Monitoramento identifica crescimento da variante Delta em Rondônia

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De agosto de 2021 até o presente momento, foram sequenciadas 310 amostras de indivíduos infectados pelo SARS-CoV-2, oriundas de mais de 40 municípios do Estado de Rondônia. Dessas, 51,61% foram caracterizadas como variante Delta e 48,38% como variante Gamma. O estudo realizado pela Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz-RO)  mostra também a presença das subvariantes da Gamma como: P.1.4; P.1.7; P.1.14; P.1.11 e P.1.12 e subvariantes de Delta como: AY.43; B.1.617.2; AY.4 e AY.39.

Dados epidemiológicos deste estudo mostram que a faixa etária com maior prevalência entre os infectados foi de 21 a 50 anos, com um percentual de 60,64%. De acordo com Deusilene Vieira, chefe do Laboratório de Virologia Molecular da Fiocruz Rondônia, no estudo foi identificado que 106 indivíduos infectados pelo SARS-CoV-2 desenvolveram quadros moderado e grave da doença, necessitando de internação hospitalar. Desses, 80,35% não eram imunizados ou imunizados parcialmente.

A pesquisa também comprovou que, no grupo composto por indivíduos não hospitalizados, 65,80% dos infectados foram imunizados com as duas doses da vacina, e desenvolveram quadro leve da doença, o que para os pesquisadores representa claramente os efeitos positivos da vacinação. “Uma forma segura e efetiva para a não evolução da doença para os casos moderados e graves de covid-19”, reforçou Deusilene Vieira.

O estudo é realizado pelo Laboratório de Virologia Molecular da Fiocruz Rondônia em colaboração com a Rede de Vigilância Genômica da Fiocruz, Laboratório Central de Saúde Pública de Rondônia (Lacen) e o Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD – Fiocruz Amazônia). Os resultados são sistematizados e enviados mensalmente à Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), para o acompanhamento das variantes circulantes na região, favorecendo a adoção de medidas sanitárias adequadas em diferentes momentos da pandemia.

NÃO VACINADOS

Alguns aspectos precisam ser analisados em relação à pandemia em Rondônia. Para Juan Miguel Villalobos-Salcedo, médico infectologista e pesquisador em Saúde Pública da Fiocruz Rondônia, é fundamental destacar que, até o momento, mais de 40% da população, a ser imunizada em Rondônia, não completou o quadro vacinal com as duas doses, e o número de pessoas que receberam o reforço é ainda menor.

Estar vacinado não significa “estar imune ao vírus”, e pessoas vacinadas, que foram contaminadas, também transmitem a doença. O pesquisador alerta para o fato de que é preciso diferenciar “infectados” e “doentes”; segundo ele, pessoas infectadas podem possuir o vírus causador da covid-19 na mucosa respiratória, enquanto o doente em geral já estaria com o vírus em plena circulação no organismo, atingindo outros órgãos internos, como o pulmão, por exemplo, ocasionando no indivíduo manifestações de cansaço, “falta de oxigênio”, dentre outros sintomas mais severos.

Por isso, é necessário não perder de vista “que uma pessoa vacinada, em contato com o vírus SARS-CoV-2, em geral, irá desenvolver um quadro assintomático ou muito leve não necessitando de internação, ao contrário de pessoas não imunizadas que, uma vez infectadas, vão produzir sintomas muito mais graves”, completa Juan Miguel Villalobos- Salcedo.

MAIS TRANSMISSÍVEL 

O entendimento de que a variante Delta é mais transmissível é consenso na comunidade científica. Dhélio Batista Pereira, diretor clínico do Centro de Pesquisa em Medicina Tropical de Rondônia (Cepem), enfatiza que até meados de setembro deste ano, a variante predominante em Rondônia era a P.1 (inicialmente descoberta no Amazonas). “Hoje, por meio de estudos de monitoramento e sequenciamento que são realizados no Estado, é possível dizer que, a partir de setembro deste ano, a variante Delta segue predominando em Rondônia, o que acende um alerta para a alta transmissibilidade do vírus e a importância da vacinação completa”, pontuou o pesquisador.

Ainda segundo ele, atualmente, a maioria dos quadros de internação por covid-19, no país, é provocada por indivíduos infectados que não foram imunizados.

Neste cenário, em que aproximadamente 100 mil pessoas aptas à tomarem a 2ª dose em Porto Velho, não retornaram para completar o quadro vacinal, a virologista Deusilene Vieira, à frente de estudos relacionados à covid-19 na Fiocruz Rondônia, avalia como necessário o envolvimento da população com as questões que envolvem o combate à pandemia, e destacou que: “o uso de máscaras tem se mantido como um forte aliado na proteção individual contra o novo coranavírus”.

Deusilene também chamou a atenção para o alto número de não vacinados e vacinados parcialmente em Rondônia. De acordo com a pesquisadora, existe um grande esforço em mobilizações e iniciativas para amenizar os impactos da pandemia na vida da população, “mas os resultados almejados só poderão ser alcançados quando houver, de fato, a conscientização e a participação de todos, sem distinção”, finaliza.

Fonte: Secom