Quadrilha integrada por ex-assessor de senador movimentou R$ 1,5 milhão em 15 dias

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O ex-assessor do senador Marcos Rogério (DEM-RO), Marcelo Guimarães Cortez Leite, permanece foragido, de acordo com a colunista Juliana Dal Piva, do UOL.

Lotado em Porto Velho, ele recebeu em agosto o salário bruto de R$ 5.735,93.

O senador afastou o assessor assim que a operação da PF tornou-se pública.

Guimarães já havia servido anteriormente ao ex-senador Expedito Junior, hoje presidente do PSDB em Rondônia.

Ele é casado com uma promotora de Justiça que serve a uma comarca do interior do estado, mas anteriormente já fez parte do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público de Rondônia.

A casa do assessor de Marcos Rogério, o mais ativo integrante da tropa de choque de Jair Bolsonaro, foi alvo de busca e apreensão.

O ponto de partida das drogas em território brasileiro seria o município de Guajará Mirim, que tem ampla fronteira com a Bolívia, dotada de laboratórios na região amazônica.

Com a repressão das polícias nacionais ao tráfico no sul da Bolívia, nas fronteiras com Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, as drogas estão cada vez mais entrando no Brasil por via rodoviária na região de Guajará Mirim ou pelos rios da tríplice fronteira Brasil-Peru-Colômbia, a chamada rota do Solimões.

Isso explica, em parte, a explosão da criminalidade em Fortaleza mas também em Belém e Manaus, com o fortalecimento de gangues locais como a Família do Norte (Amazônia) e os Guardiões do Estado (Ceará).

De acordo com a PF, as remessas seguiam em carretas até Fortaleza, que se tornou um hub regional e internacional do tráfico, pois dali a cocaína segue em navios ou barcos para a costa da África ou a Espanha.

Só isso para explicar que a quadrilha tenha movimentado R$ 1,5 milhão em apenas duas semanas.

A PF não entrou em detalhes sobre a posição ocupada por Marcelo na quadrilha, mas como assessor parlamentar ele tinha acesso a informação privilegiada.

Abaixo, nota da Polícia Federal sobre o evento. No pé do post, a primeira de uma série de reportagens sobre a Rota do Solimões. E a primeira de uma série sobre a violência brutal em Fortaleza.

A imbricação entre tráfico de drogas e política no Brasil está se tornando cada vez mais forte, com a repetição de casos como o do ex-deputado federal do Acre, Hildebrando Paschoal, que controlava o estado com sua motossera, e mais recentemente do prefeito de Itaituba, no Pará, Valmir Climaco, dono de uma fazenda onde a PF encontrou 583 quilos de cocaína.

Ambos negam qualquer relação com o tráfico.

PF combate o tráfico interestadual de drogas e a lavagem de dinheiro proveniente do tráfico em Porto Velho/RO

Operação Alcance cumpre 102 ordens judiciais em quatro estados

Porto Velho/RO – A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira (1/9) a OPERAÇÃO ALCANCE, visando desarticular esquema criminoso de envio de carregamento de drogas de Rondônia para a cidade de Fortaleza/CE, assim como núcleo voltado à lavagem de capital proveniente do tráfico sediado em Porto Velho/RO.

Aproximadamente 200 policiais federais cumprem os 102 mandados judiciais, sendo 42 de prisão preventiva e 60 de busca e apreensão. Há ordem judicial de bloqueio de valores bancários, demandados pela Vara de Delitos de Tóxicos de Porto Velho/RO. Os mandados judiciais estão sendo cumpridos em seis cidades diferentes, sendo Porto Velho/RO, Cacoal/RO, Guajará-Mirim/RO, Fortaleza/CE, Boa Vista/RR e Santa Luzia/MG.

As investigações foram iniciadas em agosto de 2020, com a finalidade de identificar a participação dos integrantes da organização criminosa (ORCRIM) sediada em Porto Velho e liderada por indivíduo foragido, condenado em 2015 a aproximadamente 40 anos de prisão por tráfico, associação e lavagem de dinheiro.

Durante as investigações, constatou-se que os integrantes do grupo criminoso atuavam em duas frentes: um núcleo responsável na remessa de droga em carretas para o Estado do Ceará e outro na ocultação do patrimônio. Após o cumprimento do mandado de prisão do líder da ORCRIM em novembro de 2020 quando usava documento falso, descobriu-se a magnitude das transações.

Sete remessas de drogas foram apreendidas totalizando cerca de uma tonelada de cocaína. O dinheiro da droga era recebido de forma dissimulada em contas bancárias de interpostas pessoas e empresas, sendo que estas recebiam aproximadamente 3% do valor movimentado. Além das inúmeras identificadas, em uma delas a ORCRIM chegou a receber R$1,5 milhão no interstício de 15 dias.

Há empresa com movimentação financeira de aproximadamente R$ 85 milhões em 2020 sem sequer possuir sede física. Parte do patrimônio estava sendo ocultado por meio de postos de gasolinas, empresas, garagem de veículos, sítios, jet-ski e imóveis de luxo.

Os presos, após serem ouvidos pela Polícia Federal, serão encaminhados para o sistema prisional, onde responderão pelos crimes de tráfico interestadual de drogas, organização criminosa, bem como lavagem de dinheiro, cujas penas somadas podem chegar a mais de 40 anos de prisão.

O nome da operação é atinente aos esforços despendidos para ALCANÇAR os integrantes e o líder da organização criminosa foragido da Justiça desde o ano de 2015.

Fonte: Viomundo