Redução do desmatamento pode ‘render’ até R$ 30 bilhões para MT

0
494
Árvore no Parque estadual do Cristalino, no norte de Mato Grosso: bioma amazônico carece de recursos para manter combate ao desmatamento e sustentabilidade, defende Sema. (Foto: Marcos Vergueiro/Secom-MT)
Árvore no Parque estadual do Cristalino, no norte de Mato Grosso: bioma amazônico carece de recursos para manter combate ao desmatamento e sustentabilidade, defende Sema. (Foto: Marcos Vergueiro/Secom-MT)
Árvore no Parque estadual do Cristalino, no norte de Mato Grosso: bioma amazônico carece de recursos para manter combate ao desmatamento e sustentabilidade, defende Sema. (Foto: Marcos Vergueiro/Secom-MT)

O estado de Mato Grosso, sozinho, possui potencial para captar no mercado internacional de créditos de carbono cerca de R$ 30 bilhões em recursos que podem ser investidos em programas e projetos de conservação, controle ambiental e desenvolvimento sustentável no estado por meio do sistema REDD+ (Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação florestal), que conta, entre outros, com mecanismos de compensação financeira por emissão de carbono na atmosfera.

O valor – convertido de dólares americanos (moeda do mercado de carbono) para reais – é calculado pela Secretaria de estado de Meio Ambiente (Sema) com base no volume de gases que deixou de ser emitido entre 2006 e 2014 no território mato-grossense por conta da redução do desmatamento ilegal. De acordo com o governo do estado, Mato Grosso conseguiu reduzir o desmatamento em 5,2 milhões de hectares no período avaliado.

A redução equivale a 80% da área que anteriormente vinha sendo desmatada ilegalmente em Mato Grosso e a mais de 50% do total de desmatamento ilegal reduzido em toda a Amazônia Legal (área que compreende também os estados de Rondônia, Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Roraima,Maranhão e Tocantins).

Segundo a Sema, somente a redução obtida em Mato Grosso foi responsável por evitar que 1,9 bilhão de toneladas de gás carbônico, volume que seria emitido por meio da atividade degradante e predatória na região amazônica caso o desmatamento ilegal mantivesse o ritmo de avanço dos anos anteriores.

“Isso é uma taxa altamente sensível que tem que ser considerada. Mas isso não quer dizer que nós acabamos com o desmatamento. Nós temos feito um esforço através de instrumentos de comando e controle que, evidentemente, não são suficientes”, explicou a secretária de Meio Ambiente de Mato Grosso, Ana Luiza Peterlini, durante o 10° Fórum de Governadores da Amazônia Legal, realizado em Cuiabá no final de maio.

Resultado do encontro dos governadores, o fórum produziu um documento, a Carta de Cuiabá, no qual os estados da Amazônia Legal cobram do governo federal medidas que facilitem o acesso a recursos a que a região tem direito por meio, entre outros, do REDD+.

Isso porque, segundo a secretária, reduzir o desmatamento ilegal e a degradação do bioma amazônico custa caro. A cada ano, cresce a demanda por recursos para manter atividades de conservação, proteção e promoção do desenvolvimento sustentável.

 

Combate ao desmatamento gera crédito ao reduzir emissão de gases. (Foto: Raphael Alves/AFP) Créditos
Combate ao desmatamento gera crédito ao reduzir
emissão de gases. (Foto: Raphael Alves/AFP)
Créditos

É por isso que os estados da região pleiteiam o acesso desburocratizado aos recursos internacionais previstos no sistema REDD+, que comporta um fundo de compensação por emissões de carbono na atmosfera.

Por meio desse mecanismo, países que tiverem reduzido emissões de gases poluentes podem obter créditos financeiros oriundos de países que tiverem excedido suas cotas de emissões de gases poluentes (cotas estabelecidas em tratados) e precisarem compensá-las.

Por ter conseguido reduzir de maneira significativa o ritmo de desmatamento e, consequentemente, a emissão de gases poluentes, agora Mato Grosso busca a compensação financeira para manter a floresta e promover desenvolvimento sustentável.

“Nós [Mato Grosso] reduzimos cerca de dois bilhões de toneladas de carbono em razão do desmatamento que foi evitado nos últimos dez anos. Se você considerar que uma tonelada custa no mercado cerca de US$ 5,00, então nós temos hoje, para negociar no mercado internacional, cerca de R$ 30 bilhões, fora o potencial que nós temos nas reduções até 2020. Nós temos créditos consideráveis a serem resgatados no exterior”, defendeu Peterlini.

G1-MT