Integração Lavoura-Pecuária-Floresta já é realidade em Rondônia e reanima produtores

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Evandro Padovani: " não é preciso mais desmatar no estado para produzir mais"
Evandro Padovani: ” não é preciso mais desmatar no estado para produzir mais”

“Eu quero é ter três safras na minha propriedade sem agredir a natureza”, com esta afirmação o produtor Josefar Silva, de Porto Velho (RO), quer iniciar a integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) em sua área, com vacas de leite, produção agrícola e utilizar a floresta sem agredi-la, como ele mesmo diz. E isso é possível. Com a adoção da ILPF o produtor poderá aumentar a eficiência da sua propriedade através da diversificação, aumento da produtividade, otimização dos recursos e consequentemente aumento da sua renda. “A Integração Lavoura- Pecuária-Floresta é a agricultura do Futuro”, destacou o chefe-geral da Embrapa Rondônia, César Teixeira.

Este sistema proporciona uma série de benefícios, como a diversificação na produção da propriedade; redução no custo de formação das pastagens pela melhoria das condições do solo e renda com as culturas anuais; diminuição do risco de perda de renda do produtor, pois sua produtividade aumenta e não fica dependente de apenas um produto; maior conservação do solo e, consequentemente, redução de perdas com erosão e menor impacto ambiental; melhor aproveitamento da propriedade rural, e o mais importante, reduz a pressão sobre a floresta Amazônica.

Estas e outras informações importantes sobre este sistema foram apresentadas ao senhor Josefar e aos quase 100 produtores, técnicos, empresários do agronegócio, autoridades e estudantes durante o Dia de Campo de ILPF, que aconteceu dia 12 de novembro em Porto Velho. Os participantes puderam ver de perto um modelo de ILPF implantado, tirar dúvidas com os pesquisadores e conhecer mais sobre a importância do conforto animal, da recuperação e manejo de pastagem, da inserção do componente florestal no sistema, do Sistema de Plantio Direto e das linhas de crédito rural disponíveis.

O secretário de Agricultura de Rondônia, Evandro Padovani, participou do dia de campo e foi enfático em dizer que não é preciso mais desmatar no estado para produzir mais. “Nós temos tecnologias de ponta com as pesquisas da Embrapa e suporte no campo com a assistência da Emater e outros órgãos particulares que levam estas tecnologias ao produtor rural. Existem também linhas de crédito para facilitar o acesso e a adoção pelos produtores, assim como maior facilidade agora ao calcário, fundamental para agricultura. O governo trabalha no sentido de incentivar o produtor rural a produzir mais sem desmatar”, afirma o secretário.

As linhas de crédito chamaram a atenção do público. Isso porque há uma financiamentos específicos para a utilização em projetos de ILPF que estão disponíveis aos produtores e estão sendo pouco utilizadas em Rondônia. De acordo com o representante do Banco do Brasil no evento, Ygor Jacometi, trata-se da linha de crédito do Programa ABC, que em quatro anos no estado liberou, em média, 17 milhões por ano, sendo 90% para a recuperação da pastagem. “Isso é pouco, temos disponibilidade de recursos que não estão sendo solicitados, os produtores têm procurado pouco. Mas esta demanda tende a crescer, pois a recuperação de áreas com a integração é uma necessidade no estado”, relata.

A ILPF e a recuperação de áreas de gradadas em RO

Estima-se que 70% das áreas de pastagem do estado de Rondônia estão com algum grau de degradação e uma das alternativas para a reforma, recuperação ou renovação de pastagens é por meio do sistema de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), ou suas variantes, como a que vem sendo adotada em Rondônia em diversas regiões, a integração lavoura-pecuária. “A ILPF é uma tecnologia que poderá contribuir significativamente para uma agropecuária forte e sustentável, tornando o estado referência na região Amazônica”, ressalta o Chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Rondônia, Frederico Botelho.

A Integração Lavoura-Pecuária (ILP) está se fortalecendo em Rondônia, segundo o pesquisador da Embrapa Rondônia, Vicente Godinho.  Os pecuaristas que colocaram a lavoura nas áreas de pastagem degradada diminuíram a área de pasto e aumentaram o rebanho, com o aumento da capacidade de suporte da área que foi recuperada com a integração Lavoura-Pecuária e estes produtores acabam servindo de modelo para outros que veem os resultados e acabam adotando também o sistema ILP. “A depender da maneira de condução desta integração e do foco do produtor (lavoura ou pecuária) ele pode aumentar de um animal por hectare para até oito”, conta o pesquisador.

De acordo com Godinho, o componente florestal no sistema ILPF ainda é modesto em Rondônia, mas no futuro ele acredita que a floresta plantada deverá ser  utilizada na recomposição do passivo florestal. “A recomposição é cara e a forma de o produtor fazer isso é iniciar com um componente de valor comercial no mercado, utilizando a ILPF”. O pesquisador explica que nos primeiros ciclos o produtor pode utilizar um componente florestal que tenha interesse comercial e depois, na sucessão, pode recompor conforme as demandas legais do Código Florestal. “Assim o produtor consegue cumprir a Lei sem grandes prejuízos, podendo ainda ter renda”, conclui.

O Plano ABC e a ILPF

O Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura – Plano ABC – é um dos planos setoriais elaborados de acordo com o artigo 3° do Decreto n° 7.390/2010 e tem por finalidade a organização e o planejamento das ações a serem realizadas para a adoção das tecnologias de produção sustentáveis, selecionadas com o objetivo de responder aos compromissos de redução de emissão de Gases de Efeito Estufa no setor agropecuário assumidos pelo país.

O Plano é composto por sete programas, entre eles a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta que, juntamente com os sistemas agroflorestais (SAFs) contribuem para a recuperação de áreas degradadas, manutenção e reconstituição da cobertura florestal. As árvores presentes são grandes fixadores de carbono, o que reduz e neutraliza as emissões de gases de efeito estufa da produção.

Renata Silva /Embrapa Rondônia