Polícia Civil de RO teria incriminado falsamente ex-governador Daniel Pereira, revela áudio de delegado

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“Ninguém está acima da lei”. A frase que vem sendo uma espécie de mantra para alguns setores da segurança pública no Brasil vem causando estragos em reputações e vidas país afora. Em Rondônia, o que parecia ser uma promissora investigação da Polícia Civil contra uma suposta organização criminosa que teria como ‘chefe’ o ex-governador Daniel Pereira, deve se transformar em um vexame jurídico e entrar para a história ao lado da famigerada Operação “Apocalipse”, como a segunda maior lambança institucional do órgão.

Um áudio, revelado pelo radialista Fábio Camilo em seu programa Informa na Hora, mostra o delegado Júlio Cezar afirmando que não existiam provas contra o ex-governador, e mesmo assim a polícia teria mantido o pedido de busca e apreensão que aconteceu em 12 abril deste ano, durante a operação Pau Oco. Na ocasião, a polícia informou que “os suspeito são investigados pelos crimes de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, crimes contra a flora, contra a administração ambiental, advocacia administrativa, peculato digital, tráfico de influência, falsificação de documento público e falsidade ideológica”.

Ouça a íntegra do áudio do delegado Júlio Cezar

Na época, o ex-governador, em entrevista, afirmou desconfiar que a operação na verdade tinha cunho político, “a impressão que se tem é que o papel maior dessa operação não é esclarecer fatos, não é buscar informações, porque ao chegar na minha casa as autoridades policiais e a representante do Ministério Público, eu perplexo disse: me ajuda a dizer o que é que vocês estão buscando de informação. Se tem alguém que tem interesse em esclarecer os fatos e não deixar pairar qualquer dúvida sobre minha conduta, sou eu. Tenho mais de 30 anos de vida pública, nunca me apropriei de um copo d’água de qualquer entidade. E não é agora, com 50 e poucos anos, que eu vou começar a fazer. Realmente não sei o conteúdo do processo”, complementou o ex-governador.

O advogado do ex-governador, Nelson Canedo, afirmou que o caso é extremamente grave, “induziram um magistrado a erro”, afirmou.

Operação Pau Oco

Em novembro de 2018, quando Daniel Pereira ainda era governador, a Polícia Civil, através da Delegacia de Repressão as Ações Criminosa Organizadas de Cacoal (Draco/Interior), em parceria com o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco/RO) e o Ministério Público de Rondônia (MP/RO). deflagrou a Operação Pau Oco, cujas investigações haviam iniciado em julho do mesmo ano, visando apurar um esquema de extração ilegal de madeiras, sem qualquer verificação prévia em áreas florestais de jurisdição estadual.

Na operação, foram presos quatro servidores públicos que, segundo a Polícia Civil, faziam parte ou chefiavam uma organização criminosa e eram suspeitos de lavagem de capitais, crimes contra a administração ambiental e falsidade ideológica. As ações da organização envolviam lançamentos de informações falsas em documentos e sistemas públicos, bem como tomadas de decisões administrativas que iam contra a legislação.

O conhecimento sobre as fraudes aconteceu após a Polícia Civil realizar operações em reservas estaduais, no Vale do Jamari, em 2017. Na região, os policiais identificaram e entenderam as formas de ilegalidades na concessão de licença.

Em novembro deste ano, a polícia deflagrou a fase batizada de “Teste do Sabre” que cumpriu buscas e apreensões na residência de Daniel Pereira, já ex-governador do Estado.

Com informações do painel político