POR QUE NÃO EU? CAMPANHA ESTIMULA APADRINHAMENTO DE CRIANÇAS MAIORES EM PORTO VELHO

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Até o fim de maio, ações incentivam apadrinhamento e adoção de crianças e adolescentes (Divulgação/TJRO)
Até o fim de maio, ações incentivam apadrinhamento e adoção de crianças e adolescentes (Divulgação/TJRO)

Um passeio especial para crianças e adolescentes de três unidades acolhedoras de Porto Velho (RO). Além da oportunidade de sair do ambiente de abrigo, o grupo foi atração de um número musical pra lá de especial. Trata-se da campanha “Por que não eu?” de mobilização pelo apadrinhamento e adoção de crianças maiores e adolescentes, uma parceria do Poder Judiciário com Ministério Público e Prefeitura de Porto Velho.

Após ensaios comandados pelo coral da Faculdade São Lucas, o grupo se apresentou entre 17h e 19h, em dois locais do shopping, a praça de alimentação 2 e no hall de entrada, próximo ao stand montado para divulgar a campanha.

A campanha busca informar, desmitificar e quebrar os preconceitos com relação à adoção, e ter oportunidade de demonstrar que crianças e adolescentes que estão em situação de acolhimento institucional precisam ter a chance de uma convivência familiar.

O coral das crianças e adolescentes, reforçado por servidores das instituições além de próprios componentes do coral São Lucas, apresentou as canções “Trem Bala” e “Ser Criança”, emocionando o público presente.

A atividade contou também com algumas surpresas. As adolescentes foram maquiadas pelas funcionárias de uma loja de cosméticos (“Quem, disse Berenice?)”, o que trouxe satisfação e valorização da autoestima das meninas.

Várias emissoras de TV compareceram ao local para dar visibilidade à campanha. Muitas delas entrevistaram os representantes das instituições parceiras e também das crianças e adolescentes disponíveis para adoção, crianças e adolescentes que são apadrinhadas dentro do projeto “Apadrinhando uma História”, ou ainda famílias que já adotaram, pois a ação é apoiada pela associação Acalanto de apoio à adoção.

“O afeto é a questão mais importante, que envolve o ser humano. ´É o que determina o fim de guerras, reúne pessoas de raças diferente, de religiões diferentes. Quando você tem vínculo afetivo, você consegue quebrar preconceito e fazer diferença na vida das pessoas”, destacou a juíza da Infância e Juventude.

Para a magistrada o trabalho do 2º Juizado não se resume a área jurídica. “É importante a consciência que as questões sociais são responsabilidade de todos. Nos países mais desenvolvidos temos pessoas muito empenhadas, se voluntariado nas questões sociais. Ninguém transfere só para o governo as questões que demandam atenção da sociedade. Você pode fazer um pouquinho ou muito, desde que você faça alguma coisa. Nós podemos ajudar de qualquer forma, basta que nós tenhamos essa vontade e que tenhamos o coração aberto para esse projeto, para essa situação, que é tão singular e tão importante”, finalizou.

“Nós sabemos que essas crianças que estão em situações de acolhimento institucional acabam ficando segregadas da sociedade. Na verdade, elas ficam naquela unidade e por mais que tenham alimentação, educação, carinho, sabemos que é difícil ofertar esse convívio comunitário, convívio familiar, a inserção delas na sociedade”, acrescentou Landa Elaisa Lemos, coordenadora do Saim (Serviço de Acolhimento Institucional).

A campanha de adoção e apadrinhamento de crianças maiores e adolescentes vai até o final de maio, no dia 28 ocorrerá a Caminhada da adoção, no espaço alternativo.

Apadrinhamento

No Stand disponível no shopping, foi possível realizar o cadastro no projeto “Apadrinhamento Legal”. O projeto incentiva o apadrinhamento de crianças e adolescentes abrigadas, tem dois anos e meio de duração e ótimos resultados.

“São eventos como esse que permitem sensibilizar a população com o olhar voltado para aquelas crianças e aqueles adolescentes que por algum motivo ou outro, não estão disponíveis para adoção”, ressalta do juiz coordenador da CEJA (Comissão Estadual Judicial de Adoção), Áureo Virgílio, que chama atenção ainda a oportunidade de contribuir para o desenvolvimento de uma criança e um adolescente, como padrinho seja afetivo, provedor ou prestador de serviço . “Sou um padrinho, patrocino um curso de natação para a minha afilhada Samara, o que traz benefícios não só pra ela como pra mim. Mensalmente tenho contato com ela, avalio e acompanho o seu desenvolvimento e estabeleço com ela, além dessa ajuda provedora, um laço de padrinho e afilhada.”

O projeto foi pensado visando estabelecer uma nova experiência de filiação, possibilitando a quebra do sentimento de abandono e a recuperação da autoestima de crianças e adolescentes, pela oportunidade de ter sido eleito por alguém como depositário de investimento de afetos e cuidados. Foi idealizado pelas equipes do 2º Juizado de Infância e da Juventude, Serviço de Acolhimento Institucional (SAIN), da Secretaria de Assistência Social do Município de Porto Velho, Centro de Apoio Operacional da Infância e da Juventude do Ministério Público e da CEJA.

A iniciativa tem o objetivo de sensibilizar e captar pessoas com interesse e disponibilidade de tornarem-se “padrinhos e madrinhas” de crianças e adolescentes em situação de acolhimento institucional, cujos vínculos com as famílias de origem encontram-se total ou parcialmente rompidos e que estejam numa faixa etária avançada, com doenças crônicas, deficiências físicas e mentais, soropositivas, etc., características que reduzem as possibilidades de inserção em família substituta.

Fonte: TJRO