Porto-velhense é única brasileira entre 100 selecionados para viagem a Marte

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Professora da Faculdade Porto/FGV, Sandra Maria Feliciano, de 51 anos pode ir a Marte
Professora da Faculdade Porto/FGV, Sandra Maria Feliciano, de 51 anos pode ir a Marte
Professora Sandra Maria Feliciano pode ir a Marte

No início eram mais de 200 mil candidatos a astronauta no projeto Mars One. Após a fase de entrevistas online, restaram apenas 100 selecionados que prosseguirão na disputa para viagem a Marte. Entre eles está a professora da Faculdade Porto/FGV, Sandra Maria Feliciano, de 51 anos.

Sandra integra o grupo com 50 homens e 50 mulheres que passaram com sucesso a segunda rodada. Os candidatos vêm de todo o mundo, ou seja, 39 das Américas, 31 da Europa, 16 da Ásia, sete da África, e sete da Oceania. A professora é a única brasileira que ainda continua na disputa pela vaga na missão.

 

“O grande corte de candidatos é um passo importante para sabermos quem tem as qualidades certas para ir a Marte”, afirma Bas Lansdorp, cofundador e diretor-executivo da fundação Mars One em comunicado oficial.

marsssSegundo a professora, as pessoas que forem colonizar o espaço podem ser equiparadas aos navegadores que atravessavam o oceano inóspito, em pequenas caravelas, que podiam esperar pela morte horrível ou pela glória na história e pela riqueza. “Claro que nenhum de nós vai ficar rico indo para Marte, mas aqueles que forem serão os desbravadores, espremidos em pequenas naves, podendo alcançar uma morte horrível ou a glória de entrar para a história. Ir para Marte não é, nesse aspecto, só um desafio, é uma necessidade. Alguém tem que começar. Eu gostaria de ser uma dessas pessoas, ciente das dificuldades que podem ser enfrentadas. Afinal é uma viagem sem volta.”, afirma.

Sobre a viagem

Na quinta etapa do projeto Mars One serão selecionadas 40 pessoas e treinadas pelo período de oito anos. Ao final, 10 casais serão formados e enviados para Marte. A viagem acontece em partes.

Em 2016 serão enviados o satélite de comunicação e rovers para fazer a exploração do local onde se instala a colônia. Entre 2018 e 2020 serão enviados os diversos módulos contendo alimentação, água, oxigênio, painéis fotovoltáicos e o resto do equipamento. Os rovers irão montar parte dessas estruturas. Em 2022 sairão os casulos, que serão também os habitats, com aproximadamente 52m² para cada casal. O módulo contém quarto, sala, banheiro, aérea de hidroponia, higiene. Ao pousar no planeta vermelho esses módulos serão enterrados para impedir a incidência de radiação dentro dos habitats. Os módulos já estão sendo testados na Terra, informa Sandra.

Família

“Meu pai acha sensacional, meus irmãos mantêm um silencio respeitoso e eu sou a única pessoa do mundo que pode ouvir da sua mãe no café da manhã: ‘você não vai para Marte entendeu?’, dito naquele tom em que os pais proíbem os filhos de sair a noite para a balada”, brinca a professora.

Sandra não é casada e não tem filhos, mas é muito próxima de seus pais e irmãos. “Claro que vou sentir falta deles, mas haverá um link de comunicação, com um delay de 17 minutos, a gente vai poder conversar e contar novidades, mesmo que com atraso, se eu for a Marte”, afirma.

Comunicação com demais viajantes

Atenta a comunicação com seu parceiro de viagem e demais casais selecionados, Sandra Maria se matriculou no curso de idiomas do Wise Up – Porto Velho para aprender inglês e poder se comunicar com os tripulantes.

“O grande corte de candidatos é um passo importante para sabermos quem tem as qualidades certas para ir a Marte”, disse em comunicado Bas Lansdorp, cofundador e diretor-executivo da fundação.

No perfil divulgado pela Mars One, Sandra afirma ser formada em administração e direito. Ela também é professora — no seu perfil no Facebook, ela afirma trabalhar na escola estadual Major Guapindaia e na Faculdade de Porto Velho — especialista em segurança pública.

A candidata também mantém uma página no Facebook sobre aquários. Ela escreveu licros de ficção chamado “Os Ancestrais”, publicado em dezembro passado. Entre os temas de interesse dela estão astronomia, física, biologia, administração de crise e ecologia de sistemas fechados

Em um vídeo divulgado pela fundação, Sandra diz que tem “a coragem e o espírito certos” para participar desta missão.

Missão sem volta

Nos próximos processos seletivos, restarão apenas os 24 colonos que devem viajar a Marte em seis grupos de quatro pessoas. Os colonos, que jamais poderão regressar à Terra, deverão viver em pequenos habitats, encontrar água, produzir oxigênio e cultivar seus próprios alimentos.

Um estudo do prestigioso Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês)estima que os colonos vão começar a morrer no 68º dia de missão.

O custo do programa espacial, estimado em 6 bilhões de dólares, será totalmente financiado pela iniciativa privada, por meio de patrocinadores e sócios, contribuições voluntárias e conteúdo midiático gerado pela missão com a venda dos direitos de transmissão.

O projeto é apoiado por cientistas como o holandês Gerard ‘t Hooft, ganhador do Nobel de Física em 1999, embora tenha despertado muitas dúvidas sobre sua viabilidade.

Até agora, as agências espaciais ao redor do mundo só conseguiram enviar sondas robóticas a Marte, sendo a última a Curiosity, da Nasa, estimada em US$ 2,5 bilhões, e que pousou no planeta vermelho em agosto de 2012.

Se for bem sucedida, a Mars One será a primeira iniciativa, tripulada ou não tripulada, a explorar outro planeta.

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