Porto Velho continua sendo a segunda pior capital em saneamento básico

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Saneamento básico é solução para combater a zika, diz ONUO país ainda tem mais de 35 milhões de brasileiros sem acesso aos serviços de água tratada. O município de Porto Velho, capital de Rondônia, por exemplo, tem um dos piores resultados nacionais. Apenas 31% de seus moradores têm acesso à água tratada, a coleta de esgoto só atine 2% da população e a relação entre tratamento de esgoto e água consumida tem percentual zero.

Metade do Brasil ainda não tem acesso a sistemas de coleta de esgotoO Brasil ocupa a 10a posição no ranking de Saneamento Básico da América Latina. | Foto: Instituto Trata Brasil

O saneamento básico ainda é um problema enorme no Brasil. Mesmo que estruturas de coleta, tratamento de esgoto e distribuição de água sejam itens essenciais para proporcionar o mínimo de qualidade de vida à população, esses temas ainda recebem pouca atenção e, principalmente, investimentos.

De acordo com o Instituto Trata Brasil, que monitora a situação do saneamento básico no país, os números são desanimadores. O “Ranking do Saneamento nas 100 maiores cidades brasileiras” mostrou que os avanços são lentos e as novas estruturas não condizem com a arrecadação. O país ainda tem mais de 35 milhões de brasileiros sem acesso aos serviços de água tratada, metade da população sem coleta de esgotos e apenas 40% dos esgotos do país são tratados.

Na edição mais recente do documento, a organização mostra que, em 2014, as 20 melhores cidades brasileiras investiram juntas R$ 827 milhões em saneamento, quando arrecadaram R$ 3,8 bilhões com os serviços. No últimos cinco anos, a média de investimento dessas cidades foi de R$ 188, 24 milhões, sendo R$ 71,46 por habitante/ano.

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Se a situação nas cidades com melhor desempenho já não é tão exemplar, nos municípios que figuram na outra ponta do ranking tudo é muito pior. De acordo com o Trata Brasil, os 20 piores municípios investiram juntos R$ 482 milhões em 2014, enquanto arrecadaram R$ 1,9 bilhão. Na média dos últimos cinco anos, o investimento anual por habitante foi de apenas R$ 28,20.

A consequência desta falta de investimento em infraestrutura é sentida diretamente pela população, que não tem acesso a sistemas de coleta e tratamento de esgoto, sem contar a conexão com redes de distribuição de água tratada.

O município de Porto Velho, capital de Rondônia, por exemplo, tem um dos piores resultados nacionais. Apenas 31% de seus moradores têm acesso à água tratada, a coleta de esgoto só atine 2% da população e a relação entre tratamento de esgoto e água consumida tem percentual zero.

A falta de estrutura não prejudica apenas a população, mas afeta diretamente a economia das cidades brasileiras. O Índice de Perdas de Faturamento Total mostra que apenas sete cidades entre todas as analisadas têm perda menor do que 15% da água faturada. A média nacional de perdas chegou a 41,9%. A capital do Amazonas, Manaus, tem o pior índice, perdendo 75% de seu faturamento.

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“O fato da maioria das grandes cidades brasileiras não conseguirem cobrar por mais de 30% da água potável produzida é um desastre. É uma gigantesca perda de água, mas principalmente de recursos financeiros que seriam essenciais para a redução das próprias perdas de água, mas principalmente para que mais pessoas fossem atendidas com novas redes de água e esgotos”, explicou Édison Carlos, presidente executivo do Instituto Trata Brasil.

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Situação na América Latina  

Apesar de o Brasil ser um dos destaques na economia latino-americana, em termos de saneamento básico o país está perdendo feio para nações com menor representatividade.

No ranking dos países, a Venezuela tem o melhor desempenho, com 94% de sua população sendo atendida por sistemas de coleta e tratamento de esgoto. Na sequência vem o Chile e o México, enquanto o Brasil ocupa apenas a 10ª posição.

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Para Gesner Oliveira, autor do estudo sobre saneamento na América Latina pela Comissão Econômica para a América Latina, os números do Brasil em infraestrutura não condizem com os dados da economia. “Avançamos muito pouco no sentido de alcançar a universalização dos serviços de saneamento. Caso se mantenha o ritmo atual, estimamos que só teremos serviços de saneamento universalizados a partir de 2050. Os patamares de atendimento do Brasil se mostram modestos mesmo na comparação com seus pares latino americanos. Dados da CEPAL sugerem que o Brasil é um ponto fora da curva, possuindo índices de atendimento que não condizem com a renda per capita do País”.

Sobre a captação de dados

Desde 2009, o Instituto Trata Brasil divulga seu tradicional “Ranking do Saneamento Básico nas 100 Maiores Cidades”, sempre com base nos dados oficiais do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento Básico (SNIS). Os números são informados pelas próprias empresas operadoras de água e esgotos dos municípios brasileiros ao Governo Federal, portanto, são números oficiais das próprias cidades.

Por Thaís Teisen – Redação CicloVivo