Investigado na Lava Jato, Raupp perde espaço no PMDB

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Insatisfeito com perda de posto para Jucá, senador de Rondônia vai atuar para ficar com presidência de fundação
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Vice-presidente do PMDB e investigado na Lava Jato, o senador Valdir Raupp está decepcionado com Michel Temer por escanteá-lo da chapa que tenta formar para ser reeleito para o comando do partido, em março. Raupp ficará menos aborrecido se puder comandar a fundação da legenda, a Ulysses Guimarães. Raupp se encontra com Temer e com Renan Calheiros nesta semana para dizer que não quer ficar sem espaço.

O vice-presidente e presidente do PMDB, Michel Temer, afirmou ao senador Valdir Raupp (PMDB-RO) que, se houver um entendimento entre as alas do partido, poderia se reeleger só mais uma vez para a presidência da legenda. Segundo Raupp, que é atual 1º vice-presidente do partido, Temer reafirmou, em conversa na sexta-feira, 15, que deseja trabalhar pela unidade do PMDB. Quer evitar, assim, que o grupo liderado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), lance um outro candidato na disputa pela presidência do partido, na convenção nacional marcada para março.

Raupp sugeriu a Temer que o mandato de presidente do partido seja de dois anos, com direito a uma reeleição por igual período. Pelo estatuto atual, o mandato é de dois anos, podendo ser prorrogado por mais um, sem limites para reeleição. O atual presidente do PMDB, segundo Raupp, interessou-se pela ideia de alterar a regra e acenou com a possibilidade de ficar no cargo só por mais um mandato. Dessa forma, abriria espaço para que, em 2018, ano em que ocorrerá nova eleição presidencial, o partido venha a ser comandado por um novo dirigente – Temer está na presidência da legenda desde 2001.

O senador do PMDB disse ao presidente do partido que também espera por um entendimento com Renan. Raupp afirmou que iria consultar Renan, o líder do PMDB do Senado, Eunício Oliveira (CE), e o senador Romero Jucá (PMDB-RR) sobre a possibilidade de composição da chapa, tendo em vista um acordo para daqui a dois anos. “O partido é um só e precisa ser um só”, disse Raupp ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

Raupp disse não ter tratado ainda com Jucá quem ficará na 1ª vice-presidência do partido, caso haja um acordo e o grupo de Renan abra mão de lançar uma chapa para a Executiva do PMDB. Raupp já disse ter interesse em permanecer no cargo – e reafirmou isso em conversa com Temer na sexta-feira. Renan e outros aliados, contudo, preferem Jucá, que atualmente está na 3ª vice-presidência da legenda. Raupp sinalizou que trabalhará por um acordo com o colega de bancada. “Vamos conversar, nada ainda está fechado”, afirmou.

Na semana passada, o recente avanço das investigações da Operação Lava Jato contra o presidente do Senado fez com que aliados dele admitissem, reservadamente, que Renan havia se enfraquecido para levar adiante o plano de vencer Temer na convenção do partido. Por isso, o grupo do presidente do Senado começou a cogitar um acerto com o atual presidente do PMDB para uma próxima direção partidária em que Jucá – e não Raupp – assumisse a 1ª vice-presidência do partido.