Rio Madeira a sete metros da enchente histórica de 2014

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RIOMAO rio Madeira está subindo assustadoramente. Ao meio dia de hoje, 02 de janeiro, a régua da Ana/CPRM registrou 12,30 metros, estando, portanto, a apenas sete metros da histórica enchente de 2014.

A justificativa no primeiro semestre de 2014 por parte do governo de Rondônia e o governo federal, através do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), sobre a mais grave enchente já registrada ao longo da bacia do rio Madeira, foi a chuva volumosa que caiu na Bolívia. Estudos feitos pelo órgão do governo brasileiro e pelo Serviço Nacional de Meteorologia e Hidrologia da Bolívia (Senamhi) mostraram que em alguns pontos entre os meses de janeiro, fevereiro e março, o volume de chuva registrado nas bacias dos rios Beni e Madre de Deus, os principais afluentes do Madeira, totalizou até 500 milímetros acima da média climatológica.
Contudo, tamanho estrago e período longo de escoamento das águas do Madeira rumo ao rio Amazonas, até hoje são questionados por pesquisadores.
521Ao longo do mês de dezembro, poucos e localizados foram os eventos de precipitação mais expressiva observados sobre o país vizinho. A região do departamento de Beni foi uma das que menos receberam chuva ao longo do mês.

A anomalia mensal de precipitação estimada pelo satélite Tropical Rainfall Measuring Mission (TRMM) da Agência Espacial Americana (NASA) mostrou que apenas na região central do território boliviano, os valores ficaram positivos e nas demais áreas, entre negativo e dentro da média. Isso significa que não houve nenhum evento anômalo de precipitação superior ao que normalmente é registrado durante o mês de dezembro, e que fizesse o rio Madeira subir além do esperado.

Após a construção das duas usinas hidrelétricas, Jirau e Santo Antônio, o governo federal dizimou qualquer tipo de impacto ambiental à população do Acre e de Rondônia, além da Bolívia. Os estudos concluíram que a chuva foi o ingrediente principal para o nível tão elevado do Madeira, e que deixou por semanas, moradores do Acre e de parte de Rondônia, totalmente isolados, inclusive sem mantimentos. Algumas áreas de distritos de Porto Velho passaram mais de três meses totalmente inundadas, algo jamais observado.

813A indagação é recorrente findos dias de dezembro de 2014. Não choveu o bastante na Bolívia para o rio Madeira subir vertiginosamente como tem subido.

 

Abunã. Clique na Imagem para ampliar...
Abunã. Clique na Imagem para ampliar…

Na manhã desta sexta-feira (02), a régua da estação telemétrica operada pela Agência Nacional de Águas (ANA) no distrito de Abunã, o primeiro ponto de medição após a entrada das águas sobre o território brasileiro, indicou nível de 18,63 metros. O nível normal do rio em dezembro varia entre 12 e 15 metros e a cota de alerta, com permanência de 5%, é acionada quando o mesmo supera 16,70 metros.
Usando o banco de dados do próprio Senamhi, chegou-se a conclusão que nas mais de 30 estações meteorológicas e hidrológicas pesquisadas, a taxa de precipitação acumulada ao longo do mês de dezembro oscilou entre 110 e 230 milímetros, sendo que a maioria, esteve com anomalia negativa de precipitação.
Já em Porto Velho, a estação meteorológica automática mantida pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) acumulou entre 01 e 28 de dezembro, 109 milímetros, quando a média climatológica (1961-1990) para o mês é de aproximadamente 319 milímetros.
Os pesquisadores, que estão fora do âmbito do funcionalismo público de esfera federal, enfatizam que novos estudos devem ser adotados com relação ao represamento, por mínimo que seja, das águas das duas hidrelétricas, pois os impactos ambientais serão cada vez mais recorrentes e intensificados, desde enchentes até o assoreamento e a quantidade cada vez mais crescente de sedimentos depositados no fundo o rio.