O triste destino do PSL – PERCIVAL SANCHES

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PERCIVAL SANCHEZ
Direto de Brasília

O partido do presidente Bolsonaro sofre daqueles partos de cesárea, aonde o rebento é puxado a fórceps, deixando sequelas quase sempre permanentes. E tudo muito forçado não dá certo mesmo. O desempenho do PSL nas eleições foi um estupor. A coroação do rei um show. Mas o reinado delirante tende a piorar algo que já está podre nos bastidores, ainda que as “Joices” da vida queiram fazer parecer tudo uma leve discussão entre “irmãos”. A expulsão do deputado federal Alexandre Frota é apenas a face mais exposta de uma crise que vai gerar mais purgações e obrações (não confundir com oblação).

A pífia liderança do deputado major Vítor Hugo, líder do governo na Câmara, estreita-se em paridade com os espasmos vocais do líder do governo na Câmara, deputado delegado Waldir. O grande líder deputado Rodrigo Maia não quer nem ver a sombra do major do PSL. De outra feita, já não é mais aceitável a extensa lista de justificativas da aguerrida deputada Joice Hasselmann, para tentar tapar o sol com a peneira. Enfim, o partido é a cópia do seu líder maior, que sofre de constipação verbal para produzir menos que nada, mas que coloca o país em situações de alta gravidade ou nos expõe como uma nação de débeis.

2020 já está na esquina e o partido está desestruturado desde o topo à base. A desorganização partidária é escorada pela montanha de dinheiro que o partido não sabe nem como utilizar. Nas eleições, com toda a pequena fortuna de R$ 500 milhões do fundo eleitoral que será turbinado, não conseguirá fazer o partido ter o desempenho que teve em 2018. Por uma questão muito simples: o estoque de voluntários e ativistas reduziu fortemente diante da gestão errática do comandante Bolsonaro. Além disso, praticamente todas as bases partidárias nos estados estão infestadas de problemas, alguns bastante graves como em Rondônia.

Lá nas saias da floresta Amazônica, naquele calor infernal, todos já sofrem com o relaxamento da fiscalização das queimadas. O sufocamento literal da população não aparece na mídia por uma questão de prioridade nas pautas. Rondônia fica fora do mapa da mídia. A neve no Sul é celebrada quase diariamente, assim como as chuvas no Nordeste e a falta de chuvas no Planalto Central. O PSL em Rondônia, tomado a mão de ferro feito golpe pelo atual governador, coronel PM Marcos Rocha, derrete feito sorvete na boca do forno. O próprio governador, que não abre mão da presidência do partido, indica claramente que, de política, não entende nada de nada. De gestão, já está bastante claro que também não entende. Atualmente, vive escondido dentro do Palácio Rio Madeira, quase sempre na bainha da saia da esposa, a verdadeira governante, e raramente aparece em público. Entregou a gestão política do governo a seu irmão de credo religioso, um empresário de nome Junior Gonçalves. Quem dá graças aos céus é a submissa Assembleia Legislativa, calada que só vendo.

Os dois deputados do partido em Rondônia estão submetidos à espada de Dâmocles. De um lado o coronel aposentado Chrisóstomo, eleito federal e que até agora não disse a que veio, além de se meter aonde não deveria. De outro um sargento da reserva, Eyder Brasil, eleito estadual, já fez tanto banzé que perdeu toda a credibilidade, a começar dentro da própria família, que abandonou. Na Assembleia Legislativa é menos que uma sombra depois daquele deputado que nunca aparece. Ambos estão emparedados pela justiça eleitoral, naquela história que tornou o PSL referência nacional: candidatas laranja para preencher a cota. Envolvidas desde a segunda-dama até esposas de candidatos do partido, num acordo secreto costurado pessoalmente pelo governador, ainda que negue. Aliás, se fosse secreto este escriba não saberia.

Chrisóstomo e Eyder vão para o banco dos réus em meados de setembro, quando a primavera chegar. Mas a estação não vai trazer flores para ornar o laranjal que plantaram. O processo vai levar meses se arrastando, certamente até o início de 2020, mas não há dúvidas quanto o veredito. Hoje o TSE cassou vereadores por repasse de cota feminina a candidatos homens. Esta é a 1ª decisão do TSE sobre o tema. Ministros deram duro recado e classificaram prática de 2ª geração de fraude, além de qualificar o crime de preenchimento da cota. A Ministra Rosa Weber também já se manifestou publicamente em relação ao tema, que promete dominar todo o processo eleitoral em 2020.
Enfim, o PSL tem tudo para tornar-se um mero arremedo de partido, se pessoas de coragem e do bem não derem fim a essa tropa de espertalhões que invadiram o partido em todo país, nas costas do comandante em chefe.