Representantes da Embaixada da Alemanha visitam o povo Karipuna, em Rondônia

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Adido social da Embaixada alemã ressaltou o impacto causado pelos relatos de ameaças e da luta do povo Karipuna pela preservação de seu território

No dia 15 de julho, representantes da Embaixada da Alemanha visitaram o povo Karipuna, em Rondônia. Participaram da visita à aldeia Panorama, na Terra Indígena (TI) Karipuna, o Adido do Departamento Social da Embaixada, Manfred Brinkmann, o assessor da Embaixada alemã, Rainald Baier, o representante da Misereor no Brasil, Stefan Kramer, e o arcebispo de Porto Velho e presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Dom Roque Paloschi.

Nos últimos anos, a TI Karipuna tem sido alvo da ação sistemática de madeireiros e grileiros, que realizam a venda de “lotes” da terra demarcada para posseiros e o desmatamento de áreas com a intenção de estabelecer propriedades dentro do território tradicional.

Devido à pressão desses invasores, a TI Karipuna é a 9ª terra indígena mais desmatada da Amazônia – e pode ser ainda mais impactada pela recente aprovação da Lei Complementar 1089/2021, que extinguiu 90% da Resex Jaci Paraná e mais de 20% do parque estadual Guajará Mirim.

“Foi uma experiência muito importante e impressionante para nós. Visitamos esse povo pequeno, ameaçado, que vive numa terra demarcada, registrada”

Na semana passada, após um encontro realizado em Porto Velho, lideranças do povo Karipuna e de outros povos afetados pela medida divulgaram um documento no qual pedem que a lei estadual seja declarada inconstitucional pela Justiça.

“Tivemos a oportunidade de visitar a TI Karipuna, depois de cem quilômetros subindo o rio Jaci. Foi uma experiência muito importante e impressionante para nós. Visitamos esse povo pequeno, ameaçado, que vive numa terra demarcada, registrada”, conta Manfred Brinkmann.

O adido social da Embaixada alemã ressaltou o impacto causado pelos relatos de ameaças e da luta dos Karipuna pela preservação de seu território e de seu povo, que quase foi dizimado, na década de 1970, após um desastroso contato promovido pelo Estado brasileiro.

“Eles falaram para nós da situação que vivem. Eles têm muito medo das invasões que acontecem pelos madeireiros e outros invasores no seu território. Isso foi uma grande surpresa para nós, porque já existe um registro desse território”, prossegue.

“O povo nos falou de várias situações de ameaça por parte desses interesses econômicos que entram no seu território. É uma situação grave. Estamos muito impressionados com o trabalho da arquidiocese e do Cimi. Acreditamos que é um trabalho importante, na linha da Constituição brasileira, que garante os direitos dos povos indígenas”, garante o adido social alemão.

“Eu não sei se Deus é brasileiro, mas acredito que ele deu uma responsabilidade especial aos brasileiros, para proteger esse patrimônio histórico da Amazônia e dos povos que moram nessa região”

A Embaixada da Alemanha apoia um projeto da arquidiocese de Porto Velho voltado a garantir segurança alimentar durante a pandemia e fornecer materiais e orientações para a proteção dos povos indígenas contra a covid-19. O projeto de ajuda humanitária atende a diversos povos indígenas na região, tanto em terras indígenas quanto em contexto urbano, fornecendo cestas básicas e kits de higiene às famílias.

“Há uma fala, aqui no Brasil de que ‘Deus é brasileiro’. Eu não sei se Deus é brasileiro, mas acredito que ele deu uma responsabilidade especial aos brasileiros, para proteger esse patrimônio histórico da Amazônia e dos povos que moram nessa região”, afirma Brinkmann.

Fonte: CIMI