Lula convoca para um ano novo de lutas: “Precisamos nos rebelar”

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu um 2020 de lutas contra o que considera retrocessos do governo de Jair Bolsonaro (sem partido). “Vou brigar até restabelecer a democracia no Brasil”, disse ele em entrevista ao canal venezuelano Telesur, transmitida pela TV Comunitária de Brasília na noite de sexta-feira (27). As informações são da Metrópoles. 

“Bolsonaro está ameaçando todos os dias. Ameaça os negros, ameaça os sem terra, ameaça os artistas… Todo mundo que não concorda com ele, vira inimigo”, afirmou o ex-presidente. “E há uma novidade no país: é um governo ligado a miliciano. Pessoas que fazem justiça com as próprias mãos e isso não podemos aceitar”, continuou ele, citando ainda o que considera demora nas investigações do caso de Fabrício Queiroz, ex-assessor do hoje senador Flávio Bolsonaro (sem partido), e do assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol-RJ).

Apesar dos ataques, Lula afirmou que não “torce contra” o governo do adversário político. “Não torço pelo fracasso porque, quando um governo fracassa, quem sofre mais é o povo pobre”, avaliou. “Por isso, o seu Bolsonaro tem que ter compromisso moral de cumprir a Constituição e fazer que povo toma café, almoce, coma todo santo dia”, pediu ainda.

Lula, que está livre graças à decisão do Supremo Tribunal Federal que acabou com a obrigatoriedade de prisão após condenação em segunda instância, disse que, no ano que vem, pretende viajar por todo o Brasil para fazer política.

“Nos precisamos nos rebelar, os democratas do continente”, disse o ex-presidente. “O que acontece na América Latina é uma tentativa de destruir o que conquistamos com os governos progressistas”, reclamou ainda, citando os casos da Bolívia, onde seu amigo Evo Morales renunciou, e do Uruguai, onde a frente de esquerda foi derrotada.

“Melhor notícia”

O ex-presidente brasileiro não acha, porém, que só haja notícia negativas no continente. Ele comemorou a eleição de Alberto Fernández para a presidência da Argentina. “Junto com a eleição de Lopez Obrador no México, foi a melhor notícia que tivemos nos últimos anos na América Latina, um alento. Espero que [Fernández] consiga fazer um bom governo”

Como a entrevista era a um veículo venezuelano, Lula falou bastante do país vizinho e acusou os Estados Unidos de estarem por trás dos problemas enfrentados pela gestão de Nicolás Maduro. “As acusações que fazem contra a Venezuela… Você pode até discordar, mas somente o povo tem direito de colocar ou tirar presidente, pela via democrática”, afirmou. “Se tem erro na economia, se tem erro na política, é o povo que vai ajudar a resolver, não os Estados Unidos”, completou.

Ataques à Lava Jato

O ex-presidente aproveitou a entrevista para voltar a criticar a operação Lava Jato e o ex-juiz federal Sergio Moro, atual ministro da Justiça. “Eu virei um sonho de desejo para o Ministério Público, porque acho que eles não se conformaram com o sucesso do nosso governo”, disse.

“Aos poucos o meu processo judicial vai ficando desacreditado perante a opinião pública. Pessoas que se comportam como marginais, como o juiz Moro, eu não posso respeitar”, atacou