NOBEL DA PAZ LANÇA, NO BRASIL, CAMPANHA GLOBAL PELO FIM DO TRABALHO INFANTIL

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Na manhã desta terça-feira, 13/06, na Comissão de Educação do Senado, Paulo Rocha entregou cópia do seu projeto de Lei que põe fim ao Trabalho Infantil, ao engenheiro indiano Kailash Satyarthi, Prêmio Nobel da Paz de 2014.

Para celebrar o Dia Mundial contra o Trabalho Infantil, celebrado, ontem, segunda-feira (12), o indiano Kailash Satyarthi, prêmio Nobel da Paz de 2014, lança na Comissão de Educação do Senado a campanha 100 Milhões por 100 Milhões, contra o trabalho infantil e toda forma de exclusão de crianças e adolescentes.

 

O objetivo é mobilizar 100 milhões de pessoas, estimulando especialmente os jovens, a lutar pelos direitos de crianças em situação de vulnerabilidade.

“O aspecto mais importante é que a campanha seja dirigida pelos jovens. Queremos engajar no mínimo 100 milhões de crianças e adolescentes que possam ser a voz das que são desfavorecidas. Então, a partir de internet, os jovens podem pedir aos governantes que invistam em educação e no desenvolvimento social. E, também, usar as mídias sociais para desafiar as empresas que usam o trabalho infantil na sua cadeia de produção”, disse, defendendo que é preciso investir em proteção e desenvolvimento social para as famílias, em saúde e educação.

 

Em todo o mundo, cerca de 168 milhões de crianças são obrigadas a trabalhar, sendo que 85 milhões delas estão envolvidas em trabalhos considerados perigosos.

Exibindo IMGS6349.JPGSegundo o senador Paulo Rocha (PT-PA), para enfrentar o trabalho infantil é preciso garantir uma política de assistência social que que traga renda às famílias, aliada a políticas adequadas de saúde e educação. “Para enfrentar o trabalho infantil de maneira estrutural é preciso enfrentar a crise econômica, garantindo politicas sociais, e não simplesmente cortar recursos da área social”, disse.

 

O aumento dos gastos em educação foi defendido pelo Prêmio Nobel da Paz, o indiano Kailash Satyarthy, como caminho para erradicar o trabalho infantil e a miséria no mundo. Kailash falou em audiência pública na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE), nesta terça-feira (13), no lançamento da Semana de Ação Mundial 2017, voltada para o combate ao trabalho infantil e para a defesa do direito à educação de crianças e adolescentes.

Kailash, ganhador do Nobel da Paz de 2014, criou, em 2016, a Campanha 100 Milhões por 100 Milhões, que busca mobilizar 100 milhões de pessoas, especialmente os jovens, a lutarem pelos direitos de 100 milhões de crianças que vivem na situação de trabalho infantil e sem acesso à educação. O ativista indiano lançou a campanha no Brasil nesta segunda-feira (12), com a coordenação da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.

 

De acordo com Kailash, a pobreza causa o trabalho infantil e o analfabetismo perpétuo. Ele chamou a atenção para a coincidência numérica do Brasil: há 2,7 milhões de crianças que trabalham e 2,5 milhões de crianças fora das escolas. Kailash citou casos de crianças que trabalham em minas; crianças que recebem armas em vez de brinquedos; crianças que trabalham com grãos de cacau, mas nunca provaram chocolate ou que colhem laranjas e nunca tomaram suco de laranja.

 

– Existe uma relação triangular entre pobreza, analfabetismo e o trabalho infantil. Eles são consequências uns dos outros. Temos que lidar com esses três problemas simultaneamente – disse.

O ativista disse ainda que nenhum país pode sair da pobreza sem investir em educação. Segundo Kailash, 60 milhões de crianças no mundo nunca foram à escola e que mais de 200 milhões deixaram a escola. Ele argumentou que a educação básica custa hoje US$ 22 milhões, o que representa 4,5% dos gastos globais com guerra e com armamentos. Ele citou estudo do Banco Mundial que mostra que se um país em desenvolvimento educa suas crianças, terá, em um ano de educação básica, um retorno de 0,7% do PIB.

 

– Não precisamos falar sobre pobreza. Precisamos falar sobre compaixão com nossas crianças. Precisamos falar sobre prioridades em relação ao futuro das nossas nações. Investimento em educação – afirmou.

Os participantes da audiência pública apontaram o crescimento do trabalho infantil no Brasil como consequência da crise econômica.

 

Tendência

 

No Brasil, 2,7 milhões de crianças e adolescentes brasileiros estão em situação de trabalho, com crescimento na população de 5 a 9 anos. Para o coordenador nacional da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, a faixa etária demostra uma tendência para o trabalho infantil, o que significa que, nos próximos anos, pode haver crescimento em outras faixas etárias.