Rede criada na França reúne brasileiros que se sentem ameaçados pelo governo Bolsonaro

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Ato de criação da rede Solidariedade Francça Brasil teve plateia lotada no anfiteatro do Instituto de Altos Estudos da América Latina (IHEAL), em Paris, em 18 de janeiro de 2019.

Por Márcia Bechara/RFI

Solidarité Brésil (Solidariedade Brasil, em português) é o nome da iniciativa, lançada nesta sexta-feira (18) em Paris, no Instituto de Altos Estudos da América Latina (IHEAL), com a presença de personalidades como o filósofo, professor da USP e colunista do jornal Folha de S. Paulo Vladimir Safatle, e o cientista político Luiz Felipe Alencastro. O evento, mediado pelas historiadoras francesas Maud Chirio e Anaïs Fléchet, foi organizado pela Associação pela Pesquisa sobre o Brasil na Europa (Arbre), criada há 12 anos para repercutir e discutir o Brasil na capital francesa.

Plateia lotada e muitas pessoas sentadas no chão. O anfiteatro do Instituto de Altos Estudos da América Latina (IHEAL) esteve repleto de estudantes, professores, jornalistas e intelectuais dos dois lados do Atlântico nesta sexta-feira (18) em Paris, para o lançamento de uma rede internacional que visa ajudar brasileiros, estudantes e profissionais que se sintam ameaçados por decisões ou atos do governo brasileiro.

Entre o público-alvo dos pesquisadores, professores e brasilianistas presentes, estudantes que podem perder bolsas de estudo por “critérios ideológicos” (como anunciado em nota na imprensa brasileira), membros da comunidade LGBT, pesquisadores e ativistas quilombolas, do movimento negro, jornalistas, feministas, entre outros. Muito aplaudido, o filósofo brasileiro Vladimir Safatle lembrou do revisionismo do governo Bolsonaro, que “neste momento mesmo, tira dos livros de História a expressão ‘ditadura’ e substitui por ‘movimento’ militar”.

“Acabou, foi uma ruptura e é hora de viver o luto desta Nova República. Somos o único grande país da América Latina que elegeu através do voto direto um governo militarista de extrema direita. Isso é inédito no continente. (…) Tudo o que vier [no Brasil] a partir de agora não terá conexão com o que quer que seja que tenhamos vivido no passado. Mas não podemos deixar que acabem com a imaginação política do Brasil”, disse Safatle.

Rede de solidariedade