O MDB DE RONDÔNIA E A AUSÊNCIA DE DISCURSO

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O especialista em marketing político Carlos Figueiredo, em suas concorridas oficinas de formação de marqueteiros, afirma que uma eleição vitoriosa é composta de quatro elementos: a Agenda, os Recursos, o Discurso e as Estratégias. Segundo ele, os três primeiros elementos bem orquestrados pela Estratégia, resultariam invariavelmente em êxito.

Na sua visão a Agenda ia além das questões objetivas (reuniões, visitas, viagens, descanso), alcançando a pauta do debate eleitoral no espaço da disputa. Isto é, a agenda do candidato deveria incluir os temas de maior interesse da população, de modo que atraísse para si a atenção de todos, inclusive dos adversários.

Ainda segundo Figueiredo, os Recursos deveriam ser suficientes para atender as necessidades impostas para o cumprimento da Agenda, de modo que as Estratégias fossem operacionalizadas de modo efetivo – disseminando o Discurso do candidato em todos os lugares onde ele deveria chegar.

Para Figueiredo, o voto não é conquistado pela Agenda, nem pelos Recursos e, menos ainda, pelas Estratégias. Ele afirma de modo categórico que o voto é resultado do Discurso. Na sua visão, é o verbo que reflete o candidato e suas intenções – e, o mais importante, o seu comprometimento com elas. Essa combinação das duas variáveis – intenção e comprometimento – percebidas pelos eleitores é que os levam a escolher os seus candidatos.

Feito esse introito sobre a teoria do marketing eleitoral, e observando o cenário político do estado de Rondônia, é razoável formular a tese que se segue.

O Movimento Democrático Brasileiro – MDB (antigo PMDB) de Rondônia, ou parte dele definiu, já há algum tempo, o seu candidato a governador nas eleições deste ano. Para essa missão escalou o atual presidente da Assembleia Legislativa, Maurão de Carvalho. Este, pelo que se percebe, aceitou o desafio de forma inarredável, como se missão divina fosse e, por isso, da qual não poderia se furtar.

Dito isso, e não se considerando os conflitos internos que a escolha do seu nome produziu, é forçoso indagar: qual será o Discurso que a candidatura do partido verbalizará para convencer os eleitores a votar nela?

O discurso do novo e da renovação não cabe aqui, pois o deputado já está na política há mais de uma década, sendo presidente da Assembleia Legislativa mais de uma vez. O argumento da continuidade de um governo bem avaliado do seu partido (o do ex-governador Confúcio Moura) também já se faz obsoleto, uma vez que o atual governador Daniel Pereira já impôs a sua marca na administração que assumiu em abril e será candidato à reeleição. O eleitor, caso Maurão de Carvalho lance mão desse discurso, entenderá que o governador a ser sucedido será Pereira, que não é do seu partido.

Restará ao candidato Maurão de Carvalho construir o seu próprio discurso, a partir da sua vivência política, crenças e convicções que carrega consigo. Pela sua vivência, entretanto, não poderá recorrer ao discurso de grupo político forte que integra o MDB e seus satélites, pois isso é uma verdade incompleta. Visivelmente o partido sangra para manter um mínimo de unidade. Pela sua vivência, também não poderá recorrer a propostas inovadoras para o desenvolvimento do estado, já que se desconhece o modelo de desenvolvimento que defende; se para alguns, ou para todos. E, por fim, pelas suas crenças e convicções, terá dificuldades para fazer discurso para toda a sociedade – mesmo que, se eleito, seja obrigado a governar para todos, inclusive para as minorias com as quais não dialoga.

Dessa forma, se for verdadeira a teoria do professor Carlos Figueiredo, o candidato do MDB terá Agenda, Recursos, Estratégias… mas faltará o elemento essencial para obter os votos de que necessita.