonte
Texto: Montezuma Cruz
Fotos: Ésio Mendes
Decom – Governo de Rondônia