Mutirão para cirurgias de catarata deve zerar a fila da regulação em Rondônia

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Neste fim de semana, a Sol Oftalmologia lotou com homens e mulheres em mutirão de cirurgias de catarata*. Até o final do mês, mais quatrocentas pessoas serão operadas no mutirão organizado pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesau).

Em parceria, clínica e Sesau constituíram uma equipe extra com estrutura para controlar a regulação da Policlínica Oswaldo Cruz (POC), informou o secretário Fernando Máximo. Ele acompanhou sábado (23) o governador coronel Marcos Rocha na visita a pacientes que aguardavam cirurgia e aos recém-operados.

No final do primeiro semestre, mais de 2,2 mil pessoas aguardavam na fila para conseguir a cirurgia. Segundo o sistema de regulação, os municípios que apresentam maior demanda reprimida em cirurgias de catarata são: Ariquemes, Cacoal, Jaru, Ji-Paraná, Porto Velho e Vilhena.

O único tratamento curativo da catarata é o cirúrgico, e consiste em substituir o cristalino opaco por prótese denominada lente intraocular. Em 2020 existirão no mundo 75 milhões de pessoas cegas e mais de 225 milhões de portadores de baixa visão. Noventa por cento dessas pessoas são habitantes de países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, caso do Brasil.

Apesar do avanço no tratamento da catarata nos últimos anos, globalmente ela representa a maior causa de cegueira no mundo, 47,8% dos casos.

CHEGOU A VEZ

Seis anos de visitas à POC marcaram a vida do aposentado Ricardo de Souza, 51 anos, de Porto Velho. “Sofri um tanto, ainda bem que agora a fila encurtou, sou muito grato por esta oportunidade”, disse.

Ao lado dele, aguardando a vez, Antônio Moreira Lopes, 69, paulista de Anhumas, outro aposentado, conta que esperou mais de um ano pela oportunidade. Conduzido pela esposa, Linda Maria Alves, 67, ele veio de Alto Paraíso, distante cerca de 200 quilômetros da Capital. “Pela graça de Deus, chegou a minha vez de receber esse presente; estou muito satisfeito com o atendimento que recebi”, comentou. O casal hospedou-se na Casa de Apoio da Igreja Congregação Cristã no Brasil.

Ao lado do coordenador do mutirão, médico oftalmologista Renato Veloso, e de sua filha oftalmologista Karina Veloso, o governador elogiou “a parceria de ouro” com a clínica. “Meu tio era cego dos dois olhos e foi grande a sua emoção ao ter a visão restabelecida”, contou o governador Marcos Rocha.

Karina informou que a equipe irá operar um paciente surdo-mudo e com catarata total. “Por não sabermos ainda qual será a reação dele, vamos utilizar anestesia geral”, disse.

A rotina de dezenas de pacientes do interior do Estado é semelhante à desses senhores. A maioria conduzida por parentes encontra abrigo em casas de apoio ou de familiares.

O paciente fica bem amparado com três acompanhamentos pós-operatórios: o retorno imediato 24h depois da cirurgia; outro aos três dias, e outro aos 30, fechando o ciclo.

Ao receber a clientela desde quinta-feira passada, o oftalmologista Renato Veloso conheceu pessoas cujos problemas ultrapassam o limite da fila: “Alguns tiveram complicações, ficaram sequelados”, observou.

A equipe médica adota diversos procedimentos, inclusive cardiológicos, higieniza o paciente, troca sua roupa e dilata a sua pupila para a cirurgia. Até sábado, quinhentas pessoas se submeteram à cirurgia planejada com antecedência.

“A cirurgia é feita com alta tecnologia, o equipamento é americano; se o (presidente) Trump fosse operar hoje, seria com equipamento igual ao que temos aqui”, explicou Veloso.

m rápidas palavras nas salas visitadas, o governador Marcos Rocha reafirmou o projeto de construção do novo hospital de Porto Velho, com todas as especialidades. Segundo ele, a compra de equipamentos cirúrgicos já dispõe de R$ 50 milhões a serem liberados pelo Tribunal de Contas do Estado.

O governador elogiou a equipe médica a serviço do mutirão, sob aplausos. “O que importa é que todos estejam enxergando bem”, disse.

As cirurgias também serão feitas nos municípios de Ariquemes, Jaru e região Nova Madeira-Mamoré. “Vamos zerar a fila”, garantiu o secretário Fernando Máximo.

TRÊS CLASSIFICAÇÕES

Existem três classificações para a catarta: congênita, presente ao nascimento, a secundária, que aparece secundariamente, devido a fatores variados, tanto oculares como sistêmicos, e há a catarata senil, decorrente de alterações bioquímicas relacionadas à idade. Aproximadamente 85% das cataratas são classificadas como senis, com maior incidência na população acima de 50 anos.

Nesses casos, não é considerada uma doença, mas um processo normal de envelhecimento. O tratamento clínico, como a prescrição de óculos, tem efeito transitório e o farmacológico, através de medicamentos ainda não há efeito comprovado. A cirurgia, portanto, é a única opção para recuperação da capacidade visual do portador de catarata senil.

A cirurgia de catarata, associada à implantação de lente intraocular, constitui um procedimento de tecnologia sofisticada bastante seguro e eficaz, proporcionando, na grande maioria dos casos, a reabilitação visual. Portanto, até o momento, não existe tratamento clínico de comprovada eficácia para a catarata e o único meio eficaz existente é a extração cirúrgica, que pode ser através das principais técnicas: intracapsular (sendo necessário o uso de lentes corretoras), extracapsular manual do cristalino (EECP) e facoemulsificação (Faco).

A cirurgia de catarata com implante de lente intraocular (LIO) é um dos procedimentos cirúrgicos oftalmológicos mais realizados no mundo. Na maioria dos países desenvolvidos, a Faco é a técnica mais utilizada, devido à possibilidade de rápida recuperação visual e ao reduzido índice de complicações intraoperatórias.

Catarata é uma opacidade do cristalino (lente natural do olho). Para pessoas que têm catarata tem a visão nublada, como se olhassem por uma janela embaçada ou enevoada. Essa visão nublada pode tornar mais difíceis tarefas como ler, dirigir um carro ou interpretar a expressão das pessoas. 

Fonte: Secom