Polícia busca jovem que matou a mãe e usou a web para fingir luto

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A Delegacia de Guarujá, no litoral de São Paulo, realiza diligência visando a localização e prisão do jovem Bruno Eustáquio, de 23 anos, suspeito de matar a própria mãe, Márcia Lanzane, de 44 anos, segundo informou a Secretaria de Segurança Pública (SSP) ao G1 neste sábado (5). A Polícia Civil o indiciou por homicídio doloso, quando há intenção de matar, e, após solicitação da autoridade policial, a Justiça decretou a prisão preventiva do suspeito.

O crime ocorreu em dezembro de 2020. Na época, o suspeito chegou a fazer uma postagem nas redes sociais lamentando a morte da mãe. “Te amarei para sempre! Obrigado por tudo meu amor. Luto Eterno Rainha”, diz a publicação.

A morte de Márcia comoveu diversas pessoas e uma página chegou a ser criada em uma rede social, com o nome “Justiça por Márcia Lanzane”.

Em sua rede social, a vítima chegava a fazer homenagens ao filho. Em uma das postagens, feita em 2018, ela agradecia por tê-lo em sua vida e dizia que ele era sua força para viver, postando diversas fotos dos dois. Veja abaixo:

Márcia fazia postagem nas redes sociais em homenagem ao filho, a foto mostra uma das publicações, feita em 2018 — Foto: Reprodução/Facebook

Márcia fazia postagem nas redes sociais em homenagem ao filho, a foto mostra uma das publicações, feita em 2018 — Foto: Reprodução/Facebook

Investigação

Imagens obtidas pelo G1 na última quarta-feira (2) mostram o rapaz segurando o pescoço da vítima e a agredindo com socos dentro de casa, no bairro Sítio Cachoeirinha, antes da morte da mulher (veja vídeo mais abaixo; as imagens são fortes). Os vídeos do circuito interno de segurança do imóvel foram encontrados dentro do forno do fogão.

O advogado do suspeito, Anderson Real, disse que ele afirmou ter apertado o pescoço da mãe para imobilizá-la, não para matá-la, e que ela teve um “pequeno desmaio”, ele saiu de casa em seguida e, quando voltou, encontrou ela morta (leia mais abaixo o que o advogado disse ao G1).

O caso foi investigado pela Delegacia Sede de Guarujá. O inquérito policial com o indiciamento foi concluído em 31 de maio de 2021 e encaminhado à Justiça. A defesa dele afirma que ele está arrependido e que segurou o pescoço da mãe apenas para imobilizá-la (veja posicionamento na íntegra abaixo).

Suspeito ligou para amigos e familiares após morte da mãe

Na época do crime, familiares relataram à reportagem que o jovem teria ligado para amigos, desesperado, e acionado a polícia, afirmando que encontrou a mãe morta em casa. Segundo a Polícia Civil, o primo da vítima relatou que o jovem contou a ele que saiu de casa pela manhã para treinar, e que quando retornou encontrou a mãe caída no quarto dele, aparentemente sem vida.

Inicialmente, ele não contou aos policiais sobre ter envolvimento com a morte da mãe. A primeira suspeita dos investigadores surgiu ao notarem que Márcia havia morrido muitas horas antes de as equipes serem acionadas.

Filho chegou a lamentar morte da mãe nas redes sociais — Foto: Reprodução/Facebook

Filho chegou a lamentar morte da mãe nas redes sociais — Foto: Reprodução/Facebook

Ainda de acordo com a polícia, após suspeitarem das circunstâncias da morte, os investigadores foram até a residência da vítima e questionaram o filho. Ele alegou que teria sido uma morte acidental, após ele empurrá-la durante uma discussão. Em seguida, segundo ele informou às autoridades, Márcia teria caído e batido a cabeça.

No entanto, câmeras do circuito interno da casa mostram, na data do crime, o rapaz andando pela casa e entrando em um dos cômodos. Ele fecha a porta e, depois de quase duas horas, abre novamente.

Às 21h17, mãe e filho aparecem na porta e, segundos depois, entram em luta corporal. Os dois caem no chão, e o jovem fica em cima da mãe. Ele prende ela pelo pescoço e, logo em seguida, começa a dar socos nela. Depois disso, o jovem sai do quarto e segue para a sala, onde continua vendo televisão. Na manhã seguinte, ele ainda sai de casa, supostamente para ir à academia, e retorna.

Defesa diz que suspeito está arrependido

O advogado Anderson Real, que representa o filho da vítima, afirma que o jovem relatou que o HD das câmeras foi fornecido por ele.

“Após a morte, a polícia foi lá na residência, o levou para a delegacia e, durante o trajeto, questionou se não tinha câmera. Os policiais perguntaram onde estava o HD, e ele disse a verdade, que escondeu no forno porque estava com medo”.

De acordo com Real, o filho de Márcia alega estar arrependido. “A versão dele é que, realmente, teve uma discussão, uma briga, arranhões, mas até então ele negava o estrangulamento. Agora, com as imagens, ele confessa que apertou o pescoço dela para imobilizar, e não para matar. Ele alegou que, depois disso, houve um pequeno desmaio da mãe, mas que ela não morreu naquele instante”, diz.

“Ele afirma que chegou a voltar no quarto várias vezes depois disso para falar com ela, e que depois foi para a academia. Quando voltou, encontrou a mãe morta. Ele pediu ajuda para um amigo lhe explicar primeiros socorros, e depois acionou o Samu. Ele está totalmente arrependido pela briga que ocorreu com a mãe, e em nenhum momento tinha qualquer intenção de matá-la”, diz o defensor.

Sobre a alegação da Polícia Civil de que Bruno passa a ser procurado, ele alega que “desde a época do ocorrido, ele se mudou da casa onde morava com a mãe, por pressões da família e ameaças em redes sociais, mas deixou o seu atual endereço disponível”.

Fonte: G1